As comissões de fábrica são uma experiência fantástica de democracia real e uma escola para um sindicalismo democrático que participa da vida do trabalhador, sendo bem mais efetivo que a contribuição sindical compulsória e as famigeradas cartinhas denunciando o acordo coletivo.
Comissão não é sindicato, enquanto um cuida de interesses maiores, setoriais, a comissão é o espaço para o debate local, para os problemas da organização onde trabalham. Traz em si uma possibilidade de solidariedade entre os trabalhadores que a tecnologia corrói. Num escritório, onde não existe uma solidariedade bem definida, como numa fábrica, e onde a ilusão de desenvolvimento pessoal e de carreira faz com que o outro trabalhador seja um inimigo potencial ao ilusório caminho inexorável do sucesso; uma comissão de fábrica daria consciência aos colarinhos brancos do seu status proletário, uma vez que os problemas que atingem a um, no que tange à organização, atingem a todos.
No entanto, como pensar num mecanismo tão avançado de participação dos trabalhadores, num quadro onde a comissão já existente, a CIPA, é totalmente dominada pelo Estado, na sua concepção, pelos patrões, na sua constituição e pelo sindicalismo pelego que aí vê uma possibilidade de se manter atuante num quadro de deterioração da imagem dos sindicatos. Também há a questão da estabilidade do cipeiro que seria um fator de segurança para atuação e hoje é um motivo de acomodação aos interesses patronais.
O primeiro passo para esse florescimento de comissões verdadeiramente representativas passa pela total desregulamentação dos sindicatos. A crise destes pode ser comparada à dos partidos; mas, embora os partidos tenham um papel institucional, o sindicato está livre para ser realmente desvinculado do Estado. Se não somos obrigados a sermos filiados a algum partido, por que somos obrigados a sermos sindicalizados? Por que contribuir com sindicados cujos membros desconhecemos e que tomam decisões que não concordamos?
É muito triste pensar que nossos sindicatos foram concebidos e continuam atuando de uma maneira fascista e é por isso que se só aglomeram pessoas através do fausto de um sorteio de apartamento ou de um show sertanejo.
O sindicato livre,que talvez tenha menos dinheiro e trabalhadores, por sua vez, seria fruto de um acordo de trabalhadores, firmado na convivência real do trabalho e pelas comissões de fábrica que seriam a primeira instância para a tomada de consciência de seu papel proletário. Essa experiência sim traria lutas dignas como a luta pela redução da jornada de trabalho de fato, greves legítimas, não somente no setor público onde prejudica somente a vida dos pobres, mas contra o capital, onde esse estiver em desacordo com as reivindicações dos trabalhadores (as vezes eu acredito que sempre estarão em desacordo, mas na maioria das vezes sou socialdemocrata suficiente para acreditar nas conciliação).
Acho que o sindicato livre é meu maior desejo para este Primeiro de Maio.
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