Ta legal, eu aceito o argumento,
Mas não me altere o samba tanto assim
Eu e a CPMF
Nos poucos momentos que posso, entro na Internet rapidinho para olhar em que pé anda a negociação da CPMF no Senado. É engraçado isso, embora realmente acredite que hoje o imposto é imprescindível, é notável o mau-humor com que eu vejo a negociação do PSDB com a proposta.
É uma questão de coerência torcer por uma derrota do governo nesta questão. Pra quem votou em 1998 e 2002 ainda sobre o impacto do discurso do Fernando Henrique em sua despedida ao Senado, que propunha a superação da era Vargas, a modernização do Estado, traçava um paralelo entre o público e o estatal, incentivava a responsabilidade fiscal e da sociedade civil e a desestatização como motor de um choque capitalista; nada mais comum do que se opor a um governo que pretende ser um novo Vargas, que loteia as agências que foram criadas para ser o motor deste choque de capitalismo e que é adepto do personalismo político.
No entanto, o que fazer como o dever de manter a governabilidade? Oras, não podemos tirar do governo um dinheiro que financia a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. É notável o avanço que tivemos em relação a diminuição da desigualdade, e principalmente que as classes D e E têm hoje um crescimento chinês. No entanto, o governo entrou numa reta crescente de gastos públicos (e não só investimentos, mas gasto público mesmo!), sem contar a arrogância e o terrorismo que se posicionaram na aprovação da CPMF.
Considerando tudo isso, gostaria muito de ver o governo não conseguir aprovar a CPMF, seria uma pedra angular do segundo mandato. Embora o Lula consiga eleger até um poste nas eleições de 2010, seria uma forma de criar uma oposição atuante, e que, embora não seja maioria, encontraria eco na sociedade (Já cansei de discutir isso, existe um público anti-Lula grande, convivo com eles, flerto com eles, às vezes me confundo com ele, e isso para mim não é nem golpismo, nem o fim do mundo).
PSDB e a CPMF
Agora começa o achismo. Acho que o PSDB deveria fechar contra a aprovação da CPMF. Não deveria ceder o papel de maior opositor aos Democratas. Deveria assumir essa posição e arcar com as conseqüências, assim como deveria ter se posicionado a favor das privatizações na campanha de 2006.
Essa posição pode causar um acirramento das disputas. O governo é um grande teflon que poderia colocar na oposição a culpa de todos os seus problemas, no entanto, essa atitude seria bem recebida para aqueles que se posicionam na oposição.
Infelizmente, o PSDB não consegue hoje uma unanimidade como conseguiu em 94 e 98. Deveria ler o discurso do Fernando Henrique de despedida ao Senado em 94 e o de posse do Serra no governo em 2006 e perseverar encima destes pontos: modernização do estado, democratização, maior participação da sociedade e responsabilidade fiscal. Manteria sua bancada no congresso e dormiria tranqüilo, sem a mosca azul das concessões visando a possibilidade de voltar ao Planalto.
A União Cívica Radical e a CPMF
Estou fissurado na União Cívica Radical. Hoje, não sou nem petista, nem tucano, sou radical. Não consigo imaginar no Brasil um partido que pôs na democracia seu maior lema. Enquanto as eleições na Argentina não eram secretas, tentou a democratização pela força, quando veio a democratização, defendeu a democracia. Abriu as universidades, governou para a nação que nascia da industrialização. Quando veio o populismo de Perón e dialeticamente surgiram os duros que o tentavam derrubar, se dividiu, parte ponderando os avanços do Peronismo, parte lembrando a ditadura que esse instalava. Veio a ditadura de Perón, veio um golpe sangrento que o derrubou e lá estava a UCR pedindo a democracia. Se dividiu novamente sobre como organizar a nação frente ao túmulo do peronismo. Eram Radicais os únicos presidentes eleitos nos anos 50 e 60. Sofreu oposição tanto dos duros como dos peronistas, sucumbiu a golpes. Apoiou a volta de Perón e combateu a exceção de Isabelita. Veio outro golpe. Se posicionou a favor dos direitos humanos, quando isso era uma grande subversão. Veio a democracia, e tentou refazer o Estado, julgando o passado e o mantendo dentro da Lei. Foi destroçada pelo sonho de uma Argentina Rica, e quando o sonho naufragou, voltou ao poder. Sucumbiu novamente e hoje embora na oposição, é a oposição democrática, sem sobressaltos, sem personalismo. São radicais na defesa da democracia, de valores individuais, da universidade pública. Acho que são a consciência dos argentinos. As vezes as paixões se sobrepõe, e depois, sempre volta a consciência. Dos 6 presidentes que elegeu, somente Marcelo Alvear conseguiu terminar o mandato, Yrigoyen, Frondizi e Ilía foram depostos, Alfonsín e De la Rua renunciaram. Seu fundador se suicidou. Acho que isso prova como sucumbem as paixões, mas sempre voltam. Adorei a frase de Leandro Alem (fundador) na sua carta testamento. Que sé rompa, pero que no se doble!
Aposto que a UCR não fecharia questão na CPMF. No entanto, seus parlamentares votariam contra, perderiam, mas continuariam a votar contra!
Mas não me altere o samba tanto assim
Eu e a CPMF
Nos poucos momentos que posso, entro na Internet rapidinho para olhar em que pé anda a negociação da CPMF no Senado. É engraçado isso, embora realmente acredite que hoje o imposto é imprescindível, é notável o mau-humor com que eu vejo a negociação do PSDB com a proposta.
É uma questão de coerência torcer por uma derrota do governo nesta questão. Pra quem votou em 1998 e 2002 ainda sobre o impacto do discurso do Fernando Henrique em sua despedida ao Senado, que propunha a superação da era Vargas, a modernização do Estado, traçava um paralelo entre o público e o estatal, incentivava a responsabilidade fiscal e da sociedade civil e a desestatização como motor de um choque capitalista; nada mais comum do que se opor a um governo que pretende ser um novo Vargas, que loteia as agências que foram criadas para ser o motor deste choque de capitalismo e que é adepto do personalismo político.
No entanto, o que fazer como o dever de manter a governabilidade? Oras, não podemos tirar do governo um dinheiro que financia a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. É notável o avanço que tivemos em relação a diminuição da desigualdade, e principalmente que as classes D e E têm hoje um crescimento chinês. No entanto, o governo entrou numa reta crescente de gastos públicos (e não só investimentos, mas gasto público mesmo!), sem contar a arrogância e o terrorismo que se posicionaram na aprovação da CPMF.
Considerando tudo isso, gostaria muito de ver o governo não conseguir aprovar a CPMF, seria uma pedra angular do segundo mandato. Embora o Lula consiga eleger até um poste nas eleições de 2010, seria uma forma de criar uma oposição atuante, e que, embora não seja maioria, encontraria eco na sociedade (Já cansei de discutir isso, existe um público anti-Lula grande, convivo com eles, flerto com eles, às vezes me confundo com ele, e isso para mim não é nem golpismo, nem o fim do mundo).
PSDB e a CPMF
Agora começa o achismo. Acho que o PSDB deveria fechar contra a aprovação da CPMF. Não deveria ceder o papel de maior opositor aos Democratas. Deveria assumir essa posição e arcar com as conseqüências, assim como deveria ter se posicionado a favor das privatizações na campanha de 2006.
Essa posição pode causar um acirramento das disputas. O governo é um grande teflon que poderia colocar na oposição a culpa de todos os seus problemas, no entanto, essa atitude seria bem recebida para aqueles que se posicionam na oposição.
Infelizmente, o PSDB não consegue hoje uma unanimidade como conseguiu em 94 e 98. Deveria ler o discurso do Fernando Henrique de despedida ao Senado em 94 e o de posse do Serra no governo em 2006 e perseverar encima destes pontos: modernização do estado, democratização, maior participação da sociedade e responsabilidade fiscal. Manteria sua bancada no congresso e dormiria tranqüilo, sem a mosca azul das concessões visando a possibilidade de voltar ao Planalto.
A União Cívica Radical e a CPMF
Estou fissurado na União Cívica Radical. Hoje, não sou nem petista, nem tucano, sou radical. Não consigo imaginar no Brasil um partido que pôs na democracia seu maior lema. Enquanto as eleições na Argentina não eram secretas, tentou a democratização pela força, quando veio a democratização, defendeu a democracia. Abriu as universidades, governou para a nação que nascia da industrialização. Quando veio o populismo de Perón e dialeticamente surgiram os duros que o tentavam derrubar, se dividiu, parte ponderando os avanços do Peronismo, parte lembrando a ditadura que esse instalava. Veio a ditadura de Perón, veio um golpe sangrento que o derrubou e lá estava a UCR pedindo a democracia. Se dividiu novamente sobre como organizar a nação frente ao túmulo do peronismo. Eram Radicais os únicos presidentes eleitos nos anos 50 e 60. Sofreu oposição tanto dos duros como dos peronistas, sucumbiu a golpes. Apoiou a volta de Perón e combateu a exceção de Isabelita. Veio outro golpe. Se posicionou a favor dos direitos humanos, quando isso era uma grande subversão. Veio a democracia, e tentou refazer o Estado, julgando o passado e o mantendo dentro da Lei. Foi destroçada pelo sonho de uma Argentina Rica, e quando o sonho naufragou, voltou ao poder. Sucumbiu novamente e hoje embora na oposição, é a oposição democrática, sem sobressaltos, sem personalismo. São radicais na defesa da democracia, de valores individuais, da universidade pública. Acho que são a consciência dos argentinos. As vezes as paixões se sobrepõe, e depois, sempre volta a consciência. Dos 6 presidentes que elegeu, somente Marcelo Alvear conseguiu terminar o mandato, Yrigoyen, Frondizi e Ilía foram depostos, Alfonsín e De la Rua renunciaram. Seu fundador se suicidou. Acho que isso prova como sucumbem as paixões, mas sempre voltam. Adorei a frase de Leandro Alem (fundador) na sua carta testamento. Que sé rompa, pero que no se doble!
Aposto que a UCR não fecharia questão na CPMF. No entanto, seus parlamentares votariam contra, perderiam, mas continuariam a votar contra!
Um comentário:
Mas, Renato, que mãe desnaturada seria o PSDB se votasse pelo fim da CPMF; afinal, "quem pariu Mateus que o embale..." (e só um parênteses: qualquer julgamento do passado pelo governo Alfonsin foi eclipsado pela promulgação da lei do Ponto Final e Obediência Devida, leis que saíram, inclusive, das entranhas dos radicais...
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