sábado, dezembro 30, 2006
O direito de gozar
Achei incrível, uma senhora simples deu uma lição de feminismo em um monte de meninas instruídas e modernas. Infelizmente o Roberto Carlos saiu da sua fase amor-sensual-sexual (ok, aquilo foi o limite do brega e o começo da decadência). Não consegui pensar que outro cantor hoje faria tão bem hoje.
Me chocou em partes as críticas à globo e a senhora. Que cada um goze do jeito que quiser!
Músicas do Roberto Carlos que podem satisfazer a maior feminista do ano de 2006
- Cama e Mesa (1981)
- O Côncavo e o Convexo (1983)
- Seus Botões (1976)
- Cavalgada (1977)
- Café da Manhã (1978)
sexta-feira, dezembro 29, 2006
2006
Adeus Ano Velho,
Acabou 2006! Resolvi fazer algumas listinhas para dar um panorama deste ano. Que ano sem novidades!
Músicas mais ouvidas
El Salmón – Andrés Calamaro
Hier Encore – Charles Aznavour
The Great Beyond – R.E.M
Todas antigas, mas foram descobertas por mim neste ano.
Can’t get over – Casino
Dejà vu – Beyoncé
Filmes marcantes no cinema
Match Point
Uma verdade inconveniente
O Segredo de Brokeback Montain
Munique
Orgulho e Preconceito
(Fui tão pouco ao cinema!)
Filmes marcantes no DVD
Um homem e uma mulher
As pontes de Madison
Sylvia
Zuzu Angel
A dupla vida de Verônica
Livros que eu li
Quase Tudo – Danuza Leão
Pais e Filhos – Ivan Turguêniev
D. Pedro I – Isabel Lustosa
Nassau – Evaldo Cabral de Mello
O que é sindicalismo – Ricardo Antunes (rs)
Caramba, segundo minha memória só li 8 livros este ano, estando um pela metade (com grandes chances de não terminar!). Sem contar que dois foram da coleção primeiros passos!
Os demais:
O terceiro travesseiro (a maior perda de tempo da minha vida. O pior livro que eu já li, mal escrito, mal construído, personagem que dão ódio na gente – tão ruim que não me lembro o autor)
El vuelo de la Reina – Tomás Eloy Martinez (pela metade)
O que são comissões de fábrica – Ricardo Antunes.
Preciso voltar a estudar urgentemente antes que a lista de 2007 não exista.
terça-feira, dezembro 26, 2006
Tonterías!
O mito dos 15 km/l
O que tenho mais gostado desta história de ter carro é a busca incessante ao consumo de 15 km/l (prometido pelo manual do carro, entendida como direito meu), longe de ser uma busca romântica baseada no desejo de consumir menos combustível fóssil para evitar o aquecimento global, é uma busca econômica. Eu, agente econômico, praticamente tirado da Riqueza das Nações, lutando para ter uma vantagem econômica qualquer!
No entanto, média atrás de média, e meu carro nunca chegou aos 14,5, se pelo menos uma vez ele tivesse passado dos 15, nem que fosse o maximum maximorum, no entanto, continuo me sentindo enganado pelo manual do carro!
Eis que este domingo de natal, a solução saiu da Folha de São Paulo. Estava lá uma notícia que para mim foi reveladora, quase mística. Segundo um especialista a gente deveria, no caso de um carro com injeção eletrônica, ao invés de diminuir a marcha e acelerar menos, manter a marcha alta e acelerar mais, fazendo que o carro chegasse no limite da marcha, antes de reduzi-la. Isso é o contrário que o meu bom senso dizia para fazer, talvez porque eu já reprovei um exame de carta por deixar o carro morrer; talvez porque o carro é fálico, e a velocidade e a aceleração é forma de poder; talvez por ter aprendido assim.
Dentro do espírito de fim de ano, rompendo tabus, adotei a idéia na minha volta a São José dos Campos, me senti praticamente um barbeiro, mas segui a regra do especialista!
Postaria somente depois de fazer a média, mas achei a situação tão ridícula que postei antes...rs
Deixo a quem ler, se alguém ler, a curiosidade de saber se fiz 15 km/l ou não!
13 dias que abalaram o mundo
A maior surpresa deste Natal foi assistir a 13 dias que abalaram o mundo. Realmente é um filme que trata de um dos momentos claves do pós-guerra e que me fez pensar sobre muitos assuntos como a responsabilidade do poder, a necessidade da vanguarda no pensamento político e principalmente pela necessidade da memória viva da tragédia como guia da humanidade.
O filme, para mim, além de mostrar a responsabilidade, e a tensão, o medo, de ter a responsabilidade, com que trataram do tema tanto Kennedy, como Kruschev; evidenciou o papel da memória presente das explosões de Hiroshima e Nagasaki. O terror vivo livrou o mundo da repetição em larga escala das explosões atômicas. A crise dos mísseis só não se encerrou numa guerra nuclear devido a lembrança viva de Hiroshima.
Talvez pelas explosões atômicas ser a maior catástrofe criada pelo homem e reconhecida como tal (as alterações climáticas que têm provocado grandes catástrofes nem sempre são reconhecidas assim), a presença de Deus, do destino ou até do destino manifesto esteve longe das discussões da crise dos mísseis. Duvido que hoje o discurso não estivesse impregnado de misticismo e obscurantismo, mas em 1962, num período onde mundo foi muito mais moderno que hoje (sem alongar, estou considerando uma definição de modernidade como “tudo que é sólido se desmancha no ar”, e naquela época se desmanchava mais que agora), a crise foi resolvida sem Deus, pela responsabilidade.
Não acredito que fossem os personagens George W. Bush e Vladimir Putin, a crise seria resolvida, mas tanto George W. Bush como Vladimir Putin são produtos da nossa época, não daquela.
Nossas tragédias atuais não são encaradas como uma coisa humana, criando espaço para um obscurantismo crescente e perigoso. A AIDS, o tsunami, as enchentes, o aquecimento global, são de efeito retardado, e acabam anestesiando tanto a vanguarda como o senso comum. Acredito que falte uma vanguarda que seja capaz de convencer o senso comum que estas tragédias são tão humanas quanto a bomba atômica, e de maneira humana devem ser solucionadas.
Acabei ficando com uma imagem negativa e reacionária da humanidade, imediatamente me lembrei do lema da UDN onde “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. Fiquei com uma imagem negativa onde a paz armada é a única garantia de paz. No entanto, não criamos ainda uma cultura de liberdade. A queda do muro que poderia abrir espaço para uma distensão, criou um pensamento único. As tão famigeradas soluções locais são tão somente uma expressão de um reformismo cada vez menos reformista, quando se teme a ruptura, se abre espaço para a eterna vigilância.
Bem, não sei se sou tão revolucionário assim, mas ainda há espaço para revoluções, e elas podem trazer tanto uma dimensão humana para nossas tragédias diárias, como uma liberdade sem muita vigilância.
Faltou discutir a responsabilidade do poder e o papel da vanguarda (coloco aqui como vanguarda a figura de Kennedy e Kruschev, que duvido alguém considere como vanguarda, mas para o exemplo que queria mostrar eles se comportaram como tal).