Será que existe alguma função social na arte? Será que essa função é transmitir algum significado, mesmo que seja um significado inconsciente do artista para o espectador/observador. Será que ela é uma experiência única do artista ou é coletiva? Ela é uma forma de comunicação entre o artista e seu púbico?
Essa discussão é tão interessante porque ela traz consigo outros elementos, como o legitimador da arte: o museu, o curador, o crítico, que são capazes de transformar uma coisa sem definição num conceito! E muitas vezes podemos não concordar com eles!
Mais difícil ainda quando estamos numa época onde é muito fácil fazer arte. É fácil pintar, fotografar. E sem querer pode-se dar a aura da arte.
Após o curso de fotografia que fiz no CCSP acho que estas questões se tornaram bem interessantes; a partir do momento que se tem uma individualização tremenda do artista, própria da modernidade, revela-se esta individualização é de massa e pode cair no kitsch. Sendo assim, acho que a grande discussão é o kitsch, como parâmetro de arte, como o diferencial estético. E como fazer isso sem cair numa teoria de vanguardas que deixam a arte elitista?
Pois bem, acredito que muito desta discussão seja totalmente bizantina, e a partir de algumas mostras que estão espalhadas pela cidade podemos ver que a arte é permeável a todos os estratos, desde que eles tenham acesso. (o que não deixa de ser uma vitória minha contra o elitismo das vanguardas), mas que também a picaretagem é muito bem percebida (mesmo com o aval das vanguardas).
A cidade está com algumas exposições ótimas que merecem ser vistas e isso faz São Paulo uma cidade fantástica. Listei algumas exposições que vi sem ter pretensão nenhuma de criticá-las nem de convencer ninguém. Mas como a pobreza faz a gente caminhar por lugares muitas vezes desconhecidos, um desses lugares pode ser uma das exposições abaixo;
Cuide bem de você (Sesc Pompéia): Se existe um fenômeno de exposição, é essa. A idéia fantástica de tentar compreender um fora por e-mail explicada por mais de 100 mulheres de diferentes formações é uma sacada de mestre. Quando você pensa que haverá um massacre do macho, você vê que existem muitas Camilles Paglias perdidas pelo mundo. É ótima a explicação da juíza e da advogada, mas a melhor de todas é da especialista em romances do século XVIII e da consultora de bons costumes. Acho que nunca me diverti tanto numa exposição!
Ser Jovem na França (Centro Cultural da Caixa): Mostra de fotografia com algumas fotografias bem interessantes, acho que ali é um lugar fantástico para descobrir a artisticidade ou documentalidade da fotografia. Existe um certo lirismo na exposição da juventude, da diversidade cultural. Interesses difusos e coletivos na mais bela idade! A exposição foi encomendada pelo governo francês e essa informação é importante para saber a motivação dos fotógrafos.
Argentina Hoy (Centro Cultural São Paulo): Bem, é interessante mostrar a ousadia dos nossos hermanos, embora muitas peças beirem a picaretagem. Adorei as fotografias, principalmente a do “quarto rosa”, mas também as paisagens desfocadas, que dão uma idéia de miniatura fantástica. As imagens épicas da época da independência mostrando os piqueteiros também são bem interessantes. Achei bem interessante a tapeçaria do campo de batalha.
Gravuras de Franz Post (BMF): Aqui a graça está em pensar como foi feita aquele quantidade de gravura em metal no século XVII. Achei legal rever Pernambuco nas gravuras encomendadas por Maurício de Nassau. Afinal, foi graças a Maurício de Nassau que me levou até o Recife. O mais engraçado desta exposição é que na minha aula de gravura em acetato eu desenhei um mapa, e o Franz Post também, está vendo como meu acetato é arte?
Pinacoteca – Acervo: Muito bem, é emocionante ficar ao lado de um Rodin, é a mesma emoção que tive em Curitiba ao ficar perto de um Renoir e de um Portinari. Afinal, se eles são mestres, deve ser por alguma coisa, e é legal ficar perto de uma obra famosa. No entanto, além do prédio que é a grande atração, a sala dos concretistas é fantástica. Ainda mais naquele prédio, e ao lado das esculturas. Há uma exposição de fotografia lá também.
Bom proveito e oxalá apareçam mais exposições gratuitas!
terça-feira, julho 21, 2009
A difícil questão de dizer o que é Arte!
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