terça-feira, julho 31, 2007

Sessão da Tarde à noite!


Minha vida de Antoine

Todo mundo precisa de uma sessão da tarde. Hoje, diante de uma situação extrema, impedido pelo trabalho de ter minha sessão da tarde à tarde, resolvi fazer uma sessão da tarde à noite. A princípio seria depois do Jornal Nacional. No entanto, eu estava vendo as notícias e elas me pareciam velhas. Adiantei o horário e às 8:30 entrou no ar, aqui no apartamento 801 a sessão da tarde.

Comida na mão, edredon no colo, telefones afastados, volume ajustado (não tenho nenhum controle remoto, exceto o do dvd que é a coisa mais moderna dentro desta casa). Assisti a um filme incrível, leve, engraçado, inteligente, uma ótima sessão da tarde.

O filme foi Beijos Roubados (Baisers volés). Uma história fantástica. Só nos extras fui saber que era parte de uma seqüência de filmes com um personagem que é o alter ego de Truffaut; Caramba, me identifiquei demais com Antoine, ele é meio confuso, incompetente, inseguro, não adaptado ao trabalho, e com todas estas coisas ruins que descrevi dele, ao mesmo tempo ele é totalmente humano. Indulgência aos comportamentos humanos!

Por pouco, ao fim do filme, não comprei no Submarino Domicilio Conjugal. Resolvi esperar que o filme chegue na locadora.

Moral da História

Adoro filmes sem moral da história. No entanto, a moral da história é que para que alguma coisa seja boa não precisa vir acompanhada de uma profundidade obscura.

A segunda conclusão é que graças a Deus minha terapeuta volta de férias amanhã e eu pretendo viver numa sessão da tarde!


sexta-feira, julho 27, 2007

Hoje acordei meio Revolucionário!

Recursos Hídricos

Diante do marasmo do trabalho, do marasmo da novela das 8, do frio, de acompanhar o Hugo indo e vindo de concursos públicos; tomei uma decisão radical: vou prestar um concurso! O que me chamou a atenção foi um concurso para a Empresa de Pesquisa Energética. Há um cadastro de reserva para Analista de Pesquisa Energética Junior – Meio Ambiente/Recursos Hídricos cujo conteúdo da prova é exatamente as matérias que eu mais gostei na faculdade!

Ok, o salário é menor, a vaga é no Rio, e pra piorar é um cadastro de reserva, não existe garantia de vaga. Mas o simples de fato de me inscrever e começar a estudar me deu um ânimo tão grande que não consigo mais dormir sem olhar algum manual de estudo energético. Meus livros e apostilas estão em Jundiaí, só vou buscá-los no próximo fim-de-semana, no entanto, o pouco material que tenho aqui já me satisfaz bastante.

Talvez seja a maior contradição do mundo uma pessoa tão esquecida, tão descontrolada como eu gostar de planejamento, mas como eu gosto desta coisa de planejar estudo, controlar dados, verificar, séries históricas, modelos. Nunca vou esquecer um curso que fiz de Estudos de Enchentes onde manejamos uma montanha de dados para conseguir um simples dado de vazão máxima (aliás, um dos tópicos da prova).

Sendo assim, redescobri um prazer que estava a muito tempo adormecido, estudar. Não sei se vou passar, sou péssimo de memorização e não trabalho sob pressão, mas o fato de estar num rumo, já está me fazendo bem!

Non ducor, duco!

Pra quem já utilizou “não sou eu quem me navego, quem me navega é o mar” para preencher o quadrinho de “quem sou eu” no orkut; colocar algo como “non ducor, duco” é um grande passo. Acho que cansei um pouco de ser conduzido, preciso conduzir um pouco.

Um parêntesis

Engraçado, mas todas essas leis de regulação são assinadas pelo Fernando Henrique Cardoso. Talvez corrobore a minha tese que ele regulamentou o Estado Brasileiro. Talvez pela formação de engenheiro, talvez pelo tecnicismo, não consigo vê-las como leis autoritárias (estou falando aqui da Lei do Plano Nacional de Recursos Hídricos), consigo ver o tal dos interesses difusos coletivos e individuais representados dentro dos órgãos do Sistema Nacional de Recursos Hídricos pelas organizações civis. Talvez, essas organizações sejam muito técnicas e pouco populares. Mas a ação política (regulada pelas diretrizes do SNRH) cabe ao poder executivo, eleito pela maioria da população. As organizações como tais, representantes do interesses difusos coletivos e o Ministério Público, podem contrabalancear a ação do poder executivo.

No entanto, me peguei pensando agora, será que o movimento dos desalojados pelas barragens faz parte do conselho? Se não, cabe ao Ministério Público representá-los. Assim eu espero! Para não acabar com minha crença na lei!

Lei Trípoli

Talvez por ignorância, quando estava fazendo o parêntesis acima lembrei-me da Lei Trípoli que todo mundo fala muito mal, que a chamavam fascista, mas que achei a Lei interessante, plural e democrática a ponto de quase votar no Ricardo Trípoli nestas eleições. Ok, depois descobri outras pressões da SMA sobre alguns licenciamentos que acabaram com a mágica, mas acho que quando a lei é boa, já é um começo.

Queria ser um interesse difuso coletivo!

Adoro esse termo. Me lembra Emília Rutkowsky (a professora mais picareta que já conheci), Alain Tourine, lembra Lei Trípoli, Resíduos, Ciesp. Estava numa fase tão boa da minha vida quando fiz Ecologia! Apaixonei-me pelo Gabeira (principalmente depois de ler O Crepúsculo do Macho), conheci Cidades Invisíveis, comi muito no Gatti. Depois de tudo isso fui pra Argentina. Não que a Emília tenha feito alguma diferença nisso tudo, mas foi um símbolo!

quarta-feira, julho 25, 2007

E agora?

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

(...)

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Relaxa José! (by Maurício)

Contribuição para um dia de trabalho!

segunda-feira, julho 23, 2007

Uma visão política

Social Democrata??

A princípio, como princípio, considero-me um social democrata. Aquilo que Marx considera no 18 Brumário de Luís Bonaparte, como a tentativa de aliar dois componentes antagônicos do capitalismo moderno, capital e trabalho. Essa tentativa de aliar estes componentes se daria dentro da democracia burguesa, democracia parlamentar de voto direto, que uma vez criada dentro da ideologia burguesa impediria que esse equilíbrio fosse alcançado. Também existiria o fato da lógica do capital ser a exploração do trabalho assalariado, de tal forma que o equilíbrio desta forma seria impossível, uma vez que seria impossível desta forma estimular o trabalho per se, dentro de um regime capitalista.

No entanto, a própria lógica do capitalismo fez surgir novas diferenciações além da dicotomia capital x trabalho. Nesta lógica de diferenciação, surgiram outros interesses, que mais do que um problema da burguesia, atravessam a sociedade como um todo, como as questões de gênero, de raça, da ecologia; que também devem ser equilibradas dentro de uma concepção de Estado.

Acredito então que um Estado social democrata poderia ser uma espécie de indutor de um Estado revolucionário, a partir da experiência única de dar voz a outros participantes da nossa sociedade capitalista.

Desta forma um Estado social democrata deveria equilibrar entre as duas tendências, capital e trabalho, ora não restringindo a lógica do capital, ora preservando e estimulando o trabalho assalariado, da mesma forma que desse eco a todos os interesses difusos da sociedade moderna, que diferenciou-se muito além do capital e do trabalho, permitindo assim a acomodação das discussões sobre gênero, raça e ecologia.

Na busca deste equilíbrio, a construção da social democracia passa necessariamente na construção da democracia, garantindo a todos os atores sua representação, não só de forma parlamentar, mas também como democracia direta e participação na administração dos equipamentos do Estado. Neste contexto, formas como as plenárias setoriais (da Saúde, da Educação, da Assistência Social, do Orçamento Participativo) com sua representação plural do Estado, sindicatos patronais e de trabalhadores, além da própria sociedade; bem como formas de democracia direta, com plebiscitos e referendos; seria uma forma de conseguir estimular a participação de todos os interesses difusos da sociedade e ser um contrapeso a lógica do capital.

Existe aqui o problema da ideologia, uma vez que a própria base individual da sociedade é mais um ponto a favor para que o Capital seja privilegiado nesta balança de interesses. Acredito, porém, que o próprio surgimento de questões que atravessam todas as classes sociais, podem fazer surgir uma quebra na estrutura ideológica do capitalismo, do indivíduo, da eficiência, fazendo necessária uma abordagem coletiva destes problemas. Um exemplo que eu acho fantástico destas abordagens foi a recente entrega de título de propriedade a duas lésbicas num assentamento de reforma agrária. Um problema de uma minoria sexual associado com um problema estrutural de classe.

Mas para que o Estado seja capaz de absorver essas atribuições, cabe a ele se fundamentar como Estado, estimular assim a dominação legal, desestimulando as outras formas de dominação, como o carisma e a tradição. Não necessariamente com a construção de uma burocracia que seja uma elite, mas sim com uma burocracia que seja capaz de reproduzir em ações as ações necessárias para reproduzir a necessidade dos interesses difusos.

Portanto meu Estado ideal é um Estado participativo que consegue representar todos os interesses de todas as pessoas que o compõe, mas que ao mesmo tempo em que seja permeável, e que dê o peso a todos, seja um Estado que consiga se impor como tal.

E o governo FHC??

Bem, embora o lado trabalho tenha sido bem prejudicado em relação ao capital (aumento da informalidade, desprestígio dos funcionários públicos), me agrada a idéia de algumas regras para ação do Estado. Acho que o Estado brasileiro é muito mais formal, com instrumentos para ação hoje, que em 1994. Cabe aí, talvez com a possibilidade de olharmos pela lupa, a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas também o Estatuto das Cidades, a criação das Agências, onde o estatal se dissolve no público.

Privatização

Não acho esse assunto tão relevante. Mas entre uma casta que usufrua da estatal e uma empresa regulada por uma agência que funcione, prefiro a segunda.

Universidade Pública

Neste ponto eu acho que estou muito mais próximo da União Cívica Radical do que qualquer outro partido. Acredito realmente que a educação deve ser pública e laica, em todos os níveis. Acho que somente sobre a tutela do Estado pode-se criar uma consciência democrática. Para mim, a questão da universidade pública aqui, deve ter uma solução argentina. Deveríamos simplesmente abrir a universidade a todos. Ela sim é uma porta para inclusão, para a formação de uma consciência crítica da sociedade, e para criar quadros para a burocracia necessária para este Estado operacional. Mas não vai cair a qualidade? Bem, que pensemos soluções, não problemas!

Fim de uma era?

Acho que tanto o governo Lula quanto o Alckmin (e sua origem, Quércia) representam um retrocesso numa tentativa de sistematizar o Estado. Invocam muito mais o carisma, investem contra o parlamento. Para mim, ambos tem uma visão desenvolvimentista que é próxima ao Malufismo, com a vantagem para Lula, que está expandindo a universidade pública e com as bolsas-família que para o bem ou para o mal estão fazendo um papel de inclusão.

Eleições 2008

Não tenho idéia em quem vou votar ano que vem, não tenho nem idéia de onde vou votar na próxima eleição. Embora tenha feito uma ode ao tucanato, não penso em votar no PSDB por não me sentir representado. Emanuel Fernandes? Ary Fossen? Está faltando um pouco mais de José Serra neste partido. É bem provável que vote no PV, repetindo meu voto em 2004. Voto sem base popular, com pouca chance de vitória.

domingo, julho 15, 2007

Eu e o Romantismo


Mostras de um Renato Romântico e não tão romântico.


Acho que sempre quis ser identificado numa tribo. Talvez o fato de me reinventar muitas vezes, rompendo alguns destinos já bem traçados dos meus grupos anteriores, fez com que eu idealizasse as pessoas que se intitulavam punks, esportistas, comunistas, esquerdistas, hippies, diretoria e outros.

O mais próximo de um adjetivo que pudesse me completar talvez seja Romântico. Um Romântico até não muito romântico, mas ainda sim um Romântico. Numa viagem da Luísa ela achou essa definição e sempre que eu vejo grupos em ação, lembro-me dela.

Claro que as definições são limitadoras e que um indivíduo não é assim tão limitado como a própria definição. Mas existem categorias que acabam se encaixando tanto nos pensamentos e palavras, atos e omissões. Moderno, Romântico, não que não possa ser alguma coisa disso tudo, mas que talvez reaja de uma maneira muito mais Romântica.

Estou falando aqui daquele Romantismo da valorização do sentimento, das emoções, da interpretação subjetiva da realidade, que quando a realidade não o segue na sua interpretação subjetiva foge. E aí ele foge para uma sociedade ideal, para um mundo distante, para infância, para o amor ideal (graças a Deus eu fujo da fuga pela morte!).

Como não chamar Romântico alguém que foi a Buenos Aires e encontrou nesta cidade a mesma cidade que Gardel cantava? Ou que escuta Amália Rodrigues quando decide sofrer?

Acredito que o Serra é o nosso De Gaulle. Imagino o tipo-ideal de mulher brasileira como a Marina. Acho que o parlamento é formado por grandes políticos como o Gabeira, a Erundina, que ficam em segundo plano por poucos picaretas. Defendo o aborto como quem defende a modernidade. Vejo o mundo com olhos de Aurélia, e em sociedade tento ser Fernando Seixas. Quando perco o ônibus lembro de Cinco Minutos. Acredito até em social democracia como maior conquista de uma bourgeoise da qual me imagino filho e da qual não me sinto parte.

Neste cenário, como não tomar um drink em São Paulo com Maurice para esquecer destas contradições? Como não ir a Campinas para comemorar um aniversário com o Hugo? Como não conversar sobre cidades com o James? Oras. É fuga, é Romântica e me é comum!

Até na crítica eu me sinto representado. Luísa, Madame Bovary, Conselheiro Acácio, Carlos Eduardo da Maia. Todos eles me representam tão bem como Lucíola, Eurico, Eugênio, Simão Botelho.

Oxalá essa história de o indivíduo refazer por si só todos os passos da sua civilização seja verdadeiro e que eu chegue ainda antes dos 30 no Realismo, de maneira e me manter um pouco mais sereno e não odiar tanto a segunda-feira por lembrar que tenho que voltar a trabalhar.

quarta-feira, julho 11, 2007

Sindicalização, sim ou não?


Quatro vezes por ano eu tenho que fazer incríveis discursos por uma postura que até o momento, acredito eu, seja uma postura ideológica.

A questão é a seguinte: além da contribuição compulsória sindical que nos toma um dia dos nossos salários todo mês de março, o sindicato dos vidreiros cobra dos seus filiados uma contribuição mensal de alguns caraminguás (que não são lá tão caraminguás assim). Para que você não pague os tais caraminguás você deve entregar quatro cartas durante o ano denunciando a convenção coletiva do sindicato (caso contrário lhe tungam mais 1 dia do seu trabalho).

Na minha opinião, a questão é muito simples e de foro íntimo, no entanto... Se não fosse uma lei fascista baseada numa lei do Mussolini que obriga todos os trabalhadores a ser sindicalizado baseado numa distribuição de classes e lugares (por exemplo, Sindicato dos Vidreiros do Vale do Paraíba), todos estariam fora do sindicato e se sindicalizariam voluntariamente. No entanto, a lei subverte a voluntariedade do ato e obriga os que não querem, a escrever cartas ao sindicato sinalizando sua vontade de não ser sindicalizado.

Aí vem a palhaçada. Hoje e amanhã são os dias de entregarem as tais cartas no sindicato. Cria-se uma celeuma absurda em torno da ida ao sindicato. A fábrica, vestida em pele de cordeiro, estimula (em segredo, de uma maneira não muito discreta, diga-se de passagem) que os funcionários entreguem as malditas cartas. Grupos se reúnem para almoçarem fora e passar no sindicato. A vida floresce no escritório. Esquemas de carona se armam. A grande maioria entrega as cartas.

Como o mané aqui decidiu ser sindicalizado, diz a lenda que eu sou o único do escritório, tenho que defender a minha opinião sobre essa questão, lembrando que a campanha salarial começa exatamente agora, que nossa database é dezembro, e que, querendo ou não, pouco ou não, nosso dissídio é maior que a inflação todos os anos, que para mim é uma mostra de uma boa atuação sindical. Além do mais, como a entrega é um evento social, a não-entrega se torna um ato sui generis. Alegar que você é sindicalizado é quase que afirmar que você é um alcoólatra.

Essas discussões me desgastam. Meus incríveis colegas olham para mim como se eu fosse um idiota que está dando dinheiro pro sindicato. Os mais antigos me olham como se eu fosse subversivo. No dia das cartas almoço sozinho!

Enfim, sou sindicalizado, acho interessante um contraponto ao poder da empresa, acredito que este é um bom meio de negociação, e principalmente que o escritório é um lugar onde as máscaras são muito fortes. Pago, e ultimamente tenho orgulho de pagar.



segunda-feira, julho 02, 2007

Roadtrip com o Rei


Na estrada com Roberto Carlos

Confesso que minha admiração pelo Roberto Carlos é um pouco démodé, afinal ele é um símbolo da geração dos meus pais. No entanto ele cantou uma das épocas mais intensas da nossa civilização, suas músicas estão relacionadas com a revolução sexual, as mulheres das canções do Roberto Carlos são modernas, liberadas; também cantou o divórcio e outras transformações mais como o movimento ecologista, o movimento hippie.

Ok, pode aparecer até um pouco reacionário por suas voltas às origens que volta e meia apareciam em seu disco, ou até pela religiosidade. Mas nos anos 70 sua religiosidade não era carola, e até as canções de regresso, como O Portão ou Debaixo dos caracóis dos seus cabelos são canções que tem um certo quê moderno, mesmo cantando o regresso.

Aliás, eu realmente não consigo pensar num outro cantor que consiga cantar músicas românticas que cante um amor real, que está acontecendo, sem se tornar baixaria (Wando, Amado Batista, por exemplo), mas que está num limite, um limite até sexy (pensei no Marvin Gaye e no Frank Sinatra, que também caminham por esse limiar). Mesmo suas canções de separação são canções de superação, uma superação não rancorosa nem tampouco brega no estilo “ela me deixou e agora eu canto esta canção”.

Fui para casa esse fim de semana ouvindo Roberto Carlos. Interessante isso, quando preciso pensar, o Roberto Carlos me ajuda! Fui ouvindo 1968 – O Inimitável, e voltei escutando o 1971.

É bobo eu sei, mas fiz uma lista com 10 músicas:

Além do Horizonte (1975)

A minha favorita. Amor leve, Romântico com R maiúsculo, a busca de um lugar idílico. Dá vontade de sumir e aproveitar a “vida sem frescura”. Me dá uma paz essa canção!

Seus Botões (1976)

A música de amorzinho mais bonita que eu já ouvi. Aquela história “nos lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão” é uma descrição interessante. Eu acho bem sexy, aliás.

As canções que você fez para mim (1968)

Uma canção de fim de caso com um argumento interessante, a batida é meio black, a voz dele ainda está meio rock, o que deixa a música bem interessante.

Fé (1978)

Música religiosa, mas não tão focada no catolicismo, nem em culpa nem em arrependimento. É engraçado, mas eu acho que ela define bem Fé. Pelo menos eu sempre lembro da música quando quero relembrar a minha.

Lady Laura (1978)

Talvez seja a mais brega das minhas 10 mais, o clichê está no fato desta busca à mãe, mas não deixa de ser Romântica pela busca da infância como um lugar idílico.

Cama e Mesa (1981)

Passeando no limite da cafonice (se é que já não está, no entanto limiares são percepções muito pessoais). Acho fantástica a relação de sexo e comida, e que a saciedade de uma pode ser substituída pela outra. Sem contar que tem algumas passagens bem amorzinho-gostoso. Mas eu acho que a graça da canção está nesse crescente de frases que culminam num refrão bem legal.

Não serve pra mim (1967 – Em Ritmo de Aventura)

Uma música bem rockzinho, guitarras, tem metais também! E a música é muito chiclete! Descobri essa canção pelo IRA! Mas acho que gostei mais na voz do Roberto Carlos. É meio fossa, mas eu gosto dela.

Não há dinheiro que pague (1968 – O Inimitável)

Meio black essa música! Acho interessante, o tema é romântico, o som é datado, mas é uma canção moderninha.

O Portão (1974)

É um pouquinho reacionária, mas é interessante a volta pra casa relatada.

Amada, Amante (1971)

Amorzinho liberado esse! Um amor sem preconceitos que faz suas próprias leis! O som é datado também, mas a letra é interessante.

Cafonice

Na verdade eu tenho uma teoria sobre a cafonice. Eu acho que cafonice são metáforas e rimas pobres e clichês. O tema não faz uma música cafona, afinal existem músicas maravilhosas sobre temas batidos que graças ao autor se tornam músicas interessantes. Sendo assim, existem algumas músicas do Roberto Carlos que são hiper cafonas porque caem no lugar comum, mas outras, as metáforas são bem interessantes, por isso eu absolvo o Roberto Carlos da condenação geral que a minha geração o olha. Mas, as músicas que eu gosto são todas dos anos 70, talvez o ápice da carreira, amadureceu, cantou os 30 anos das suas fãs e a partir daí deu-se a tragédia.


Medo do Roberto Carlos??

Pois é, a maior lenda na minha casa é o fato que de criança eu morria de medo do Roberto Carlos. Principalmente esta foto que está no blog! Será que eu gosto de Roberto Carlos como forma de superação??