quarta-feira, maio 28, 2008

Gardel - Volver

"Y aunque el olvido
que a todo destruye
haya matado
mi vieja ilusión
Guardo escondida
una esperanza humilde
que es toda la fortuna
de mi corazón"


Libertador San Martín!

Ótimo de trabalhar na Luz é que durante o almoço você pode passear por Buenos Aires, não é uma Buenos Aires Puerto Madero, tampouco Palermo, Palermo Chico, é quase Constitución, Once, meio Boca. Tem morador de rua, rua estreita; um prédio destoa da multidão, que não é exatamente belo, mas bem enigmático, como a Estação Júlio Prestes (quase a Alfândega).

Hoje andando pela Avenida Duque de Caxias, tive a impressão de ver San Martín em plena Praça Princesa Isabel. Não era San Martín, mas que a imagem é semelhante é. Aumentou ainda mais minha vontade de morar nos Campos Elíseos, esse nome tão charmoso que dá nome para um bairro nem tanto charmoso. Mas onde mais em São Paulo eu posso me lembrar de Buenos Aires??

Foi grande a comoção. Quis até almoçar uma milanesa para relembrar meus tempos anclao em Buenos Aires, mas só consegui achar feijoada. Nem tudo é perfeito nesta Buenos Aires imaginária.


Plaza San Martín - Buenos Aires (Estátua de San Martín)

Praça Princesa Isabel - São Paulo (Estátua de Duque de Caxias)







sábado, maio 24, 2008

A chuva, a paisagem e a oficina.

A comparação não é original. O que mais me impressionou em Travesuras de la niña mala foi o fato de Lucy escutar Ricardo como se escutasse a chuva, e o olhar o mundo como se olhasse uma paisagem, e eis que me senti tal e qual a Lucy quando me apresentaram a oficina de manutenção e os abrigos de trens.

Fresa, torno, prensa, pantógrafo, estas palavras para mim fazem tanto sentido como a chuva. A seção de motores, pantógrafos, mecânicos e graxas apareciam para mim como se fossem uma linda paisagem, exótica, num mundo que realmente não me pertencia. Caminhei durante dois dias num mundo fantástico onde as coisas não faziam nenhum sentido, onde a paisagem era desconhecida e o dialeto mais ainda.

Fiquei claramente envergonhado de como engenheiro que sou, não ter noção nenhuma do que estava vendo ou ouvindo. O palestrante falava e eu o escutava como se fora a chuva, andava pelas oficinas e as admirava como quem olhava a paisagem. Quando alguém me perguntava algo, respondia: incrível, e fazia cara de paisagem.

O mais impressionante de tudo isso foi os sheds que vi, não imaginava que tínhamos prédios tão lindos, tão monumentais na ferrovia. Consegui perceber outros termos técnicos mais próximos da engenharia civil. Preocupei-me com circulação, logística, iluminação, estruturas metálicas e só fui entender a diferença entre uma fresa e um torno num rodízio quando estávamos comemorando o fim dos passeios.




terça-feira, maio 20, 2008

Ainda assim Católico?


Acho esse assunto tão démodé que me sinto até mal em escrever sobre isso. Se o homem faz por si só todo o caminho da sua civilização, acho que existe parte de mim que ainda está não chegou na modernidade.

Dentre as pessoas que converso, me vejo (pelo menos eu acho que os outros também me vêem assim) como um defensor radical do Estado laico. Sou contra o véu, o quipá, a cruz em lugares públicos. Sou contra procissões, feriados santos e marchas pra Jesus. Ainda acho que somente o Estado laico pode trazer a liberdade religiosa plena. Gostaria de ver uma ação afirmativa para ateus e agnósticos, nosso mundo não os entende muito bem, e devemos garantir o direito deles serem ateus e agnósticos, tal qual o direito de ser católico. Sou favorável ao aborto, ao casamento gay e não suporto que alguém utilize argumentos religiosos nestas discussões.

Quando entrei na CPTM encontrei uma nova causa para lutar, o combate aos vagões crentes. Para mim, os pregadores nos trens são criminosos, acho que todo o proselitismo, exceto o proselitismo do Estado laico, que inclui a todos e não discrimina ninguém, deveria ser crime.

Escrevi tudo isso acima para chegar a conclusão contraditória que ainda me considero um católico, católico não-praticante, porque já deve fazer mais de 3 anos que não comungo, que não confesso, que não vou à missa. E passado todo esse tempo, não consegui nem me tornar um ateu, nem tampouco acreditar em outras doutrinas. Não consigo conceber a idéia de reencarnação, para mim não faz sentido algum, acho até um pouco covarde a idéia. Não consigo acreditar em teologia da prosperidade (muito embora um pouco de prosperidade aumentasse minha fé). Não vejo graça nenhuma no Budismo, talvez por não ser uma maneira muito ocidental de crer.

Ok, considero-me católico e faço sexo, uso camisinha, tenho os meus pecados e de muitos deles não me arrependo. Embora contraditório, ainda acho que o catolicismo tem respostas para o mundo moderno, mesmo sendo ortodoxas. Não podemos esquecer que toda essa noção de individualidade que existe hoje vem da Igreja. A Igreja defende a individualidade, o perdão, a caridade, o amor e a fé e tudo isso é necessário para o mundo moderno. Necessário, mas não suficiente, existe sempre esse combate ao corpo que está arraigado em nós, e existe a necessidade de sublimação do sexo, que a Igreja combate em algumas formas, mas que pode ser feita de maneira a manter a individualidade, o perdão, a caridade, o amor e a fé; a utilização sadia do corpo (o corpo como templo) também é objeto da Igreja. Tenho uma fé incrível, fé que as coisas vão dar certo, e que esse dar certo tem um elemento sobrenatural. Em todos os meus pensamentos sobre morte, não consigo me afastar do Credo (... donde há de vir a julgar os vivos e os mortos, creio em Deus, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na vida eterna...)

Não me vejo um católico praticante. Defendo o mundo; mas acho bonita a visão do mundo dos católicos. Não é fácil ser católico, requer sacrifício. E no atual estado não é uma igreja proselitista, e sim uma igreja em busca da sua identidade.

quinta-feira, maio 08, 2008

É hora de Quércia!


O sol nasce pra todos
E também para você!
Vote Quércia!
Vote Quércia!
PMDB

Durante a semana passada inteira visitei lugares que nunca imaginei que iria conhecer na minha vida, visitei Itapevi, Carapicuíba, Osasco, na outra ponta, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Suzano, enfim, visitei toda a linha da CPTM. Passei por lugares onde dificilmente se chega sem o trem, cidades dormitórios, cidades esquecidas. Em muitos destes lugares, você não sente presença alguma do Estado. São áreas de ocupação, antigas e novas, onde os únicos símbolos do estado são os prédios da COHAB (não eram do tempo em que se chamava CDHU), as estações de trem, em muitas estações as escolas e em algumas cidades os hospitais regionais.

Voltei desta visita com uma certeza absoluta que o governador Orestes Quércia merece uma cadeira no Senado pelo Estado de São Paulo. Por mais que se tentou (e se conseguiu) desconstruir Quércia, é inegável que em todos esses lugares, a única presença do Estado foi feita no governo dele. Não podemos também desconsiderar sua eleição histórica em 1974, que foi marco do início do processo de democratização no país. Estava olhando o histórico de atividade parlamentar durante seu mandato de Senador, e percebe-se que todos seus pronunciamentos se centraram em temas econômicos do estado de São Paulo, mas também reforçando a tese da municipalização, sem contar com projetos para o restabelecimento da vida democrática.

A própria eleição de 1986, veio ressaltar esse caráter plural e democrático (embora se acuse de ter concentrado o poder dos diretórios do PMDB, o qual mantém sob seu comando até hoje). No entanto, foi um governo que teve nos seus quadros um dos economistas mais brilhantes que já ouvi falar, como Luiz Gonzaga Belluzo, sem contar no apoio (não consegui levantar os secretários de Quércia) de Aloísio Nunes Ferreira, Alberto Goldman, Almino Afonso, Fernando Morais. O governo Quércia trouxe avanços na área de educação (primeira reforma do curriculum pós ditadura, embora tenha havido uma greve de quase 3 meses), bem como criou escolas, essas mesmas que são a única presença do Estado nas áreas mais periféricas da Grande São Paulo, sem contar na vinculação obrigatória de quase 10% da arrecadação do ICMS para as universidades públicas e criou vinculação orçamentária para uma política de habitação. Criou a secretaria do menor estimulando uma nova política de acordo com o estatuto da criança e do adolescente, além das delegacias de mulheres, que é uma vitória contra o machismo.

Lógico que teve todo o desgaste da eleição do Fleury, da quebra do Banespa (embora eu realmente acredito que só o tempo em que ele esteve sob intervenção do BC foi mais danoso que a administração Quércia), sem contar no escândalo das importações de Israel, mesmo assim, com um governo que terminou hiper popular, que fez grandes feitos como a vinculação orçamentária para as universidades, expandiu o metrô para o ramal Paulista, levou o metrô à zona leste, sem contar nas obras rodoviárias em todo o Estado, será que o Quércia não merece esse vaga muito mais que o Mercadante??

terça-feira, maio 06, 2008

Naquela Estação

Naquela Estação
(João Donato/Caetano Veloso/Ronaldo Bastos)


Você entrou no trem
E eu na estação
Vendo um céu fugir
Também não dava mais
Para tentar
Lhe convencer
A não partir

E agora, tudo bem
Você partiu
Para ver outras paisagens
E o meu coração embora
Finja fazer mil viagens
Fica batendo
Parado
Naquela Estação

Comentando notícias

Decidi fazer comentários sobre algumas notícias. Já que até a Veja pode dar a opinião dela sobre qualquer coisa, porque não eu?

Caso Ronaldinho

Concordo com o José Simão, o caso Ronaldinho só eu um caso porque é com o Ronaldinho, fosse com o Maradona, não teria caso algum. Maradona teria cheirado e tirado fotos com as travestis e tudo teria terminado bem. Não me conformo com o machismo e o moralismo desse caso. Primeiro, a polícia se empenhou pra provar que as travestis tentaram suborná-lo, e o Ronaldinho tratou de desmentir que saía com travestis e que cheirava. Bem, na minha opinião, isso é um problema dele, não meu, não nosso e não da Veja. Ronaldinho seja feliz, com mulher, com travestis, com coca ou com guaraná!

Raposa Serra do Sol

É muito fácil atacar índios, eles não se defendem, não são um cartel econômico e ainda dependem de ajuda de ongs estrangeiras porque não conseguimos dar o apoio necessário a eles. Se não bastasse tudo isso, ainda defendem a não-demarcação se apoiando num nacionalismo rançoso. Vamos esperar os outros ministros do supremo, algo me diz, que graças a um vento liberal no supremo, a demarcação sai (tirando o ministro Direito que o Lula indicou que pode ser uma belíssima maçã podre...).

domingo, maio 04, 2008

Proletários de todos os países, divirtam-se!


Se existe um feriado simbólico é o 1º de maio. Ao mesmo tempo que o trabalho pode ser a rotina que massacra, aliena e propaga tabus e preconceitos, tem contido dentro dele o oposto de tudo isso, no trabalho você pode aguçar sua criatividade, tomar consciência do papel desse trabalho na sociedade, sem contar que o trabalho é uma fonte incrível de socialização, se na escola nos socializamos com os iguais, no trabalho existe a chance de conhecer o diferente. O interessante é que para que desenvolvamos o outro lado do trabalho basta mudar algumas chaves, mas quão difícil é mudar estas chaves!

Para mudarmos estas chaves é preciso primeiro trabalhar o simbólico do trabalho e convenhamos, não o estimulamos de maneira alguma. É fonte de sofrimento, é o campo de atuação do machismo, da discriminação, mulheres ganham menos que homens, brancos ganham mais que negros. É fonte de assédio moral, sexual e ainda por cima, a todo instante, alguém quer mudar as regras que dão alguma segurança ao trabalhador.

Algo me diz que batalhar contra o machismo, a homofobia, os direitos individuais, criaria espaços para as transformações que mudariam estas chaves. Esses espaços, não são só espaços coletivos, mas inconscientes, o que nos tornaria mais abertos a todas essas mudanças que trariam esta nova visão de trabalho. Existe um elemento interessante que poderia ser o estopim de todas essas mudanças, o movimento ambiental, ele por si só traria uma transformação no modo de produção e de olhar o outro, pelo menos penso assim....

Adoraria trabalhar assim!