O bom das férias são os cursos de férias. É a possibilidade perfeita de se romper toda uma série de impedimentos que limitam a pessoa da sua ascensão. O sucesso não ocorre por acaso, a gente precisa construir nosso network, um bom círculo de amizades, mentalizar o sucesso, esse é o segredo.
Pensando em sua vida, Lucas deixou sua casa às 6 da manhã vestindo sua melhor roupa. Estagiava na área de controle orçamentário de uma empresa de autopeças. E pensar que o governo lhe tirou duas horas de trabalho, e de salário. Estaria acordando mais cedo se ainda fizesse as 8 horas, mas ganharia mais, muito mais. O trem estava cheio como sempre, se posicionou ao lado da porta, onde ficava escondido do fluxo e tinha uma visão geral do carro. Olhava para as pessoas com ar de superioridade.
Era um rapaz bonito, a musculação tinha lhe dado um porte mais altivo. Como era alto, chamava a atenção dentro do trem. Suas roupas também se destacavam pela forma de dobrar as mangas da camisa, a calça ajustada, os sapatos. Embora nunca tivesse morado em outro local, não se sentia parte dali. Talvez o contato diário com a cidade cosmopolita lhe fazia refletir sobre o tipo de vida que queria e comparar com a que levava.
A ascensão era uma questão de tempo. Tinha porte, era bonito, inteligente. Fazia faculdade, conseguia economizar para ter roupas melhores, cortes de cabelo modernos, era uma questão de oportunidade e ele estava pronto para quando ela surgisse. Empenhou-se e seu inglês estava melhorando. Se fosse efetivado na fábrica, ganharia uma bolsa para fazer inglês numa escola melhor. Triste era pensar que poucos estagiários foram efetivados. Sentia-se pressionado pelas estatísticas das efetivações e por isso tentava ser o melhor dentro do seu departamento. Controle Orçamentário. Triste pensar que o sucesso passasse por lugar tão desanimador. Contadores aposentando lhe mostravam as planilhas do orçamento, e Lucas lera que a gestão de custos era a chave do sucesso das empresas. Sabia que estava no lugar certo!
Saía as 4 e meia. Maldita Lei de Estágios que o fazia enrolar pela cidade por quase duas horas e meia para ir a faculdade ou ao curso de férias. Sua faculdade ficava perto da estação de trem, o caminho do trabalho para a faculdade era feio, mas em compensação sua volta era facilitada. Estava adorando o curso de férias porque fazia com que freqüentasse um lado da cidade que jamais freqüentou. Curso de férias em escola de bacana. Era exatamente isso que precisava para achar as oportunidades. Até o caminho inspirava sucesso. Uma seqüência de prédios maravilhosos, bares, restaurantes. Lera que nesta subprefeitura existia a maior taxa de solteiros da cidade. Eram pessoas como ele, era o lar dos bem-sucedidos.
Entrou na faculdade para o curso “O pensamento estratégico”. Que ótimo estar aqui, pensou. Sentou-se, riu-se do lanche patrocinado. Ninguém ali estava pra brincadeira. Puxou papo, e uma a uma as pessoas foram falando suas origens e suas aspirações. Estava radiante. Pena ter esquecido seus cartões de apresentação. Podia se orgulhar, como alguns ali, morava em um bairro distante, estudava numa escola que não era como aquela, mas também não era das piores e ainda trabalhava numa grande empresa, com possibilidades de efetivação. Olhou para o lado e viu Arnaldo, que como ele também se preparava para o sucesso. Nesta semana de curso de férias tornou-se amigo de Arnaldo, e de maneira bem cúmplice combinaram a baladinha de sexta que seria o encerramento de uma semana de glória. Que bom que o trem funciona a partir das 4, pensou.
Pensando em sua vida, Lucas deixou sua casa às 6 da manhã vestindo sua melhor roupa. Estagiava na área de controle orçamentário de uma empresa de autopeças. E pensar que o governo lhe tirou duas horas de trabalho, e de salário. Estaria acordando mais cedo se ainda fizesse as 8 horas, mas ganharia mais, muito mais. O trem estava cheio como sempre, se posicionou ao lado da porta, onde ficava escondido do fluxo e tinha uma visão geral do carro. Olhava para as pessoas com ar de superioridade.
Era um rapaz bonito, a musculação tinha lhe dado um porte mais altivo. Como era alto, chamava a atenção dentro do trem. Suas roupas também se destacavam pela forma de dobrar as mangas da camisa, a calça ajustada, os sapatos. Embora nunca tivesse morado em outro local, não se sentia parte dali. Talvez o contato diário com a cidade cosmopolita lhe fazia refletir sobre o tipo de vida que queria e comparar com a que levava.
A ascensão era uma questão de tempo. Tinha porte, era bonito, inteligente. Fazia faculdade, conseguia economizar para ter roupas melhores, cortes de cabelo modernos, era uma questão de oportunidade e ele estava pronto para quando ela surgisse. Empenhou-se e seu inglês estava melhorando. Se fosse efetivado na fábrica, ganharia uma bolsa para fazer inglês numa escola melhor. Triste era pensar que poucos estagiários foram efetivados. Sentia-se pressionado pelas estatísticas das efetivações e por isso tentava ser o melhor dentro do seu departamento. Controle Orçamentário. Triste pensar que o sucesso passasse por lugar tão desanimador. Contadores aposentando lhe mostravam as planilhas do orçamento, e Lucas lera que a gestão de custos era a chave do sucesso das empresas. Sabia que estava no lugar certo!
Saía as 4 e meia. Maldita Lei de Estágios que o fazia enrolar pela cidade por quase duas horas e meia para ir a faculdade ou ao curso de férias. Sua faculdade ficava perto da estação de trem, o caminho do trabalho para a faculdade era feio, mas em compensação sua volta era facilitada. Estava adorando o curso de férias porque fazia com que freqüentasse um lado da cidade que jamais freqüentou. Curso de férias em escola de bacana. Era exatamente isso que precisava para achar as oportunidades. Até o caminho inspirava sucesso. Uma seqüência de prédios maravilhosos, bares, restaurantes. Lera que nesta subprefeitura existia a maior taxa de solteiros da cidade. Eram pessoas como ele, era o lar dos bem-sucedidos.
Entrou na faculdade para o curso “O pensamento estratégico”. Que ótimo estar aqui, pensou. Sentou-se, riu-se do lanche patrocinado. Ninguém ali estava pra brincadeira. Puxou papo, e uma a uma as pessoas foram falando suas origens e suas aspirações. Estava radiante. Pena ter esquecido seus cartões de apresentação. Podia se orgulhar, como alguns ali, morava em um bairro distante, estudava numa escola que não era como aquela, mas também não era das piores e ainda trabalhava numa grande empresa, com possibilidades de efetivação. Olhou para o lado e viu Arnaldo, que como ele também se preparava para o sucesso. Nesta semana de curso de férias tornou-se amigo de Arnaldo, e de maneira bem cúmplice combinaram a baladinha de sexta que seria o encerramento de uma semana de glória. Que bom que o trem funciona a partir das 4, pensou.
2 comentários:
O texto tá ótimo... mas me dá um certo medo esse lance todo Voce S.A., sabe? Porque tudo isso molda, deforma, desumaniza as pessoas... Ainda mais numa selva de R$ 17 milhões de pessoas, como é que a gente constrói algo que vá além do império da lei do mais forte?
Li o texto, gostei, senti, mas não sei o que comentar. Acho que não fui bem naquela aula de comentários da oficina. Haha
Só acho que tudo é muito irônico para acabar na baladinha de sexta. Haha
Pô Renato, sumiu meu rapaz!
Abraço
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