segunda-feira, outubro 26, 2009

Subsídio para iniciantes

Não existe debate mais gostoso e acalorado que a questão dos subsídios. Além da técnica, da economia, os subsídios são ideológicos e políticos o que deixa sempre esta discussão tensa. Não se trata de negar o caráter social do transporte público, mas sim, de como se encara a imensa massa de dinheiro que é consumida em custeio e investimento e de como olhar o sistema de transporte pela luz de sua eficiência como estruturador do espaço urbano, como causa do aumento da mobilidade, como promotor da equidade de acessos e pela qualidade do serviço prestado.

No congresso da ANTP encontrei minha musa nesta discussão: Ângela Amim; encontrei também a batalha pela qual combateria o bom combate: Política Nacional de Mobilidade Urbana. Somente com simplicidade tarifária, eficiência na prestação do serviço, preocupação com custos, ressarcimento das gratuidades e envolvimento dos municípios e da sociedade na tarefa de organizar o transporte público urbano, metropolitano ou não, pode-se justificar a quantidade quase faraônica de subsídios para custeio e os investimentos a fundo perdido no setor. Fora isso, política tarifária é caixa-preta e caixas-pretas não são democráticas nem justas.

Ao apresentar a questão do subsídio (de uma maneira até um pouco amadora para justificar o iniciantes do título, já que me considero iniciante também) utilizando os dados do balanço da CPTM, ilustrando como o crescimento desordenado da metrópole pode levar a um aumento do custo e uma necessidade intrínseca de subsídio, detalhando a tarifa e discutindo algumas formas de lançar custos para medir a real eficiência dos diferentes serviços, para uma platéia de jovens que estão sendo treinados para assistentes administrativos, que em sua maioria vivem no subúrbio e que estão ávidos de mobilidade, principalmente a social, percebi que eles, assim como eu, se assustaram com o subsídio. Concluí que eles também acharam absurda a quantidade de dinheiro consumida no transporte e como há injustiça na forma de transferência de dinheiro do Estado para o custeio.

Ainda há espaço para a “desesquerdização” da política tarifária a partir de um discurso de eficiência, sem negar seu caráter social, mas restaurando o espírito de choque capitalista vencedor em 1994. Não se deve temer este espírito, por mais irracional que anda o quadro político atual, sempre haverá espaço para a razão. Podemos ser latinos, mas não deixamos de ser ocidentais.

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