O preço da liberdade é a eterna vigilância
Hoje no almoço surgiu o comentário de que não existe um partido de direita no Brasil. Na hora lembrei-me dos Democratas, no entanto, se pensarmos bem, o “poder de fogo” dos Democratas não se compara com a Democracia Cristã alemã ou a União por um Movimento Popular francês. (Não vou pôr aqui o Partido Popular espanhol, não ponho por causa de Raroy, se estivéssemos na era Aznar, poria).
A sequência lógica seria tentar definir aqui o que é Direita, o que torna a coisa mais difícil. Uma vez li numa enciclopédia que a direita se apoiava em quatro pontos: autoridade, comunidade, liberdade e hierarquia. Alguns se apoiando mais em um do que nos outros, mas todos se baseando nesses. Então começamos a delimitar o espaço que eu quero atingir. Temos quatro princípios: autoridade, comunidade, liberdade e hierarquia, e temos dois exemplos: a Democracia Cristã e a UMP.
Se pensarmos em tudo que a Esquerda brasileira chama de direita, vamos encontrar os sociaisdemocratas do PSDB, que não compartilham nem de todos os princípios nem pode ser comparado à UMP, acredito que a maior diferença seja na questão de regulação (não confuda público com estatal), na defesa de mecanismos de inclusão e por não ser tão duro com as questões das liberdades individuais. Fora os tucanos, encontramos um amontoado de partidos paroquiais sem expressão nacional, com algumas figuras carismáticas, atuação fisiológica e sem um projeto de poder e de país (PP, PR entre outros).
Aí entra o poder catalisador dos Democratas. Ao liberar-se do carlismo, na renovação dos seus quadros, tais como Rodrigo Maia, Kátia Abreu, Ônix Lorenzoni, Paulo Bornhausen, Ronaldo Caiado, Solange Amaral, Mendonça Filho e principalmente Gilberto Kassab, os democratas podem preencher esse vácuo à direita. Não duvido que, dentro de um programa coerente e nacional, os Democratas não consigam se viabilizar como uma opção tal qual a UMP.
A defesa da democracia (“o preço da liberdade é a eterna vigilância”), a busca da eficiência na administração pública, a redução do Estado e dos cargos comissionados, a busca pelo empreendedorismo, maior abertura econômica, defesa do agronegócio (com todas as ressalvas ambientais), e principalmente um discurso moderno de liberdades individuais (liberados de influências religiosas ou outros lobbies) podem dar aos Democratas um campo que não é explorado pelos partidos no Brasil. Pelo menos não nacionalmente.
Claro que ainda há resquícios do velho PFL, mas a própria renovação trata de depurá-los. Além do mais, essa história de partido da ditadura já se tornou um pouco chavão demais, não acredito que, fora alguns saudosos da Ditadura, alguém se comovam com esse discurso (que a Marta Suplicy quis aplicar aqui em São Paulo). Afinal, das eleições livres para governador de 1982 para cá, já se foram 27 anos. E no final das contas, quem viabilizou a eleição de Tancredo, foi o PFL.
Um pólo a direita, num país onde falar que uma pessoa é de direita é xingamento, pode reequilibrar as forças políticas nacionais. Afinal, o PSDB no governo, rompeu com os clientelismos e permitiu a eleição de Lula, completando a transição democrática. No final, os dois partidos acabaram tão parecidos que é necessário se diferenciar. Para mim, é claro que o PSDB não quer as bandeiras que citei; mas pelo que a gente lê em jornal, ou nestas pesquisas que vez em quando saem, estes temas são temas a serem discutidos e podem aumentar a força deste partido.
Sem contar que com os Democratas fortes, o PSDB voltaria para seu lugar de origem, deslocado que foi pelo vácuo à direita, e teríamos uma grande surpresa ao ver o quanto o PT teria que se reposicionar.
A democracia brasileira ganharia com um partido mais orgânico e organizado neste campo.
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