terça-feira, maio 26, 2009

gabriela + mauricio + francisco = vos

Mauricio Macri pode ser bem o exemplo sobre a questão da direita difusa que escrevi e de como um grupo político pode reunir este espírito de uma maneira moderna e democrática. Para que isso não ocorresse, nem lá na Argentina nem aqui, os ideais de direita não deveriam estar presentes na sociedade. Mas estão. O que talvez exista é uma associação com os políticos de direita com os movimentos antidemocráticos, só que a restauração democrática no continente já é fato consolidado.

Pois bem, faltou explicar o título e os personagens. Mauricio Macri é o chefe de governo da Cidade Autônoma de Buenos Aires (um prefeito com mais poder ou um governador com menos), Gabriela Michetti é a primeira candidata a deputada federal na lista do PRO para as eleições legislativas, Francisco de Narvaez é o primeiro candidato a deputado federal na lista do PRO + peronismo dissidente na Província de Buenos Aires. O PRO é o partido que Macri fundou e que acabou reunindo boa parte da direita difusa, da UCR dissidente, dos apoiadores de Ricardo López Murphy (3º colocado na eleição de Nestor Kirchner) e agora o peronismo dissidente. Peronismo dissidente é a parte do Partido Justicialista que não está alinhada com o casal Kirchner e que na Província de Buenos Aires é representado pelo ex-governador Felipe Solá e pelo ex-presidente Eduardo Duhalde e que tem quase o mesmo número de prefeitos que os prefeitos-K no conurbano. Prefeitos-K são os prefeitos peronistas ou radicais alinhados ao casal Kirchner e conurbano é a região metropolitana da cidade de Buenos Aires que está dentro da Província de Buenos Aires, e é onde estão os distritos eleitorais mais densos.

O título é tema da campanha que aparece na cidade de Buenos Aires e conseqüentemente em toda região metropolitana de Buenos Aires (que está na Província de Buenos Aires). A idéia é que frente a fórmula “ou minha eleição ou o fim da democracia” que o casal Kirchner quer imprimir na campanha, existe uma maneira pragmática e de defesa da democracia em jogo, e esta está no título.

Segundo as pesquisas é quase certo que Michetti ganhe as eleições porteñas e De Narvaez tem chance de ganhar, mas se não ganhar, conseguirá um bom número de deputados para o bloco nas eleições bonaerenses. De qualquer maneira, este novo partido sairá das eleições maior do que entrou e se posicionará como um pólo opositor ao casal Kirchner, num grupo muito mais coeso que a aliança à esquerda (Elisa Carrió, UCR, Socialistas e Partido Obrero), que como esquerda em todo lugar é sempre desunida.

O que quero deixar claro aqui é que existe um sentimento, que talvez seja predominante nas classes médias, que está sendo negligenciado pelos dois pólos de poder no Brasil (PT x PSDB) e deveria ser reunido por alguém. Este alguém na minha opinião seriam os Democratas, numa roupagem nova. No entanto é preciso ter a visão estratégica de Macri para conseguir se firmar como tal. Bem, as eleições de 2010 são legislativas e todo bom partido deve ter uma boa bancada, começa por aí.

Política argentina é emocionante. A questão das listas da uma dimensão partidária tremenda sobre as eleições legislativas, que falta no Brasil. Existem as peculiaridades locais, como não há propaganda gratuita, os únicos comerciais que se vê na tv são dos partidos que tem dinheiro como o PRO e os do governo (que manterá a fama de não ganhar na Capital). No entanto, a cidade já está no clima de eleição, mesmo faltando 34 dias.
A propósito. Até hoje não consegui descobrir o que significa PRO, talvez passe anos sem saber, assim como até hoje não sei ao certo o que é o partido ARI da Elisa Carrió.

2 comentários:

James disse...

E aí, já tá de volta? Curtiu a viagem? A propósito: ARI = Argentina por una República de Iguales (era em quem votaria se estivesse por aí...)

Renato disse...

Voltei sim! Foi muito rápido. Uma boa dose de Buenos Aires, suficiente para saber que é o lugar que mais gosto no mundo (no pequeno mundo que eu conheço).

Bem, ARI se aliou com a UCR e os Socialistas na chamada Alianza Cívica. Segundo as pesquisas que vi, ela ganha em Santa Fé (socialistas) e Mendoza (UCR), na capital segue em segunda (ARI - Peter Gay, ex-presidente do Banco Central no governo De la Rua) e na província em 3a. (UCR - Margarita Stolbizer e Ricardo Alfonsín). Mas o bloco vai sair menor que entrou nas eleições.

A propósito, se votasse lá, iria com De Narvaez! (imaginando que seria bonaerense e não porteño)