quarta-feira, abril 01, 2009

Qué se doble, pero no se rompa!

Se tenho uma certeza na vida é a que se fosse argentino seria radical. A Unión Cívica Radical é um dos partidos que enxergo mais coerente na defesa da democracia. Não é a toa que é Radical e não é a toa que um dia já se chamou Unión Cívica Radical Intransigente.

Nasceu junto com a Revolução do Parque, que é para a Argentina o que foi todo o tenentismo no Brasil, só que ao invés de acabar na Ditadura Vargas, trouxe a democracia para a Argentina, uma democracia radical, que depois acabou eclipsada por vários golpes militares e pela ascensão do Peronismo e todas suas vertentes. No entanto, sempre que se pretendia a normalidade no país, os Radicais chegavam ao poder. Quando as revoluções libertadoras e as voltas sebastianistas levavam o país à ruína, lá estavam os radicais em defesa da democracia. Pode até ser uma democracia burguesa, partidária. Não é a toa que é, ou foi, conhecida como o partido das classes médias.

Insurgiu-se pelo voto secreto e fez de Yrigoyen o primeiro presidente eleito em eleições secretas. Pode-se dizer que foi o primeiro presidente não aristocrático.

Num governo radical conseguiu-se uma das experiências mais radicais e democráticas da gestão da universidade pública. A Reforma Universitária por Alvear, deu acesso a todos os argentinos a universidades. Tanto que na Argentina não existe vestibular, somente em algumas escolas onde o grande número de alunos prejudica o ensino é estabelecido um exame, que ao contrário daqui, admite todos os que passam pela nota limite, e não somente preenche vagas pré-estabelecidas.

Governou a Argentina por seis vezes, sendo que cinco vezes foi derrubada do poder por golpes militares (Yrigoyen, Frondizi e Ilia) ou por tumultos e crise (Alfonsín e De la Rua). Ganhou a fama de nunca terminar um mandato.

Estou escrevendo hoje por causa da morte de Alfonsín. Após o violento golpe que se seguiu ao desastre da volta de Perón ao poder, depois da radicalização e do terrorismo que assolou o país, ao assumir criou o juízo das juntas e uma comissão para unificar o país. Não usou o golpe militar como maneira de manobra para seu governo. Aproximou-se do Brasil e criou e embrião do Mercosul. Infelizmente pela crise econômica e pela oposição ferrenha dos peronistas, numa saída para pacificar o país, renunciou seis meses antes de terminar o mandato passando o poder a Ménem e era Menem, cuja política econômica se baseou na mesma plata dulce dos tempos da ditadura.

Talvez até pela intransigência, hoje a UCR se dividiu, sobrevive como legenda, mas dela surgiram outros partidos, a direita e a esquerda. Mas a UCR sim é um partido que está ligado a democracia, a legalidade e principalmente a um espírito desenvolvimentista.
O título é a frase da carta de suicídio do fundador da UCR, Leandro Além; que talvez tenha sido levada a ferro e fogo por Alfonsín, que atuava no partido até sua doença e morte

2 comentários:

James disse...

Viu a última declaração despeitada do seu ex-presidente favorito? O pior é que eu nem sei se é cara-de-pau ou Alzheimer, rsrsrs.

Renato disse...

Não sei do que se trata... mas se for do Fernando Henrique tem lógica e razão, se fosse do Lula tinha palanque, e só...