Estou viciando na coleção Revoluções do Século 20 (gravado assim mesmo, em arábico!) da Editora da Unesp. São pequenos livrinhos contando a história de revoluções nos mais diferentes lugares do mundo. Acabei lendo três nos últimos três meses, a Revolução Iraniana, a Guatemalteca e agora a Alemã. Bem, existem os livrinhos das clássicas como a Russa, a Cubana, a Chinesa, mas talvez o inusitado das não-clássicas que me atraem tanto para estes livros.
O conceito de revolução em si já é um conceito bem complexo, afinal, ele foi totalmente apropriado numa perspectiva marxista de luta de classes e também traz em seu bojo o conceito de nação. Há muito tempo atrás li “O que é Revolução?” de Florestan Fernandes e ele ressaltava muito estes dois aspectos. Os livros também ressaltam e também apresentam estas revoluções não como um “raio que caiu num dia de sol” assim como Marx fez no 18 Brumário de Luis Bonaparte. Exatamente esta análise à la 18 Brumário que dá toda a graça dos livros. Afinal, ao descrever a sociedade guatemalteca, iraniana e alemã para poder mostrar o conflito que gerou a revolução, encontramos sociedades totalmente diferentes, onde existia o elemento capitalista, mas principalmente a singularidade local. O que em si, dificultaria a criação objetiva de um conceito de Revolução.
Além disso, é engraçado notar como este conceito, talvez aí resultado direto da vitória de uma historiografia marxista cujo 18 Brumário é paradigmático, ganha o sublime, a aura da justiça, principalmente porque traz consigo também o conceito de povo. E mesmo nas sociedades que deveriam ser revolucionadas pelos teóricos da Revolução, estes dois conceitos ganharam ideologias diversas e são apropriados até por contra-revolucionários. Não é à toa que existe toda uma discussão sobre a “Revolução de 64” ou a “Revolução Libertadora” que derrubou Perón, e também não achamos estranhos colocarmos o adjetivo de revolucionário à ascensão de Reagan e Thatcher nos anos 80. Também não podemos esquecer que na queda do socialismo real no final dos 80, a “libertação” dos países do regime comunista foi considerada Revolução, como a Revolução de Veludo. No entanto nenhuma destas revoluções poderiam ser tratadas na coleção Revoluções do Século 20, já que não trouxeram (ou tentaram trazer) consigo o socialismo, embora o conflito de classes permeiem, as retratadas e as não retratadas.
A contradição é notar que a revolução iraniana influenciou a ascensão de Reagan, e que talvez a diferença entre o Xá e Khomeini fosse tão grande quanto a diferença entre Reagan e Carter (embora no livro da guatemalteca o autor coloca uma pequena sombra na minha admiração ao Carter).
Talvez o conceito que engendre todas estas revoluções seja o conceito de crise, afinal é ele que provoca o lugar comum de todos estes acontecimentos maravilhosos; afinal uma revolução (à direita ou à esquerda) é um desprendimento brutal de energia humana. E mesmo com a toda a tecnologia diferente, com a “democracia” bem consolidada, ainda Revoluções (talvez já fora do sentido que Marx deu a elas) aconteçam ainda no nosso mundo. Afinal, quando um Evo Morales assume o poder na Bolívia, não podemos deixar de colocar o quão revolucionário isso é, bem como a volta de um Berlusconi.
O conceito de revolução em si já é um conceito bem complexo, afinal, ele foi totalmente apropriado numa perspectiva marxista de luta de classes e também traz em seu bojo o conceito de nação. Há muito tempo atrás li “O que é Revolução?” de Florestan Fernandes e ele ressaltava muito estes dois aspectos. Os livros também ressaltam e também apresentam estas revoluções não como um “raio que caiu num dia de sol” assim como Marx fez no 18 Brumário de Luis Bonaparte. Exatamente esta análise à la 18 Brumário que dá toda a graça dos livros. Afinal, ao descrever a sociedade guatemalteca, iraniana e alemã para poder mostrar o conflito que gerou a revolução, encontramos sociedades totalmente diferentes, onde existia o elemento capitalista, mas principalmente a singularidade local. O que em si, dificultaria a criação objetiva de um conceito de Revolução.
Além disso, é engraçado notar como este conceito, talvez aí resultado direto da vitória de uma historiografia marxista cujo 18 Brumário é paradigmático, ganha o sublime, a aura da justiça, principalmente porque traz consigo também o conceito de povo. E mesmo nas sociedades que deveriam ser revolucionadas pelos teóricos da Revolução, estes dois conceitos ganharam ideologias diversas e são apropriados até por contra-revolucionários. Não é à toa que existe toda uma discussão sobre a “Revolução de 64” ou a “Revolução Libertadora” que derrubou Perón, e também não achamos estranhos colocarmos o adjetivo de revolucionário à ascensão de Reagan e Thatcher nos anos 80. Também não podemos esquecer que na queda do socialismo real no final dos 80, a “libertação” dos países do regime comunista foi considerada Revolução, como a Revolução de Veludo. No entanto nenhuma destas revoluções poderiam ser tratadas na coleção Revoluções do Século 20, já que não trouxeram (ou tentaram trazer) consigo o socialismo, embora o conflito de classes permeiem, as retratadas e as não retratadas.
A contradição é notar que a revolução iraniana influenciou a ascensão de Reagan, e que talvez a diferença entre o Xá e Khomeini fosse tão grande quanto a diferença entre Reagan e Carter (embora no livro da guatemalteca o autor coloca uma pequena sombra na minha admiração ao Carter).
Talvez o conceito que engendre todas estas revoluções seja o conceito de crise, afinal é ele que provoca o lugar comum de todos estes acontecimentos maravilhosos; afinal uma revolução (à direita ou à esquerda) é um desprendimento brutal de energia humana. E mesmo com a toda a tecnologia diferente, com a “democracia” bem consolidada, ainda Revoluções (talvez já fora do sentido que Marx deu a elas) aconteçam ainda no nosso mundo. Afinal, quando um Evo Morales assume o poder na Bolívia, não podemos deixar de colocar o quão revolucionário isso é, bem como a volta de um Berlusconi.
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