segunda-feira, julho 02, 2007

Roadtrip com o Rei


Na estrada com Roberto Carlos

Confesso que minha admiração pelo Roberto Carlos é um pouco démodé, afinal ele é um símbolo da geração dos meus pais. No entanto ele cantou uma das épocas mais intensas da nossa civilização, suas músicas estão relacionadas com a revolução sexual, as mulheres das canções do Roberto Carlos são modernas, liberadas; também cantou o divórcio e outras transformações mais como o movimento ecologista, o movimento hippie.

Ok, pode aparecer até um pouco reacionário por suas voltas às origens que volta e meia apareciam em seu disco, ou até pela religiosidade. Mas nos anos 70 sua religiosidade não era carola, e até as canções de regresso, como O Portão ou Debaixo dos caracóis dos seus cabelos são canções que tem um certo quê moderno, mesmo cantando o regresso.

Aliás, eu realmente não consigo pensar num outro cantor que consiga cantar músicas românticas que cante um amor real, que está acontecendo, sem se tornar baixaria (Wando, Amado Batista, por exemplo), mas que está num limite, um limite até sexy (pensei no Marvin Gaye e no Frank Sinatra, que também caminham por esse limiar). Mesmo suas canções de separação são canções de superação, uma superação não rancorosa nem tampouco brega no estilo “ela me deixou e agora eu canto esta canção”.

Fui para casa esse fim de semana ouvindo Roberto Carlos. Interessante isso, quando preciso pensar, o Roberto Carlos me ajuda! Fui ouvindo 1968 – O Inimitável, e voltei escutando o 1971.

É bobo eu sei, mas fiz uma lista com 10 músicas:

Além do Horizonte (1975)

A minha favorita. Amor leve, Romântico com R maiúsculo, a busca de um lugar idílico. Dá vontade de sumir e aproveitar a “vida sem frescura”. Me dá uma paz essa canção!

Seus Botões (1976)

A música de amorzinho mais bonita que eu já ouvi. Aquela história “nos lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão” é uma descrição interessante. Eu acho bem sexy, aliás.

As canções que você fez para mim (1968)

Uma canção de fim de caso com um argumento interessante, a batida é meio black, a voz dele ainda está meio rock, o que deixa a música bem interessante.

Fé (1978)

Música religiosa, mas não tão focada no catolicismo, nem em culpa nem em arrependimento. É engraçado, mas eu acho que ela define bem Fé. Pelo menos eu sempre lembro da música quando quero relembrar a minha.

Lady Laura (1978)

Talvez seja a mais brega das minhas 10 mais, o clichê está no fato desta busca à mãe, mas não deixa de ser Romântica pela busca da infância como um lugar idílico.

Cama e Mesa (1981)

Passeando no limite da cafonice (se é que já não está, no entanto limiares são percepções muito pessoais). Acho fantástica a relação de sexo e comida, e que a saciedade de uma pode ser substituída pela outra. Sem contar que tem algumas passagens bem amorzinho-gostoso. Mas eu acho que a graça da canção está nesse crescente de frases que culminam num refrão bem legal.

Não serve pra mim (1967 – Em Ritmo de Aventura)

Uma música bem rockzinho, guitarras, tem metais também! E a música é muito chiclete! Descobri essa canção pelo IRA! Mas acho que gostei mais na voz do Roberto Carlos. É meio fossa, mas eu gosto dela.

Não há dinheiro que pague (1968 – O Inimitável)

Meio black essa música! Acho interessante, o tema é romântico, o som é datado, mas é uma canção moderninha.

O Portão (1974)

É um pouquinho reacionária, mas é interessante a volta pra casa relatada.

Amada, Amante (1971)

Amorzinho liberado esse! Um amor sem preconceitos que faz suas próprias leis! O som é datado também, mas a letra é interessante.

Cafonice

Na verdade eu tenho uma teoria sobre a cafonice. Eu acho que cafonice são metáforas e rimas pobres e clichês. O tema não faz uma música cafona, afinal existem músicas maravilhosas sobre temas batidos que graças ao autor se tornam músicas interessantes. Sendo assim, existem algumas músicas do Roberto Carlos que são hiper cafonas porque caem no lugar comum, mas outras, as metáforas são bem interessantes, por isso eu absolvo o Roberto Carlos da condenação geral que a minha geração o olha. Mas, as músicas que eu gosto são todas dos anos 70, talvez o ápice da carreira, amadureceu, cantou os 30 anos das suas fãs e a partir daí deu-se a tragédia.


Medo do Roberto Carlos??

Pois é, a maior lenda na minha casa é o fato que de criança eu morria de medo do Roberto Carlos. Principalmente esta foto que está no blog! Será que eu gosto de Roberto Carlos como forma de superação??

2 comentários:

Fê Guimarães disse...

Roberto Carlos não ganhou a alcunha de Rei à toa. Me arrisco até a dizer que não apareceu até hoje, na música popular brasileira, um cantor (a) que soubesse usar as metáforas e eufemismos para falar de sexo (aquele instintivo, que foge ao nosso controle) tão bem quanto ele.

Anônimo disse...

Claro q eu nao gosto de RC. Mas tem algumas músicas dele cantadas por outras pessoas que marcaram momentos de profunda depressão, principalmente A ILHA e DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO.