terça-feira, junho 05, 2007

Erundina Sim!


Um governo democrático e popular


Acho que uma das coisas que mais me entusiasmou de criança foi a eleição para a Prefeitura de São Paulo em 1988. É engraçado; uma das imagens mais antigas que eu tenho na minha memória foi a eleição de Quércia em 1986. A eleição da Erundina já foi num momento de maior consciência.

Hoje, por acaso, acabei descobrindo uma entrevista da Erundina de 1990, completando 1 ano e meio da sua posse. Achei incrível como alguns assuntos são tão atuais e ao mesmo tempo, olhando sob a ótica com que acompanhamos política hoje, são tão radicais.

Cabe lembrar, que o governo Erundina e de outros petistas da mesma época, como Jacó Bittar em Campinas, sempre foi contestado pelo próprio partido como governos que se renderam ao capital. No entanto, não encontramos durante a gestão da Marta Suplicy, ou da Izalene Tiene em Campinas, propostas tão revolucionárias, e tão cativantes como às expostas pela Erundina nesta entrevista.

É incrível a percepção da dimensão do poder local, e como este pode ser articulado numa frente popular. Estimulam-se ali novas formas de participação popular, e com ela se pretende resolver os problemas que a cidade apresenta. Uma coisa também presente e que nós desconhecemos hoje, é um sentido de governo. Dá uma impressão que o governo sabia para onde estava andando.

E a partir daí pode se notar a estatização do transporte público, uma resposta do poder local frente a uma política nacional recessiva e conservadora, o restabelecimento dos canais de conversação com a sociedade.

Acho que esta entrevista me deu uma nova noção do poder local. Ele sim é base de grandes transformações, uma vez que o poder público interfere muito mais na nossa vida cotidiana, que a política nacional.

Sinto-me hoje um personagem apolítico na vida da minha cidade. Não usufruo de nenhum serviço público, minha noção de que o governo vai bem ou não se resume ao estado de conservação das ruas em que transito. Daí a necessidade de uma forma mais radical de governo, trazendo todos para a esfera pública.

Abaixo o link da entrevista:

http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=642

A revista é ligada ao PT, e por isso se torna ainda mais paradigmática esta entrevista. Existe também uma entrevista interessante de Jacó Bittar (praticamente expulso do PT durante sua gestão na prefeitura de Campinas) e de Florestan Fernandes.

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