sexta-feira, junho 15, 2007

Reagan, Reaganomics e os mais espertos da sala


Os mais espertos da sala

Acabei de ver um documentário muito interessante sobre as fraudes que levaram a falência da Enron.

A questão da ideologia é realmente interessante. A cultura do mercado como regulador, de que a ação orientada a interesses é predominante e comum a todos, pode trazer certa nebulosidade sobre o ético e o justo. Afinal, a questão do mercado como uma arena onde todos se orientam de maneira semelhante e onde todos têm o mesmo direito e o mesmo acesso é realmente estimulante e vai realmente de encontro com a nossa noção de liberdade e individualidade. E sendo a regra do mercado você agir de acordo com seu interesse, não é justo você fazê-lo?

O liberalismo econômico é fantástico porque ela devolve para o cidadão o controle da sua vida, e essa sensação de progresso é fantástico! É a mesma sensação de quem tira uma carta e pode dirigir. Com o mercado você pode pôr suas regras e ganhar. É difícil tirar essa ilusão de uma pessoa.

Depois que vi o filme, fiquei com a impressão que muitas das pessoas envolvidas talvez não tenham nenhum sentimento de culpa porque se sentem injustiçadas, uma vez que acreditaram naquele mundo da fantasia e viveram de acordo com as regras que o acompanhava.

E se o importante era valorizar as ações da empresa, nada como ser inteligente, e conseguir ganhar dinheiro onde a lei não impedia (que pode não ser ético, mas é justo), e quando a lei impedia, poderia criar uma ilusão contábil até a lei permitir, ou até conseguir recuperar-se.


Reagan

No colegial apresentei um trabalho de Geografia sobre neoliberalismo e fiquei maravilhado com a figura de Ronald Reagan. Acho que a grande sacada de quem estuda ciências exatas é a concepção que a natureza é simples. E os pensamentos de Reagan eram simples. O Estado e o excesso de regras deformam a principal regra do mercado que é a livre competição. Apoiado numa crença em valores individuais, onde o coletivo é desconstruído em prol da figura do indivíduo, com livre-arbítrio. É muito mais fácil você se motivar com a idéia de que você pode prosperar dependendo exclusivamente de você, do que você é um ser envolvido dentro de um histórico de acontecimentos e que está socialmente determinado.

A idéia é tão cativante, que mesmo dez anos depois de ter contato com Reagan, no final do ano passado, li um livro, Freakonomics, onde tudo poderia ser explicado pelo incentivo, pela lei da compra e venda, da oferta e da procura.

Homo economicus o caralho.

Discutindo recentemente durante o almoço sobre vantagens e desvantagens de ser CLT, cheguei a conclusões horríveis sobre minha participação no mercado de trabalho. Não sou realmente um homo economicus, minhas escolhas geralmente apontam para o menor rendimento possível, talvez até por falta de uma educação econômica. No entanto, mesmo sabendo que poderia ganhar muito mais grana aplicando meu FGTS por aí, ou aplicando o dinheiro que o INSS me retém na fonte; prefiro deixar essa minha consciência na mão do governo. Afinal a tentação das compras é grande e é bem provável que eu me torne um velhinho indigente se esse mercado se regule. Não confio na minha habilidade de gerir fundos! Nem mundos!

A foto

Achei-a paradigmática

Convalescença

Estou de molho devido a uma gripe, que poderia resultar numa sinusite, que me obriga a tomar 6 remédios diários que me dão um sono do cão e que me fez perder a voz! Mas tudo bem!

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