quinta-feira, abril 22, 2010
Ídolos e Fãs
quarta-feira, abril 21, 2010
Tudo que você quis saber sobre sexo, mas tinha vergonha de perguntar
Não que o filme seja uma obra-prima, uma comédia extremamente engraçada; no entanto, deve-se considerar que se trata de um tema muito forte, tabu, realmente há cenas bem pesadas (e engraçadas) como o quadro “o que é uma perversão sexual” ou sobre o quanto são precisas as pesquisas sobre sexo. Tudo bem que o título é um best seller, mas mesmo assim, pensar que o filme esteve no cinema me faz pensar que em 1972 as pessoas estavam mais dispostas a verem tabus no cinema.
A parte mais engraçada, sem dúvida, é “o que é sodomia”. É tão absurdo, mas o ator é tão bom, que acabei ficando em estado de riso durante todo o quadro. “Todo travesti é homossexual” também é muito engraçado. Quando você trata com realismo o absurdo, se consegue cenas impagáveis.
O quadro que mais se fala no livro, “toda mulher é capaz de atingir o orgasmo?”, que foi feito como uma sátira dos filmes do Antonioni não é o mais engraçado, mas dá alguns sinais sobre alguns filmes muito sérios que virão. Aqui também o absurdo é mais engraçado que o tema.
Terminar com “como funciona uma ereção” deu um final interessante para o filme, a ideia do corpo como máquina é levada ao extremo e é uma sacada interessante, acho que esse quadro também será tratado em alguns outros filmes.
Não é um filme que não se pode deixar de ver, acho que existe o risco de assisti-lo como o vi a primeira vez. Pode vir a ser um programa divertido. Não recomendaria a ninguém, como faço propaganda de outros filmes do Woody Allen, mas acho que para um feriado de Tiradentes numa quarta-feira, foi interessante.
terça-feira, abril 20, 2010
Ainda assim Engenheiro
Nestes últimos dias tive a sensação que realmente sou um engenheiro civil pleno. Não que antes não fosse, ainda acho que engenharia é uma maneira pragmática de solucionar problemas, racionalizando e simplificando pela técnica problemas complexos. Fazia isso quando estava no PCP do vidro float e quando fazia muitas observações e avaliações a respeito de um grande número de assuntos na CPTM.
Considerando, porém, que a cidade é o elemento mais complexo que nossa civilização (ocidental, pelo menos na concepção de cidade que estou falando) já construiu; morar nela é um problema complexo que implica inúmeros sistemas de abastecimento e de recolhimento de dejetos, bem como locomoção, aspirações e bem estar que somente um engenheiro pode tentar racionalizar sem perder a realidade, sem ser fascista impondo uma o solução artificial como as cidades-jardim, villa radieuse e outros experimentos; e ainda assim, pela técnica, fazer com que os problemas desse aglomerado sejam minorados.
Ao encarar um condomínio produzido de maneira industrial (racional e ocidental, portanto), me envolvo com um gigantesco número de normas e procedimentos que englobam outro gigantesco número de ciências que com pragmatismo pode dar respostas satisfatórias a toda complexidade envolvida.
O interessante disso, é que a técnica não priva ninguém de decisões, sonhos e aspirações; a engenharia não é fascista. A sociedade decide seus desejos e a engenharia dá uma resposta. Às vezes ela é mais cara que a sociedade pode ou está disposta a pagar, mas sempre dá uma resposta.
domingo, abril 18, 2010
Vinte e muitos anos
_ Depende, em algumas coisas sim e outras não.
_ Como assim?
_ Ah, acho que hoje eu tenho mais discernimento com as coisas, levaria a faculdade de uma maneira bem diferente, acho que passaria por ela de uma maneira muito mais agradável. Sofreria menos com alguns detalhes, prestaria mais atenção em algumas matérias.
_ Sei lá, quando ouço que a faculdade é a melhor parte da vida fico me perguntando se realmente para mim isso é verdade. Às vezes eu até esqueço que passei por ela. Mas concordo que hoje eu me sinto muito mais maduro do que quando saí de lá. Faço francês com um monte de piá que está na faculdade, olho pra eles e fico pensando se eu era tão bobo daquele jeito.
_ É, mas também eu acho que os que estão vindo estão cada vez mais bobos, mais jovens. Acho que como aumentou a concorrência, estão entrando um monte de gente “bolha”, que não têm nenhum contato com a realidade. Quando eu fiz estágio tinha uma menina que quando foi embora ela foi assaltada; se fosse minha mãe teria dito pra que eu tomasse cuidado; olhasse quando fosse passar por lá. No entanto a mãe dela deu um carro pra ela, olha que loucura! Veja o tipo de relação que esta menina vai ter com a vida.
_ Meus pais me chamariam de tonto por deixar-me ser assaltado! (risos). Mas é bem isso que eu estava falando: as pessoas não têm mais noção ao se relacionar com o mundo, ou melhor, o jeito que eles se relacionam é diferente.
_ Talvez essa seja o choque geracional da nossa era, ao invés de ser entre pais e filhos, talvez se dê entre primos mais velhos e primos mais novos. Mas lhe digo que eu me sinto muito bem com meus quase 30.
_ Eu me sinto bem com 29 anos, acho que demorei bastante para ter essa sensação de adulto que eu tenho hoje. Me sinto bem adulto hoje, também, se não me sentisse adulto com 29 anos era um bom sinal que a terapia não está funcionando mesmo (risos)
_ Pois é, mas sabe que eu acho que está na hora da gente começar a cuidar mais do nosso corpo, não sei quanto a você, mas eu não sinto mais meu corpo como ele era antes. Sei lá, às vezes me vejo pesado, sem elasticidade. Comecei a pensar nisso, sei lá, não só em alimentação, mas a gente não faz nada né?
_ O engraçado é que eu sinto a mesma coisa e pensar que há uns 5, 6 anos atrás, a gente se orgulhava de não pensar nisso. (risos).
_ Mas eu quero realmente começar a fazer uma academia, sei lá.
_ Pra lhe falar a verdade eu vejo isso cada dia mais necessário: eu tenho dor nas costas! Não posso mais dormir em qualquer lugar não, não dá mais pra ser como era. Lembra-se daquela viagem que a gente fez naquele fim de ano, que a gente andou pra caramba, fez rappel, foi em cachoeira, acho que não faria isso hoje não. Não que não faria, mas talvez sem o mesmo pique. E não por não querer, por não agüentar!
_ Que horror!
_ Mas é verdade, a gente dá aquela disfarçada falando que agora que eu já tenho uma certa idade eu quero conforto, mas eu acho que é mais uma questão de corpo mesmo.
_ Você já pensou quando a gente fizer 40?
_ Putz, eu acho que fazer os 30 vai ser tranqüilo, os 40 vão ser bem foda. Porque ainda nos 30, a gente estava meio que se preparando para o jogo. Com 40, o que a gente fez está feito. Não dá mais pra fazer muita coisa não. A gente vai estar vivendo os resultados, e sei lá, tenho medo que entre os 30 e os 40 eu consiga muito mais coisa.
_ Mas de que tipo de coisa você está falando?
_ Sei lá, profissão, grana, família, amor. Acho que agora a gente já tem mais ou menos um desenho do que a gente quer, tá certo, a gente foi meio errático dos 20 aos 30 (risos), mas agora, a gente tem uma idéia. Nos 40, a gente vai ver se foi por um caminho bom, não dá pra ser errático mais como a gente foi até agora.
_ Credo, dá até medo de pensar.
_ Mas sério agora, eu acho que a gente deveria pensar mesmo em fazer alguma coisa com nossa saúde, vamos tentar fazer, agora que você está voltando pra São Paulo a gente pode tentar fazer alguma coisa junto, pode ser no estilo daquele lance do Tai Chi Chuan que a gente tentou na Unicamp, mas agora mais sério (risos), nem que seja pra fazer um alongamento, um pilates, uma ioga que seja...
_ O foda é a grana né? Mas eu topo, pelo menos a gente vence a preguiça junto, ou não né, a gente pode ser preguiçoso como a gente era com 20 e poucos. (risos)
_ Putz, não posso esquecer que agora eu trabalho no fim do mundo...
_ Ih, nem vem com conversinha não (risos).
_ Não, a gente vai fazer sim (risos), mas eu trabalho no fim do mundo mesmo!
_ Pára de reclamar, moleque!
_ Ei, vamos indo?
_ Vamos, pede a conta!
sábado, abril 10, 2010
Mr. America – Andy Warhol
Adorei a exposição do Andy Warhol na Estação Pinacoteca. Talvez ele tenha compreendido o espírito do capitalismo de uma maneira crítica, mas não hipócrita. Ao definir-se como americano por excelência, trouxe para si toda sua cultura, cultura real. Acabou levando o popular para a vanguarda. Quando igualou os ícones de Marilyn com a foice e o martelo, mostrou a massificação dos dois lados daquele mundo bipolar que viveu.
No entanto, o que mais gostei foram as cores, as oportunidades de representação, as experimentações e brincadeiras com coisas sérias. Representou todo o fascínio de Kennedy, criticou Nixon de uma maneira engraçada; seria interessante fazer um paralelo dele com Reagan, as poucas imagens de Reagan já permitiria esse caminho, afinal, Reagan foi um Warhol da política. (ok, tenho um fascínio por Reagan, confesso e não nego).
O mais marcante, porém, foi um vídeo chamado Boquete (Blow Job). È impossível assistir inteiro porque são mais de 40 minutos de repetição. A câmera fica parada no rosto de um cara que se presume está recebendo o boquete. No começo, a sensação de prazer é muito incômoda, tanto que passei pela sala e rapidamente saí. Fiquei olhando depois as outras pessoas e vi que a maioria fazia o mesmo. Mas, depois que você passa pela sala, vai até o fim da exposição, fica a vontade de rever a cena. Entrando na sala pela segunda vez, mesmo que o filme esteja no mesmo ponto que você viu quando passou pela primeira vez, o prazer do homem não é mais um incômodo, vira uma curiosidade em ver, e é incrível como o prazer tem horas que se parece com a dor, e como a câmera é fixa no rosto do cara, você fica vendo expressões gravadas que nos remetem tanto ao prazer e a dor e acaba imaginando seu rosto nisso. No fim, a cena fica meio hipnotizante, passei pela sala um monte de vezes. Não é pornografia, já que não é prazeroso ver o prazer daquele cara, sei lá o que é!
Como boa pop art, no fim, tive vontade de comprar alguma coisa, o catálogo era muito caro e desisti, comprei dois lápis, pus no meu estojo, e comprei algo que lembra o Andy Warhol. Ainda volto lá antes do fim da exposição.
terça-feira, abril 06, 2010
Cristianização de Mercadante
Esse é um termo que gosto muito em política, cristianizar: remete a candidatura de Cristiano Machado à presidência em 1950 pelo PSD, maior partido da época, e no meio da sua candidatura, o PSD apoiou Getúlio, que ganhou a eleição. A Cristiano Machado foi dada a embaixada no Vaticano como “serviço prestado”. O termo acabou sendo usado para os candidatos que são traídos por seus partidos (às vezes pelas bases, às vezes pelas cúpulas).
A candidatura Mercadante ao governo do Estado é mais um desmonte desta figura política. Já foi o formulador de políticas econômicas do PT e em 1994 resolveu atacar o Plano Real, sua certeza era tão grande que foi candidato a vice de Lula, perderam ambos. Em 1996 se lançou contra Erundina numa prévia para prefeito de São Paulo, perdeu as prévias e partiu para o tapetão fazendo com que o partido “cristianizasse” Erundina; o PT perdeu a eleição e a pressão sobre ela foi tão grande que Erundina deixou o partido. Em 1998 voltou para a câmara e em 2002 foi eleito o senador mais votado do País.
Em 2002 assisti uma palestra dele na Unicamp, não só ele, estavam também Luciano Coutinho e Maria da Conceição Tavares. Foi um festival desenvolvimentista: era preciso frear a política de FHC de desindustrialização do país, o agronegócio era um atentado a uma economia industrial como a nossa, era um absurdo um governo manter a balança comercial baseado na âncora verde. Paroles, paroles, paroles. Em 2002 Lula foi eleito, em 2003 aplicou as maiores ortodoxias existentes no país, trazendo até uma leve recessão que deve ter corado a todos aqueles que discursaram alegremente naquela sala frente à perspectiva da mudança, palavra doce que cabe na boca de qualquer oposicionista.
Mercadante foi líder do governo no Senado até 2006, líder mediano que como sua sucessora, não sabia se portar na tribuna, o não saber se portar o trouxe a disputa do governo de São Paulo, num embate de mágoas contra Marta Suplicy pela candidatura. A má educação do senador acabou com o caso dos Aloprados, onde tentara comprar um dossiê contra o governador José Serra. Calou-se, voltou ao Senado como presidente da CAE e líder da base governista, passando o cargo de líder do governo para Ideli Salvatti, senadora igualmente histérica e mal educada.
No caso Renan Calheiros, veio o eclipse de um homem. Votou contra a cassação de Renan e depois se arrependeu, parecia que o político perdera a vida própria e não mais controlava suas vontades, no caso Sarney, ameaçou renunciar à liderança devido à recusa de se investigar no conselho de ética o ex-presidente, segundo consta foi enquadrado de maneira violentíssima pelo partido e desistiu de desistir. Submergiu de cardeal e virou apenas baixo clero, mesmo sendo presidente da CAE e líder do governo. Não nos esqueçamos que como líder do governo viu a maioria parlamentar sumir e conduziu o governo à derrota na votação da CPMF (uma proposta que fora contra na oposição na câmara durante o governo FHC e que tivera que articular a favor no governo).
Pois bem, o senador mais votado da história não será candidato a reeleição, foi ungido pelo dedo presidencial candidato ao governo de São Paulo, enquanto sua inimiga no comando do partido no Estado, Marta Suplicy, será candidata à sua vaga. Vai ao sacrifício e não sabemos se é de livre vontade ou se pressão do governo. Se livre vontade, é um insensato, se por pressão, não é merecedor do Palácio dos Bandeirantes. São Paulo de qualquer maneira ganha ao perder um Senador tão opaco, tão sem brilho e sem vontades, tão arrependido de seus atos. Para a representação do Estado no Senado, antes uma histérica que um covarde!
quinta-feira, abril 01, 2010
O Bom Gerente
No entanto, após uma passagem marcante de Serra pelo governo do Estado, foram semeadas novas ideias e projetos que vão mudar radicalmente o Estado e estes projetos estão num ponto que ninguém, nem mesmo o Mercadante que é um insensato, pode mudar. Somente alguém muito inconsequente interromperia o plano de expansão do transporte metropolitano, de parceria com a iniciativa privada na saúde, a expansão do ensino técnico; projetos que estão fazendo com que surja a necessidade de uma autoridade metropolitana e a reafirmação do papel do Estado como coordenador, não lutando por protagonismo com os municípios.
Neste cenário, num panorama de um esquerdismo infantil que cresce, a austeridade de Alckmin e o liberalismo de Afif pode ser um contra-peso interessante tanto ao chavismo moreno de Dilma como a esquerda liberal (à la Partido Democrata) de Serra. De qualquer maneira, a eleição de Alckmin dará voz a uma minoria silenciosa que é bem mais conservadora que as siglas de nossos partidos e que a vanguarda acredita.
Chegou o momento de um bom gerente e de uma administração mais conservadora, os projetos estão traçados e é necessário certo conservadorismo em sua condução. Nunca estive tão convicto para votar em Alckmin.