segunda-feira, agosto 30, 2010

Verde Tucano

Bastou uma semana de ar seco e poluição excessiva para que eu mudasse minha vontade de estabelecer no primeiro turno a vantagem dos tucanos em São Paulo para tornar-me um tucano convertido em verde. Votarei em Fábio Feldman para governador do Estado.

É bem simples, como um Estado dinâmico, capaz de transitar da economia industrial para a pós-industrial (tema controverso já que o setor serviços e tecnologia ainda estão ligados ao setor industrial, mesmo que possa empregar mais e movimentar mais dinheiro já li um punhado de artigos e livros que dizem que este ainda está ligado a produção desumanizada do setor industrial e eu sou crédulo no que leio), ainda se prende à padrões de desenvolvimento da era industrial? Se não fosse assim, os congestionamentos não ocupariam esta posição central na vida e nas conversas dos habitantes da cidade ao mesmo tempo em que a cidade emplaca cada vez mais e mais carros. A poluição combinada com o ar seco trouxe um tom alaranjado a todos os problemas ambientais da cidade e deixou em evidência como esta cidade está se tornando insustentável (se já não for).

Ao contrário da Alemanha onde o governo Schröder conseguiu uma aliança verde-vermelho, os vermelhos brasileiros ainda pensam num desenvolvimento pela via polonesa (se é que existe um desenvolvimento polonês, talvez um russo). Não existe a preocupação ambiental, e isso se vê quando as alavancas para estancar a crise passam por alternativas totalmente não-ambientais como a diminuição do imposto sobre automóveis e o aumento do crédito que propiciam a compra bem como o estímulo a um estilo de vida totalmente não-sustentável como símbolo de mobilidade social, quando deveríamos promover tanto aos ingressantes da famigerada nova classe média, como os já pertencentes a ela um estilo de vida sustentável.

Soma-se a isso a sucessivas investidas do governo contra os órgãos ambientais, que graças a Constituição de 88 prezam pelos interesses difusos e coletivos e que por isso trabalham com mais variáveis que a única variável do governo, a eleitoral. Não se pode esquecer também a alteração do Código Florestal, criado no governo Castello Branco, representava o estilo daquela época, modificado no governo Collor, trouxe avanços na proteção ambiental, destruído no governo Lula, mostra como o governo enxerga esta questão.

O governo de São Paulo teve uma visão distinta, conseguiu produzir à política estadual de combate as mudanças climáticas, além de manter-se fiel a Lei Trípoli, que por mais controversa que fosse, permite a participação da sociedade nas decisões do meio ambiente, bem como a preservação dos interesses difusos e coletivos. Sendo eleitoreiro ou não, o grande investimento nos transportes de massa também representa um avanço, mesmo que o mesmo nível de investimento tenha sido feito para os transportes individuais.

Uma vitória do Mercadante representa uma piora da questão ambiental, afinal seu discurso está ligado ao pedágio, enquanto o de Alckmin, uma continuidade da atual gestão. Votar em Fábio Feldman significa avançar numa idéia de desenvolvimento sustentável, que passa pela transformação do modus vivendi da sociedade bem como um incentivo a economia criativa (eu realmente adorei este conceito). É necessário mostrar a força de uma idéia, e esse é o voto do 1º turno, o 2º turno, se houver, se decidirá ao seu tempo.

O pós é o anti

Fico impressionado como o Estado do Rio de Janeiro se converteu ao Sérgio Cabral, não é nem a um ismo, já que não existe um cabralismo (como não existia um garotinhoismo). O Estado que foi criador e perpetuador de conceitos, como o Socialismo Moreno, (filho dileto do Brizolismo), que na contramão de sua política oposicionista, elegeu em 1994 Marcello Alencar governador, alinhado com a era FHC; com a ajuda dos anti, virou o pós, o anti-tucanismo raivoso dos petistas trouxe a inviabilidade deste projeto no Rio, a própria raivosidade petista, impediu também a própria viabilidade de um projeto petista com a débâcle do petismo na junção como brizolismo não tão brizolista de Garotinho em 1998.

Então se criou o seguinte quadro, para superar o brizolismo que criava os quadros políticos para logo em seguida retirar o suporte destes, foi preciso que estes quadros que foram engolidos por Brizola o superassem. Alencar, pela adesão ao projeto tucano; Maia, por um processo personalista; Saturnino Braga se encontrou no PT e Garotinho foi o resultado dialético do anti-brizolismo e do brizolismo. Conseguiu até juntar-se à Moreira Franco, que era o anti-brizolista.

Após um período Garotinho/Rosinha, conseguiu-se a união de todos os anti. Os anti-tucanos, os anti-petistas, anti-brizolistas e anti-garotinhos se encontraram no pragmatismo voraz de Sérgio Cabral, que trouxe a reboque um Eduardo Paes, parido de César Maia, criado no ninho tucano e desabrochado nesta nova ordem de Cabral. É incrível que o Estado do Rio de Janeiro esteja neste projeto que só se define na negação de outros, que é incapaz de ter uma marca, não é socialismo moreno, embora utilize algumas de suas armas, não é social-democrata à Marcello Alencar, embora também utilize de suas armas; não é truculento como Moreira Franco, mas também utiliza seu discurso, é um amálgama do anti, que se corrói de inveja do a favor.

Acho que aí vem o contraponto maior: Denise Frossard, Gabeira e César Maia. Você não precisa concordar com eles, mas sabe sobre o que eles estão falando. A estes, existe um limite da ideologia, de suas próprias estratégias. Os anti-eles estão com Cabral, desde uma política à moda antiga do Senador Dornelles, ao comunismo-stalinista de Jandira Feghali, o petismo de Lindbergh Farias, a religiosidade de Marcello Crivela, até cabe o Wagner Montes. Enfim, eles não representam nada, só são contra algumas coisas, e são contra até em coisas que outros da mesma aliança não são contra.

Eu acho que o tão falado pós-Lula, será como no Rio, uma união de quem é contra. Que triste fazer política na negação.

(Mutatis mutandis o mesmo acontece em Campinas, Doutor Hélio é a união de todos os anti-qualquer coisa).

domingo, agosto 22, 2010

Guarda-roupa

Vamos comprar um guarda roupa novo? Daqui a pouco chegam suas malas, suas roupas e seus livros, e aí teremos que guardar tudo, ou podemos deixar tudo sem guardar para comemorar a chegada, depois guardarmos tudo no seu lugar. Não é necessária uma data, a certeza basta, e com certeza se compra um guarda-roupa novo, que não será o centro da casa, mas será o começo de uma nova casa, com novas roupas e novos livros. Vidas novas têm vários símbolos e a nossa vida nova é um guarda-roupa novo, onde estarão nossas roupas, nossas malas e nossos livros, algumas mensagens nas portas e novas roupas e livros.