terça-feira, outubro 23, 2007

Mais um post tanguero...

Cambalache

Em virtude do post anterior, entrei numa fase tanguera novamente. Graças a Deus estas fases não duram muito, afinal, no tango nada é bom. As mulheres são más, o mundo é mau e a única solução para o mundo é a fuga, seja para uma terra prometida, seja parao passado, seja na morte. E aí veio um estalo: o tango é mal do século 19 na música do século 20. Afinal, nada mais Romantismo que amores não correspondidos, bebidas e saudade. Talvez daqui 100 anos vamos olhar para os emos desta forma.

Abaixo vai o tango mais reacionário que existe. Com todas as características acima, é impossível existir um tango revolucionário. No entanto, Cambalache, é o mais reacionário de todos. Quando o ouço, imagino um velhinho com o La Nación embaixo do braço conversando no metrô com outro velhinho. O engraçado de tudo é que o tango teve sua época dourada no auge da Argentina, quando a classe média chegou ao poder depois da Revolução do Parque (ok, chegou ao poder 26 anos depois da Revolução do Parque, mas foi graças a ela) e quando a reforma universitária abriu a universidade pública para todos.

Imagino o velhinho, na época do Perón, onde todo aquele mundo que surgiu com a Revolução do Parque veio abaixo; não é a toa que Cambalache é um tango tão pessimista. Fazendo uma extrapolação politicamente incorreta, acho que cabe para um velhinho venezuelano também, que está vendo o declínio da sua geração. No fim, acho que o pessimismo é mais uma reação aos novos tempos que uma coisa inata.

Queria fazer um paralelo entre Perón e Chavez, no entanto ...


Cambalache
(Enrique Santos Discépolo)

Que el mundo fue y será una porquería
ya lo sé...
¡En el quinientos seis
y en el dos mil también!.
Que siempre ha habido chorros,
maquiavelos y estafaos,
contentos y amargaos,
valores y dublés...
Pero que el siglo veinte
es un desplieguede maldá insolente,
ya no hay quien lo niegue.
Vivimos revolcaosen un merengue
y en un mismo lodo
todos manoseaos...
¡Hoy resulta que es lo mismo
ser derecho que traidor!...
¡Ignorante, sabio o chorro,
generoso o estafador!
¡Todo es igual!
¡Nada es mejor!
¡Lo mismo un burro
que un gran profesor!
No hay aplazaos
ni escalafón,
los inmorales
nos han igualao.
Si uno vive en la impostura
y otro roba en su ambición,
¡da lo mismo que sea cura,
colchonero, rey de bastos,
caradura o polizón!...
¡Qué falta de respeto,
qué atropelloa la razón!
¡Cualquiera es un señor!
¡Cualquiera es un ladrón!
Mezclao con Stavisky va Don Bosco
y "La Mignón",
Don Chicho y Napoleón,
Carnera y San Martín...
Igual que en la vidriera irrespetuosa
de los cambalaches
se ha mezclao la vida,
y herida por un sable sin remaches
ves llorar la Bibliacontra un calefón...
¡Siglo veinte, cambalache
problemático y febril!...
El que no llora no mama
y el que no afana es un gil!
¡Dale nomás!¡Dale que va!
¡Que allá en el horno
nos vamo a encontrar!
¡No pienses más,
sentate a un lao,
que a nadie importa
si naciste honrao!
Es lo mismo el que labura
noche y día como un buey,
que el que vive de los otros,
que el que mata, que el que cura
o está fuera de la ley...

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