quinta-feira, maio 21, 2009

Tempestades e Calmarias

De repente você sente uma calmaria estranha no ar, barômetros caem, a pressão abaixa, quem tem malícia sabe que estamos perto da Tempestade, e ela vem, vem em forma de trabalho, de amores, de amizades mal discutidas, de contas a pagar e a receber não planejadas. Um turbilhão lhe envolve e isso é uma das coisas mais interessantes que existe. Você acaba entrando neste turbilhão e luta com ele, contra ele, usa dele com astúcia, e às vezes é enganado por ele. Se sente o próprio Ulisses na Odisséia.

A Tempestade acaba, seja naturalmente, seja por uma intervenção radical e divina; você se sente num desassossego incrível, como se não pudesse viver sem o turbilhão de coisas acontecendo, e vai desacelerando, olhando para o turbilhão passado e vendo coisas que poderia ter feito diferente, lendo outras coisas, vendo outras paisagens. Quando a calmaria vem, você olha a paisagem, a entende, a interpreta e se prepara para quando os barômetros apitarem novamente você entrar no turbilhão com mais malícia.

Pois bem, do último post até esse, houve a calmaria sinistra, a tempestade e começaram minhas férias e estou olhando a paisagem. Sem pretensões de olhar para frente, nem de reviver nenhum passado. Estou observando e me surpreendendo. As férias são a quaresma do trabalho, não no sentido trágico, mas no sentido da reflexão. Confesso que estou adorando tanto essa reflexão que acabo nem escrevendo muito aqui.

Há muitas coisas que queria falar: de como é fantástico ler Milan Kundera, de como O Leitor é um filme ótimo, como a Adriana Calcanhotto pode fazer um show engraçado e up. Queria falar sobre listas abertas e fechadas, sobre o saco que é fazer mala, sobre o câncer da Dilma, sobre como é gostoso andar na Linha 9 a noite. Infelizmente a paisagem não me permite escrever muito. Acho que nas tempestades encontro mais facilidade de escrever.

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