quarta-feira, outubro 31, 2007
domingo, outubro 28, 2007
Globalização Periférica
Enfim, cheguei em casa e coloquei o tal do Calypso para tocar enquanto eu estendia a roupa no varal, eis que me veio uma prova através da comparação. O fenômeno Calypso já aconteceu na Argentina, com igual intensidade e utilizou de alguns sons locais com letras melosas para se infiltrar no país todo. Por fim, se tornou um fenômeno de massa, abriu caminho para outros e causou uma dialética interessante: rock argentino x cumbias e quartetos (tropicales). O mais interessante é que tanto Rodrigo na Argentina, como o Calypso aqui, lembram sempre que são de fora, de fora do centro do país. Talvez essa identificação com outros que estão fora do centro ajude na sua massificação, talvez...
Dançando Calypso
Não para não
Vem cá
Me dá a tua mão.
Quero que sinta
Toda essa emoção.
Cavalo manco
Agora eu vou te ensinar
Isso e muito mais
Você só vai encontrar
No Pará (aaaaaaaáaaa)
Soy Cordobés
Soy cordobés!
Me gusta el vino y la joda
Y la tomo sin soda
Porque así pega más
(pega más, pega más)
Soy cordobés!
Me gustan los bailes
Y me sinto en el aire
Si tengo que cantar
De la ciudad de las mujeres más lindas
Del fernet de la birra,
Madrugadas sin par
Soy Cordobés!
Y ando sin documentos
Porque llevo el acento
De Córdoba Capital (eles falam Cordóba! Eu juro!)
Enfim, acho que dá começar a fazer um paralelo.
P.S. A propósito, Calypso é horrível, é um chicletes de ouvido, como ela só fala clichê você guarda rápido, no entanto os temas são péssimos e a voz dela, pior. Agora estou escutando uma música que nunca imaginei que alguém fizesse: maridos e esposas (sic)
quinta-feira, outubro 25, 2007
Radical Intransigente??
Mas não me altere o samba tanto assim
Eu e a CPMF
Nos poucos momentos que posso, entro na Internet rapidinho para olhar em que pé anda a negociação da CPMF no Senado. É engraçado isso, embora realmente acredite que hoje o imposto é imprescindível, é notável o mau-humor com que eu vejo a negociação do PSDB com a proposta.
É uma questão de coerência torcer por uma derrota do governo nesta questão. Pra quem votou em 1998 e 2002 ainda sobre o impacto do discurso do Fernando Henrique em sua despedida ao Senado, que propunha a superação da era Vargas, a modernização do Estado, traçava um paralelo entre o público e o estatal, incentivava a responsabilidade fiscal e da sociedade civil e a desestatização como motor de um choque capitalista; nada mais comum do que se opor a um governo que pretende ser um novo Vargas, que loteia as agências que foram criadas para ser o motor deste choque de capitalismo e que é adepto do personalismo político.
No entanto, o que fazer como o dever de manter a governabilidade? Oras, não podemos tirar do governo um dinheiro que financia a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. É notável o avanço que tivemos em relação a diminuição da desigualdade, e principalmente que as classes D e E têm hoje um crescimento chinês. No entanto, o governo entrou numa reta crescente de gastos públicos (e não só investimentos, mas gasto público mesmo!), sem contar a arrogância e o terrorismo que se posicionaram na aprovação da CPMF.
Considerando tudo isso, gostaria muito de ver o governo não conseguir aprovar a CPMF, seria uma pedra angular do segundo mandato. Embora o Lula consiga eleger até um poste nas eleições de 2010, seria uma forma de criar uma oposição atuante, e que, embora não seja maioria, encontraria eco na sociedade (Já cansei de discutir isso, existe um público anti-Lula grande, convivo com eles, flerto com eles, às vezes me confundo com ele, e isso para mim não é nem golpismo, nem o fim do mundo).
PSDB e a CPMF
Agora começa o achismo. Acho que o PSDB deveria fechar contra a aprovação da CPMF. Não deveria ceder o papel de maior opositor aos Democratas. Deveria assumir essa posição e arcar com as conseqüências, assim como deveria ter se posicionado a favor das privatizações na campanha de 2006.
Essa posição pode causar um acirramento das disputas. O governo é um grande teflon que poderia colocar na oposição a culpa de todos os seus problemas, no entanto, essa atitude seria bem recebida para aqueles que se posicionam na oposição.
Infelizmente, o PSDB não consegue hoje uma unanimidade como conseguiu em 94 e 98. Deveria ler o discurso do Fernando Henrique de despedida ao Senado em 94 e o de posse do Serra no governo em 2006 e perseverar encima destes pontos: modernização do estado, democratização, maior participação da sociedade e responsabilidade fiscal. Manteria sua bancada no congresso e dormiria tranqüilo, sem a mosca azul das concessões visando a possibilidade de voltar ao Planalto.
A União Cívica Radical e a CPMF
Estou fissurado na União Cívica Radical. Hoje, não sou nem petista, nem tucano, sou radical. Não consigo imaginar no Brasil um partido que pôs na democracia seu maior lema. Enquanto as eleições na Argentina não eram secretas, tentou a democratização pela força, quando veio a democratização, defendeu a democracia. Abriu as universidades, governou para a nação que nascia da industrialização. Quando veio o populismo de Perón e dialeticamente surgiram os duros que o tentavam derrubar, se dividiu, parte ponderando os avanços do Peronismo, parte lembrando a ditadura que esse instalava. Veio a ditadura de Perón, veio um golpe sangrento que o derrubou e lá estava a UCR pedindo a democracia. Se dividiu novamente sobre como organizar a nação frente ao túmulo do peronismo. Eram Radicais os únicos presidentes eleitos nos anos 50 e 60. Sofreu oposição tanto dos duros como dos peronistas, sucumbiu a golpes. Apoiou a volta de Perón e combateu a exceção de Isabelita. Veio outro golpe. Se posicionou a favor dos direitos humanos, quando isso era uma grande subversão. Veio a democracia, e tentou refazer o Estado, julgando o passado e o mantendo dentro da Lei. Foi destroçada pelo sonho de uma Argentina Rica, e quando o sonho naufragou, voltou ao poder. Sucumbiu novamente e hoje embora na oposição, é a oposição democrática, sem sobressaltos, sem personalismo. São radicais na defesa da democracia, de valores individuais, da universidade pública. Acho que são a consciência dos argentinos. As vezes as paixões se sobrepõe, e depois, sempre volta a consciência. Dos 6 presidentes que elegeu, somente Marcelo Alvear conseguiu terminar o mandato, Yrigoyen, Frondizi e Ilía foram depostos, Alfonsín e De la Rua renunciaram. Seu fundador se suicidou. Acho que isso prova como sucumbem as paixões, mas sempre voltam. Adorei a frase de Leandro Alem (fundador) na sua carta testamento. Que sé rompa, pero que no se doble!
Aposto que a UCR não fecharia questão na CPMF. No entanto, seus parlamentares votariam contra, perderiam, mas continuariam a votar contra!
terça-feira, outubro 23, 2007
Mais um post tanguero...
Abaixo vai o tango mais reacionário que existe. Com todas as características acima, é impossível existir um tango revolucionário. No entanto, Cambalache, é o mais reacionário de todos. Quando o ouço, imagino um velhinho com o La Nación embaixo do braço conversando no metrô com outro velhinho. O engraçado de tudo é que o tango teve sua época dourada no auge da Argentina, quando a classe média chegou ao poder depois da Revolução do Parque (ok, chegou ao poder 26 anos depois da Revolução do Parque, mas foi graças a ela) e quando a reforma universitária abriu a universidade pública para todos.
Imagino o velhinho, na época do Perón, onde todo aquele mundo que surgiu com a Revolução do Parque veio abaixo; não é a toa que Cambalache é um tango tão pessimista. Fazendo uma extrapolação politicamente incorreta, acho que cabe para um velhinho venezuelano também, que está vendo o declínio da sua geração. No fim, acho que o pessimismo é mais uma reação aos novos tempos que uma coisa inata.
Queria fazer um paralelo entre Perón e Chavez, no entanto ...
Cambalache
(Enrique Santos Discépolo)
Que el mundo fue y será una porquería
sábado, outubro 20, 2007
Antitango
Encontram-se para beber. Existe sempre a necessidade de ver o mundo, senti-lo. E o mundo entra na vida de ambos e eles enxergam o mundo dos dois; Como se fosse possível voltar ao passado, como no dia que se encontraram. Embora o bar não fosse o mesmo, o encantamento era igual ao primeiro dia. E falaram do mundo, falaram deles. Beberam, riram. Sem querer, perceberam que já havia passado algum tempo e que o futuro era tão palpável como ir para Mongólia. Ambos gostam de músicas tristes, trágicas e histéricas e, no entanto, estavam vivendo um antitango.
Los Mareados
(Luis Carlos Cobián, Enrique Cadícamo)
Rara...
hallé bebiendo
linda y fatal...
Bebías
y en el fragor del champán,
loca, reías por no llorar...
Pena
Me dio encontrarte
pues al mirarte
yo vi brillar
tus ojos
con un eléctrico ardor,
tus bellos ojos que tanto adoré...
Esta noche, amiga mía,
el alcohol nos ha embriagado...
¡Qué importa que se rían
y nos llamen los mareados!
Cada cual tiene sus penas
y nosotros las tenemos...
Esta noche beberemos
porque ya no volveremos
a vernos más...
Hoy vas a entrar en mi pasado,
en el pasado de mi vida...
Tres cosas lleva mi alma herida:
amor... pesar... dolor...
Hoy vas a entrar en mi pasado
y hoy nuevas sendas tomaremos...
¡Qué grande ha sido nuestro amor!...
Y, sin embargo, ¡ay!,
mirá lo que quedó...
sábado, outubro 13, 2007
On the Trails!
Y no hay nada como tu amor
Como medio de transporte
Tudo estava igual como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!
Carro, ônibus, metrô. Pausa. Metrô, subúrbio, circular. Acho que passei por todos os tipos possíveis de transportes urbanos (e suburbanos) para vir de São José dos Campos a Jundiaí! A vontade de sumir era grande, a pobreza deste mês motivou também, e no fim descobri que consigo vir a Jundiaí com apenas R$ 2.30! (Mais R$ 2,30 de circular em Jundiaí, caso a mala esteja pesada!)
Além do dinheiro, o sair de viagem é fantástico, o chegar mais fantástico ainda. Seja o chegar numa catraca de metrô, seja chegar à porta de casa. Saudade é um ótimo motivador de movimentos. Como bom romântico que sou, adepto das fugas e das saudades; estou sempre em movimento!
Minha nova paixão: trens
É fantástico andar de subúrbio. É uma experiência que todo mundo deveria passar. O trem é a cidade na sua essência, gente de todo. Sem preconceito nenhum. Lógico, que quando estava nele ficava imaginando como as pessoas que convivem comigo enxergariam aquilo. Uns falariam do perigo, crimes, assaltos. Outros, da total falta de classe. Outros tirariam sarro de estar num meio de transporte tão pobre. Quem realmente importa? Achou fantástico!
Momento terapia
Busco muito minha individualidade, essa busca já me alargou tantas fronteiras que acho que valeu a pena essa necessidade de me diferenciar. Depois de algumas sessões de terapia falando sobre a facilidade com que desfaço meus laços, tenho certeza que esse movimento foi um importante formador de identidade. Agora chega! Estou na fase mantê-los, e que laços bons são os de agora!
terça-feira, outubro 09, 2007
E no meio da bagunça encontrei Calamaro
Quando estava na Argentina e escutava alguma coisa interessante, tentava criar um paralelo com alguém do Brasil para traçar exemplificar o que estava escutando. Não sei se consigo fazer esse paralelo com Calamaro. Ele é Pop com certeza. Tem uma modernidade a la Skank algumas vezes, tem um certo quê de Arnaldo Antunes. Talvez ele não se considere um pop afinal é colocado no rol dos cantantes de rock argentino. Enfim, tem frases ótimas, tem músicas que tocam muito nas rádios, e é um argentino típico.
O que me prende às suas músicas é realmente esta desconstrução toda que ele se impõe. Não estou falando nada de música, de conceitos, e sim da situações que suas músicas retratam. Os romances são reais, não românticos, mas as reações são fantásticas; as fugas, incríveis; e nesse universo entra o bar (Salud, Copa Rota, Milonga del Marinero), metáforas ótimas sobre relacionamentos (Paloma, Flaca, Negrita). Em algumas músicas o passado volta, seja recordação (Por no olvidar), seja fisicamente (Negrita).
Temos todos os elementos para ser um cantor que beira o brega, o Jota Quest (que eu odeio) já tratou de todos estes temas e ainda consegue vender Fanta, no entanto Calamaro tem um humor raro. Lança pérolas, se mostra com humor, um humor até negro. E o melhor: não consigo me lembrar de uma música que ele não acabe entrando em um processo de auto-análise. Com certeza o cara deve ser um pouco egoísta, afinal, mesmo nas canções que falam de outras pessoas, o narrador toma espaço e se põe de maneira surpreendente.
Esses processos de auto-análise podem ser depressivos (Media Verónica), mas também de uma tranformação engraçadíssima (El Salmón). O legal é que ele tira sarro nos nossos problemas pequeno-burgueses sendo um típico. Suas canções são cosmopolitas como Buenos Aires, e embora seja um porteño padrão, nunca ouvi na sua música qualquer referência ao Rio da Prata, nem tampouco o fato da cidade estar no Rio (balelinha presente em todo mundo), pelo contrário, fala muito de mar!
Um outro fato interessantíssimo é que ele migrou para a Espanha no começo dos 90 e fundou lá uma banda, Los Rodríguez que fez muito sucesso, e depois voltou pra Argentina. Enfim, se aquela história do homem que refaz por si só todo o caminho da sua civilização for verdade, ele está refazendo por si só a história do povo dele (ok, todo turista tende a generalizar, sendo assim, fui a Buenos Aires e só vi Andrés Calamaros por lá!)
Estou numa fase tão cosmopolita, moderna, ao mesmo tempo, sem o “tudo que é sólido se desmancha no ar”. Uma fase consistente, enfim, foi ótimo encontrar Calamaro neste período. Claro que tudo isso não tem nada a ver com São José dos Campos nem com SAP. São Paulo hoje já está melhor que Buenos Aires, pelo menos para mim!
Algumas músicas:
Flaca
Media Verónica
Negrita
Donde Manda, Marinero
Mucho Mejor
Paloma
Mi enfermedad
Por no olvidar
Te quiero igual
Salud
El Salmón
Flaca
segunda-feira, outubro 01, 2007
De quem é essa África??
“Cuando manyés que a tu lado
Se proban la ropa que vas a dejar”
Depois de um período de expansão do crédito, aumento desenfreado nos consumos; depois de meses de uma vida cosmopolita de prazeres. Chegou a hora de um acerto de contas. Ortodoxo, liberal, bem consenso de Washington.
O plano é simples e responde pelo nome de Burkina Faso. O PIB per capita deste país é quase a minha renda mensal. No entanto, antes que minha renda se torne uma renda burquinense, faz com que seja necessário cortes drásticos!
O plano é simples:
Superávit primário;
Manter as dotações orçamentárias do projeto Belezinha-2011;
Diminuição do patrimônio a partir de março de 2008;
A princípio a aplicação do plano se dará pelo acompanhamento das contas e pelo controle solidário dos gastos com diversão. Aluguéis de vídeos e cinemas serão substituídos por dvds emprestados e gravados por Maurice. Livros e revistas serão substituídos por livros comprados não lidos (comecei agora com El Vuelo de la Reina, e seguindo a história do Salazar). Músicas poderão ser baixadas da Internet, já que a banda larga ainda está no plano de investimento. Não serão admitidas viagens de carro para fora do Vale do Paraíba.
O plano requer uma certa dose de calvinismo, mas... agora eu acho que vou conseguir!