sábado, maio 24, 2008

A chuva, a paisagem e a oficina.

A comparação não é original. O que mais me impressionou em Travesuras de la niña mala foi o fato de Lucy escutar Ricardo como se escutasse a chuva, e o olhar o mundo como se olhasse uma paisagem, e eis que me senti tal e qual a Lucy quando me apresentaram a oficina de manutenção e os abrigos de trens.

Fresa, torno, prensa, pantógrafo, estas palavras para mim fazem tanto sentido como a chuva. A seção de motores, pantógrafos, mecânicos e graxas apareciam para mim como se fossem uma linda paisagem, exótica, num mundo que realmente não me pertencia. Caminhei durante dois dias num mundo fantástico onde as coisas não faziam nenhum sentido, onde a paisagem era desconhecida e o dialeto mais ainda.

Fiquei claramente envergonhado de como engenheiro que sou, não ter noção nenhuma do que estava vendo ou ouvindo. O palestrante falava e eu o escutava como se fora a chuva, andava pelas oficinas e as admirava como quem olhava a paisagem. Quando alguém me perguntava algo, respondia: incrível, e fazia cara de paisagem.

O mais impressionante de tudo isso foi os sheds que vi, não imaginava que tínhamos prédios tão lindos, tão monumentais na ferrovia. Consegui perceber outros termos técnicos mais próximos da engenharia civil. Preocupei-me com circulação, logística, iluminação, estruturas metálicas e só fui entender a diferença entre uma fresa e um torno num rodízio quando estávamos comemorando o fim dos passeios.




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