sexta-feira, julho 31, 2009

Segunda Onda e Baader-Meinhof

No artigo do Gabeira hoje na Folha ele comentava sobre uma segunda onda democrática, superando esta primeira onda que se esgota com o fim do governo Lula. Se na primeira onda tivemos a consolidação da democracia com eleições diretas regulares, “uma política econômica realista, uma generosa política social”. A próxima onda será a da responsabilidade diante da transparência, além das demandas sociais que cresceram (com a economia e com a democracia) e com uma nova abordagem de como os políticos irão absorver e dirigir essas novas demandas.

Ponho aqui também uma questão de liderança, e talvez de espírito. Afinal, acho que esta nova onda deve vir com um propósito, seja ela bolivariano ou extremamente liberal, acho interessante que ele tenha uma meta e não viva do dia a dia. Acho importante caminharmos numa direção, não decidir no dia a dia. Não que uma idéia prevalecerá, mas termos líderes com propósitos e ideais pode gerar um debate interessante que falta hoje em nossa democracia.

Neste ponto entra o link com o filme que eu acabei de assistir. O filme é “Baader Meinhof” e é sobre o grupo terrorista que surgiu no seio de uma das nações com um estado de bem estar social mais bem desenvolvido e que nem por isso surgiu dentro de sua juventude uma geração contestadora que acabou indo para a luta armada em torno de uma revolução cujos motivos eram tão fluídos que se torna um mistério.

Na verdade todos os acontecimentos de 68 parecem para mim como um delírio coletivo do ocidente. Uma contestação de tudo e da própria ocidentalidade (engraçado, acho que durante todo o século passado todos os intelectuais só enxergavam a decadência do Ocidente). Ao fim, num misto de sonho, de uma utopia difusa que negava a individualidade em busca de uma liberdade não muito explicada.

Acho que os filmes tratam esses acontecimentos de 68 com um certo romantismo, afinal a juventude é uma coisa bela de se observar e em 1968 eles tomaram conta do mundo, subvertendo valores, mas foram pouco eficientes nos seus objetivos. Afinal, todas as revoltas impediram a implantação de um governo do Willy Brandt de tentar um governo que conseguisse implantar uma forma de representação que incluísse os jovens, impediu o PCI de chegar ao governo, reforçou o gaullismo na França e de rasteira destruiu a socialdemocracia nos Estados Unidos e na Inglaterra trazendo a Era Reagan e Teatcher.

Sobre o filme....

Bem, filmes alemães são ótimos sempre, eles não oscilam como os franceses, então se você vir em cartaz um filme alemão, assiste. Mal não vai lhe fazer! Sem contar que o final dos 60 e começo dos 70 são fantásticos, de música, de estética. Vale a pena o filme.

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