quarta-feira, março 25, 2009

Cordilheira - Daniel Galera

Pode parecer um motivo bem absurdo o porquê de que peguei este livro na biblioteca. Na verdade foram dois motivos. O primeiro é que o autor tem minha idade e não costumo ler gente viva. O segundo é mais banal ainda, o romance se passa em Buenos Aires, o que me fez lembrar muito um gallego muito engraçado que conheci no albergue e me fez percorrer um circuito Borges e terminei num show de tango fantástico no Café Tortoni.

Na verdade a graça do livro está em mostrar a facilidade com que incorporamos personagens. Sempre lembro de uma frase que diz que o homem em sua história percorre por si só todos os caminhos de sua civilização. Numa civilização que criou e cultivou o individualismo (sim, somos ocidentais, periféricos, mas ocidentais) e principalmente após o Romantismo, temos uma gama enorme de personagens para nos guiar, nos fazer refletir, para absorver e absolver.

Podemos trocar de personagens ao sabor dos acontecimentos e num mundo de pacotes CVC, Azul e Bed and Breakfast até podemos trocar de cenários possíveis.

E assim o universal se dissolve em personagens, alguns bens construídos e outros clichês, alguns trágicos e outros dramáticos; arquétipos de inúmeras teorias. Tão diversos e tão difusos que até podem se reduzir ao indivíduo. Nosso próprio personagem que construímos.

Há momentos que o charme do livro está na previsibilidade. O personagem mais autêntico é aquele que a gente pode encontrar no trabalho, no metrô e que por não se envolver em nenhuma trama sinistra ou intelectualóide, se apresenta sem máscaras, ou somente com a máscara da modernidade.

Sou um péssimo crítico. Analiso sem estrutura, sem prestar atenção nas frases. O livro vale ser lido e o título é fantástico já que Buenos Aires não tem Cordilheira e a Cordilheira é também um personagem a ser incorporado.

Nenhum comentário: