sábado, agosto 30, 2008

Como eram bons os tempos do Fernando Henrique

Sou de uma geração da era Fernando Henrique. Tudo que me acontecer na vida, na minha vivência como cidadão, em minha experiência como um homem social, econômico e ambiental, sempre será percebido, analisado e refletido sobre esse grande paradigma que foi a base de toda minha consciência.

Bastou um almoço e um assunto trivial para que isso ficasse claro em minha memória, nós, que fomos criados na era Fernando Henrique, talvez não sejamos a maioria, mas temos uma ação comunal própria, percebemos o mundo de uma maneira diferente, e acho que o mundo era percebido diferente pós 1995. Embora a era Lula tenha se apropriado de algumas características da era Fernando Henrique, estas foram distorcidas, ficaram as ações e não os fundamentos.

Éramos modernos em 1999 e hoje somos retrógrados. A peça inaugural desta era foi o discurso de despedida do Senado do ex-presidente, nele se decretava o fim da Era Vargas, as pessoas queriam o novo, o diferente, queríamos, e digo queríamos porque a maioria dos eleitores quis, um novo ciclo de desenvolvimento, de estabilidade, de abertura econômica, de uma nova relação Estado-mercado, que traria uma nova relação Estado-comunidade. Também seria uma era de transparência, da verdade orçamentária, e também da verdade política e da verdade social.

Foi preciso discutir Previdência, Tributação, Privatização, Ensino Fundamental e Superior, e discutir sem tabus, o que é o charme e o princípio desta era, e aí era necessário fazer escolhas, Déficit ou Reforma? Modernidade nos serviços públicos ou ineficiência estatal? Priorizar o ensino fundamental ou o superior? Não sei vocês, mas durante todo o governo Fernando Henrique discuti muito destas coisas, acho que se existiu um momento favorável a alguns indicadores que eu considero de modernidade (casamento gay, aborto e legalização das drogas) foi este período. Na verdade não é estimulante ter no ministério gente que sempre esteve ligado com a luta da democracia? (e que acreditava nela)

Participamos do mundo e o mundo participava da gente. Hoje, estamos num espetáculo da caretice. Se a associação com uma parte do conservadorismo, principalmente o ligado ao liberalismo durante os anos Fernando Henrique, foi necessário para romper e criar uma nova era, hoje é a cooptação pela cooptação, e acho que esta bela vanguarda que está no poder hoje descobriu-se muito mais próximo dos coronéis do que a gente pensa. O país tem problemas e isso não se discute, com um plano cosmético para tudo, as mesmas pessoas que não votaram no Fundeb criaram outros mecanismos que travestidos de inclusivos, são mostra de autoritarismo e populismo.

Perdeu-se a discussão, afinal, como se pode discutir com a verdade absoluta? E aí, a gente vê o avanço evangélico nas escolas, na política, o esvaziamento do congresso, afinal, para que uma casa de discussão, se o centralismo democrático é a solução? Só a desmoralização da política pela política pode gerar escândalos como mensalão, abuso de poder econômico nas campanhas, grampos nos ministros do Supremo.

Chamem de ressentimento, no entanto, eu realmente acho que a democracia e o clima de modernidade que tínhamos na era Fernando Henrique não temos na era Lula. Talvez as pessoas não quisessem saber de déficits, reformas, talvez foi acomodação, afinal é melhor parar de discutir isso e ter uma bolsa maior e melhor, mesmo que seja para estudar numa faculdade ruim ou para viver para sempre com uma bolsa.

Na era Fernando Henrique tínhamos a impressão que a ascensão econômica e social estava em nossas mãos, na era Lula, está no Estado de novo, ou num Estado Novo. O jeito é estudarmos para um concurso público.


A propósito

O almoço e o assunto trivial foi uma conversa fantástica sobre o Manhattan Connection, que para mim é o grande exemplo da era Fernando Henrique, aposto e ganho que 90% dos ministros do governo Fernando Henrique assistiam e que nem 20% do governo Lula sabe o que é, e que os que sabem só assistem para falar mal do Diogo Mainardi que me abstenho de comentar, ele não era desta era. Uma das conclusões é que os apresentadores são arquétipos tucanos, mas infelizmente, Alckmin e Aécio também não se encontram lá representados.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Desenvolvimento e Democracia

Passei duas semanas com duas figuras fantásticas, míticas, populistas. Semana passada arranhei meu espanhol com Las presidencias peronistas: Cámpora/Perón/Isabel de Horacio Maceyra, e esta semana com Getúlio: O poder e o sorriso de Boris Fausto.

A grande questão destas duas grandes histórias é: pode-se obter desenvolvimento econômico dentro de uma democracia? Esta pergunta se faz importante, porque ambos são conhecidos como os pais do desenvolvimento nos seus países e no entanto, este impulso para a industrialização, para a criação do mercado interno, a visão que somente uma classe trabalhadora forte (mas não tão forte assim) poderia sustentar esse mercado, só pode ser construído dentro de regimes quase fascistas. Pus o quase fascista. No livro de Perón, não existe essa palavra, mas se fala no grande pacto da sociedade, uma sociedade corporativa. No livro do Getúlio, nega-se o fascismo, falando de um autoritarismo moderno. Não gosto do Getúlio, mas concordei com a tese do Boris Fausto, e não ponho mais fascista.

Será que a industrialização do Brasil não poderia se dar sem o Estado Novo? Será que a industrialização da Argentina não poderia acontecer em um regime como acontecia no pré-Perón? Cabe lembrar que ambos os países já tinham indústrias e proletariado antes dos dois, mas o poder estava no campo. Considerando que o liberalismo dos anos 20 e 30, jamais permitiria uma desvalorização da moeda, pra proteger a indústria, o impulso industrial não aconteceria. Ao inverter a política econômica de antes do crash eles conseguiram impulsionar a burguesia nacional. Com uma política trabalhista, conseguiram um acordo entre capital e trabalho contra a agricultura, fazendo uma industrialização pela substituição de importações. Bem, infelizmente esse salto provavelmente não seria dado fora da estrutura da Era Vargas e do Peronismo.

Na queda de ambos, tanto de Perón (no caso de Isabelita), tanto de Getúlio, as circunstâncias econômicas já são muito distintas. Existe uma complexidade maior na economia industrial destes países onde a fórmula não encaixava mais. Achei fantástica a descrição que no plano de governo de Cámpora estava o aumento da participação dos salários na renda da nação. Nunca ouvi isso nem do Lula! Nunca na história do nosso país alguém deve ter posto uma meta tão avançada como essa! No caso de Getúlio o contraste não foi tão grande assim. Afinal ele voltou ao poder 5 anos depois de ter caído, enquanto Cámpora assumiu 18 anos depois de Perón ter caído, pesou mais os fatores políticos, mesmo porque Vargas não era tão contra o capital estrangeiro, tal qual Perón. E isso me deixou mais intrigado, então, numa estrutura complexa, a fórmula populista está fadada ao fracasso?

Mas, em qual circunstância se dará o desenvolvimento? Acho que a pergunta principal é que tipo de desenvolvimento procuramos e em que circunstâncias podemos tê-lo? Adoraria ver uma análise bem marxista das forças da sociedade dizendo onde nossa democracia nos leva. Acho que seria um exercício bem interessante. Será que existe um consenso sobre esse desenvolvimento? Se valorizamos o campo e as commodities, a nossa âncora verde, a tal da doença holandesa freia a indústria por causa da valorização do câmbio, se seguramos o câmbio para valorizar a indústria, prejudicamos as exportações. Ao mesmo tempo, se valorizamos o mercado nacional para acelerar o desenvolvimento externo podemos ter inflação, se a combatemos acabamos por arrochar os salários. Como convergir todas as tendências?

Talvez a democracia seja um regime político sem grandes alterações nas estruturas das sociedades. Vou dar um tom moral e dizer que mesmo assim é um bem em si mesmo, podemos deixar as lutas mais claras para que todo mundo possa ter uma atuação política de acordo sua atuação econômica. Ou não.

terça-feira, agosto 26, 2008

"Esse manda bem, Kassab Prefeito!"

Achei um comercial do Kassab no You Tube.

Eu realmente estão adorando a campanha dele, é muito bem feita, dá até vontade de entregar papelzinho pra ele. Este post vai me dar tanta dor de cabeça! =) Mas é verdade!...rs


A petebização de Alckmin

A afirmação acima eu li numa coluna da Folha cujo autor eu não me lembro. Não deixa de ser a mais pura verdade. A campanha do ex-governador é de um mau gosto tremendo. É escura, desanimada.

Os candidatos a vereadores do PSDB se recusam a falar o famoso “com Alckmin prefeito” no final das suas inserções. Para passar ao eleitor/telespectador a imagem que estão unidos, corta-se a cena e uma voz absurda diz que eles estão com Alckmin, o que ninguém acredita. Em compensação, os vereadores do PTB e demais nanicos com Alckmin, atacam a administração Kassab e falam a famigerada frase a todo instante. O que não deixa de ter uma certa comicidade pensar no Sérgio Mallandro pedindo voto para o bom moço. Ou o Ovelha, ou um Jogral que o partido do Eymael organiza três vezes por semana.

A campanha caminha por uma caretice grandiosa. Erraram a mão na imagem de bom moço, ou talvez ele não seja tão bom moço, e sim um grande carola. A sensação que se tem é que ou se escolhe Alckmin ou vamos direto ao Inferno. Realmente, acendeu em mim uma luz amarela sobre esta campanha. Esse exagero na caretice, essa opção pelo lúgubre, pela tragédia anunciada, só traz a idéia que a eleição do Alckmin é um retrocesso para a cidade. Afinal, uma metrópole, não pode ser administrada com o espírito de Pindamonhangaba.

Bem, fosse eu o governador José Serra, desembarcaria ainda mais da campanha Alckmin e embarcaria na campanha Kassab de vez. Perder com Kassab é melhor que ganhar com Alckmin (embora essa hipótese seja hoje improvável). É uma forma do governador manter seu programa de governo de quando foi eleito prefeito. Pode parecer um absurdo, mas, hoje, os democratas são muito mais progressistas do que o entourage de Alckmin.

Sem contar que a campanha do Kassab é contagiante. É totalmente o oposto da do Alckmin. É clara, tem musiquinha, não é carola, e talvez com mais ajuda do Serra tenha até potencial. E se o PSDB expulsar Serra?? Bem, duvido que façam isso, mas que façam! Talvez até fosse melhor para o Serra deixar o PSDB se afundar na carolice do Alckmin. Embora eu realmente ache que o lugar do Alckmin é no PTB mesmo.

terça-feira, agosto 19, 2008

Veranico Paulistano

Dias de calor. Noites deliciosas. Céu azul. Não tem brisa, não tem nuvens. Muita gente na rua. Cabe Jundiaí entre São Joaquim e Vergueiro. O festival de cinema russo no CCSP fica ainda mais exótico. Não havia reparado como existem casais neste canto da cidade. O asfalto ferve e o mundo de automóveis aumenta a sensação de calor. Faz 4 dias que as temperaturas estão em altas; a meteorologia já considera que estamos num veranico. Que calor!

Não me lembro de um dia tão bonito assim nesta cidade. Não é dia típico, o que deixa tudo isso mais raro. Se tivesse música tema, seria Piazzolla. Se fosse cenário, o CCSP. Eu que não gosto de verão, me converti. E pensar que São Paulo não combina com verão, muito menos com veranico. Tomara que não venha nenhuma garoa!

Veranillo

(http://www.rae.es/)

1. m. Am. Mer. Tiempo breve de calor o de sequía que, en América del Sur, suele presentarse a fines de junio.
2. m. Arg. y Chile. Período corto de bienestar.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Almoço com o pessoal do trabalho


Não é um mar de rosas. Não paga bem. Não tem plano de carreira. 14º e 15º? Nem pensar. Não tem impressora colorida, não pode fazer ligação externa. Tem que entrar às 8:00. Se sair depois das 17:24, azar o seu. Às vezes tem mau-humor, tem machismo, tem burocracia, tem gentinha também, muita gentinha na CPTM.

Mas as vezes existem umas sacadas tão legais! Não consigo imaginar outro lugar que uma cadeira quebrada no canto da sala ganhe uma etiqueta como se fosse uma obra de Marcel Duchamp. As vezes aparecem discussões dos primórdios da ferrovia; sobre como Paulo Egídio era um democrata. Você já discutiu sobre as inovações que o governo Carvalho Pinto trouxe para o Estado? Bem, já discuti isso numa reunião.

Hoje no almoço, acabei indo almoçar com umas pessoas que geralmente eu fujo, eis que entramos num assunto fantástico: o sucesso que o bolero fazia até Inezita Barroso gravar a moda da pinga! E assim, um monte de senhores que eu adoraria que fossem meus avôs começaram a lembrar de São Paulo do IV Centenário. Eu comecei a lembrar da descrição de Lima que o Vargas Llosa faz na Niña Mala. Devia ser um tempo bom esse do bolero e do mambo. São Paulo do bonde!

Ao final, fiquei sabendo sobre um show recente (risos...recente para eles né?) que o Piazzolla fez aqui em São Paulo com a Amelita Baltar. Legal pensar que eles foram num show que eu adoraria ir. Acho interessante ter bons contadores de história, dá uma coisa bem lúdica no ambiente de trabalho. Que ninguém me leia, mas, uma coisa meio vovô e eu. Não que meu avô não tenha histórias interessantes, ele até as tem, pelo menos falam que ele as tem. Mas nunca deu certo dele me contar coisas como um show da Ângela Maria, outro da Dalva de Oliveira, que sei que ele foi. No quesito avós eu sofro da síndrome do irmão do meio, então ando recriando esses fatos na CPTM.

Los Paraguas de Buenos Aires

LOS PARAGUAS DE BUENOS AIRES
Voz de Amelita Baltar
Letra de Horacio Ferrer
Musica de Astor Piazzolla

Está lloviendo en Buenos Aires, llueve
Y en los que vuelven a sus casas pienso
Y en la función de los teatritos pobres
Y en los fruteros que a las rubias besan
Pensando en quienes ni paraguas tienen
Siento que el mío para arriba tira
"No ha sido el viento si no hay viento", digo
Cuando de pronto mi paraguas vuela
"No ha sido el viento si no hay viento", digo
Cuando de pronto mi paraguas vuela
Vuela...

Y cruza lluvias de hace mucho tiempo
La que al final mojó tu cara triste
La que alegró el primer abrazo nuestro
La que llovió sin conocernos antes
Y desandamos tanta lluvia, tantas
Que el agua esta recién nacida, vamos
Que está lloviendo para arriba, llueve
Y con los dos nuestro paraguas sube
Que está lloviendo para arriba, llueve
Y con los dos nuestro paraguas sube
Sube...

A tanta altura va querido mío
Camino de un desaforado cielo
Donde la lluvia a sus orillas tiene
Y está el principio de los días claros
Tan alta el agua nos disuelve juntos
Y nos convierte en uno solo uno
Y solo uno para siempre, siempre
En uno solo, solo, solo, pienso
Y solo uno para siempre, siempre
En uno solo, solo, solo, pienso
Pienso...

Pienso en quien vuelve hacia su casa
Y en la alegría del frutero
Y en fin, lloviendo en Buenos Aires sigue
Yo no he traido ni paraguas, llueve
Y en fin, lloviendo en Buenos Aires sigue
Yo no he traido ni paraguas, llueve
Llueve...

sexta-feira, agosto 15, 2008

Cómo dos extraños

Um tango pra fazer companhia pro Calamaro abaixo. Bastou eu ler um livro do Cortázar pra me argentinizar novamente:

Cómo Dos Extraños
Roberto Goyeneche

Me acobardó la soledad
y el miedo enorme de morir lejos de tí
que ganas tuve de llorar
sintiendo junto a mi
la burla de la realidad

Y el corazón
me suplicó
que te buscara y que le diera tu querer
me lo pedía el corazón y entonces te busqué
Creyendo que mi salvación

Y ahora que estoy frente a tí
parecemos, ya ves, dos extraños
lección que por fín aprendí
como cambian las cosas los años
angustía de saber muerta ya
la ilusión y la fe
perdón si me ves lagrimear
los recuerdos me han hecho mal

Palideció la luz del sol
al escucharte friamente conversar
fue tan distinto nuestro amor
y duele comprobar que todo,
que todo terminó

Que gran error volverte a ver
para llevarme destrozado el corazón
son mil fantasmas al volver burlandose de mí
las horas de ese muerto ayer

Y ahora que estoy frente a tí
parecemos, ya ves, dos extraños
lección que por fín aprendí
como cambian las cosas los años
angustía de saber muerta ya
la ilusión y la feperdón si me ves lagrimear
los recuerdos me han hecho mal

http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=Musica&busca=como+dos+extra%F1os&param1=homebusca&q=como+dos+extra%F1os&check=musica&x=43&y=6

quinta-feira, agosto 14, 2008

Un recuerdo encontrado

Sabe quando você acorda com uma música na cabeça?
Acordei com Para no olvidar, e tentando não esquecê-la perdi hora, perdi a paciência de ficar sentado num escritório. Lembrei de recuerdos não tão prohibidos mas um pouco intrometido.
Foi um dia de lembranças.
Antes de voltar pra casa passei no Largo São Francisco só para ver o Álvares de Azevedo e dediquei a ele este dia.



http://www.rock.com.ar/letras/3/3931.shtml

segunda-feira, agosto 11, 2008

Eleições 2008 - Jundiaí


Alguns pontos para a disputa da prefeitura de Jundiaí

Sou jundiaiense e voto em Jundiaí, embora não more lá há muito tempo, me sinto um pouco curioso sobre a sucessão de Ary Fossen. É difícil votar a distância porque não participo efetivamente da vida da cidade, volto para lá alguns fins de semana somente. Mas sou um bom observador, e como tal, escolhi alguns pontos para me guiar na escolha dos candidatos a prefeito. Não me sinto a vontade em escolher os candidatos a vereador. Perdi o contato e infelizmente não estou lá para sentir a campanha, desta forma, assim como fiz nas últimas duas eleições municipais, votarei na legenda.

A cidade de Jundiaí completa este ano 16 anos ininterruptos de governos do PSDB. A ascensão tucana surgiu como uma disputa contra outras forças, tais como o ex-prefeito Íbis Cruz e Walmor Barbosa Martins e hoje os aliados destes se juntaram a força quase hegemônica dos tucanos na minha cidade. A oposição passou a ser do PT e outras forças que tentavam quebrar essa polarização. Nestas eleições, a oposição se apresenta dividida.

Na minha opinião o jundiaiense assimilou bem os governos do PSDB, e provavelmente vai continuar no poder por mais um tempo. Na última eleição, José Serra ganhou nas duas zonas eleitorais, bem como o Alckmin para a presidência. No entanto, Eduardo Suplicy ganhou a eleição para senador. No referendo sobre o desarmamento, deu não com 61% (tive preguiça de somar o resultado das eleições 2006...)

Destaquei alguns pontos e nos próximos dias me comprometo a procurar nos programas dos partidos alguns destes itens. Desde já descarto votar em Gérson Sartori por total antipatia, tanto ao partido como ao candidato.

Renda

Eu tava fuçando em algumas estatísticas e vi que o jundiaiense ganha pouco. O rendimento médio no vínculo empregatício é de R$ 1.363,13, contra R$ 1.441,44 do Estado (valores de 2006), mas o PIB per capita de Jundiaí é muito maior do que a do Estado, R$ 29.540,94 contra R$ 17.977,31. Bem, a renda do jundiaiense, nem do paulista, está lá muito associada ao trabalho, mas em Jundiaí, isso fica bem claro. O maior empregador do jundiaiense é a indústria, e em nossa cidade ela paga mais que no Estado (R$ 1.835,53 contra R$ 1.698,00 no Estado, em 2006). No entanto, o setor que mais cresce é o de serviços, e aí nossa cidade perde feio (R$ 1.203,46 contra R$ 1.557,85, em 2006). Considerando que o setor de serviços cresce em todo lugar, pode ser indicador de uma cidade moderna ou de uma informalidade crescente, a prova dos nove é a renda que ela gera, e pelo jeito, na nossa cidade não é um setor de serviços associado com tecnologia, que poderia aumentar a renda.

Acho que a prefeitura pode incentivar setores com maior renda, através da educação, bem como incubadoras e infra-estrutura. Afinal, somos vizinhos de duas metrópoles que respiram tecnologia e outros serviços, poderíamos nos beneficiar disso.

Igualdade entre os Sexos

Este tópico não estava na lista, no entanto, nessa história de olhar as rendas, vi que a mulher jundiaiense ganha bem menos que a mulher paulista; enquanto no Estado de São Paulo, a mulher ganha em média 20% a menos que os homens, em Jundiaí, isso aumenta para 30%. Será que isso também não pode ser resolvido com mais creches e estímulo para a mulher jundiaiense se profissionalizar??


Educação

O jundiaiense estuda em média 8 anos, um pouquinho a mais que o Estado, 7 e qualquer coisa. Não é pouco?? Se isso tiver correlação com a renda, isso pode ser uma forma de aumentar a renda do jundiaiense. Além do mais, nossa cidade não tem universidade pública, e isso mercantiliza ainda mais o ensino superior na nossa cidade. Na última campanha, isso foi tema da campanha de Sorocaba e eles conseguiram um campo da UFSCAR. Além disso, só 45% da população entre 18 e 24 anos tem o ensino médio completo. Estamos falando de um ensino médio que anda bem desacreditado na rede pública do Estado. É possível o prefeito influenciar para aumentar a oferta de vagas e estimular essa taxa para o alto.

Trânsito e Transporte

Por último, acredito que Jundiaí não é uma cidade amigável para o pedestre e o ciclista, nem tampouco para os motorista. Matamos mais no trânsito que o Estado (Morre 17,72 contra 16,82 do Estado para cada 100.000 habitantes). Além disso, temos um índice de 1,83 habitantes por automóvel, um dos maiores do Estado. A população transportada nos ônibus cai constantemente desde de 2000. Não é a toa que me sinto mais inseguro andando da estação de trem até em casa em Jundiaí, do que aqui em São Paulo!

Adoraria votar num candidato que agisse em duas frentes, numa, pensando em soluções de traffic calming em áreas movimentadas e ampliando esta solução no centro da cidade; noutra, pensando num plano municipal de ciclovias. Acho interessante pensar na bicicleta não como um lazer, mas como um meio de transporte. Temos bairros residenciais muito próximos do centro e que poderiam ser estimulados a se moverem por bicicleta. Por que não instalar bicicletários nos terminais de ônibus?? Seria mais uma forma de estimular o uso da bicicleta, e ainda assim incrementar os usuários do transporte público.

Bem, a princípio é isso que vai me nortear nas próximas eleições.


domingo, agosto 10, 2008

Claudia (ou Marina?)

Pode ser que a meia idade tenha chegado para mim antes do tempo, mas não tenho como não admitir que a grande diversão deste fim de semana, quem me deu foi a revista Cláudia. Sempre tive uma quedinha pela revista. Adorava ir a dentistas e cabeleireiros onde a encontrava. Por sorte do destino, minha mãe assinou a dita cuja e agora quando vou para Jundiaí eu a leio! Tenho que lembrar que somente um certo tempo de amadurecimento me permitiu dizer isso em público.

Tenho trabalhado ultimamente com algumas mulheres tão machistas, tão retrógradas, que para mim é até uma surpresa ver uma manifestação de feminismo em algum lugar, e aí entra a Revista Cláudia. Lógico, que a revista representa um certo tipo de mulher que provavelmente não anda de trem, que tem faxineira, que tem um certo dinheiro, mas que também têm um certo orgulho de ser mulher, que têm sonhos, que convive com famílias modernas, que passam por conflitos na criação de seus filhos. Acho que o grande mérito da revista é mostrar o conflito entre a realização dos sonhos de uma mulher, sem perder sua feminilidade.

Para algumas feministas as tais páginas de sexo e de moda e de decoração que fizeram a revista famosa, o jeito com que esses assuntos são tratados pode parecer machismo. Mas será que uma mulher moderna, além do trabalho, não continua se preocupando com moda e sexo? Aí aparece para mim o desafio interessante, como ser mulher num mundo de trabalho totalmente masculino? Bem, tanto na Cebrace como na CPTM, tirando raras exceções, ou as mulheres se tornavam totalmente masculinizadas para enfrentar esse mundo, ou se portavam como mulheres-vítimas, utilizando-se de charminho e dengo para enfrentar o mundo dos homens, se colocando num papel machista horrendo, trazendo nelas mesmas todos os preconceitos da sociedade contra as mulheres. Que mulheres retrógradas! (vide a estagiária de secretária da CPTM que mereceria não só um post a parte, como também um estudo de caso de um psicanalista, ou de uma feminista tal como Camille Paglia)

Neste ponto a Revista Cláudia é uma prova, um pouco meio idealizada, de uma mulher que nos 80 tomou para si uma vanguarda, mas que anda meio sumida nestes 00, pelo menos nos meus círculos de amizades. Danusa Leão escreve textos hipermodernos, muito sensíveis, de alguém que soube ser feminista e feminina. Além disso, a psicanálise ainda é muito presente naquela revista. Que, talvez mais simplificada do que era nos 80, ainda assim mostra um jeito diferente de abordagem que nenhuma outra revista tem.

Por mim, todos deveriam ler uma revista bem acabada assim. Homens, para entender as mulheres e perceberem os restos do machismo ancestral que ainda persiste; mulheres, para se livrar das armadilhas deste machismo que ainda cobre como um véu que ilude as relações.

Bem, vou terminar com uma música da Marina, que é o símbolo de tudo isso que eu falei!

Pra Começar
(Marina/Antônio Cícero)


Pra começar

Quem vai colar

Os tais caquinhos

Do velho mundo


Pátrias, Famílias, Religiões...

E preconceitos

Quebrou não tem mais jeito


Agora descubra de verdade

O que você ama...

Que tudo pode ser seu


Se tudo caiu

Que tudo caia

Pois tudo raia

E o mundo pode ser seu


Pra terminar

Quem vai colar

Os tais caquinhos

Do velho mundo


Pátrias, Famílias, Religiões...

E preconceitos

Quebrou não tem mais jeito


Agora descubra de verdade

O que você ama...

Que tudo pode ser seu


Se tudo caiu

Que tudo caia

Pois tudo raia

E o mundo pode ser seu!