Interessante quando um diretor famoso se propõe a fazer um filme “sessão da tarde”. Quando isso acontece, afasta-se da ideia de que para ser um filme bom há que subverter a narrativa, fugir de alguns esquemas consagrados de filmagem e de alguns personagens que beiram o estereótipo. E tendo uma saga sem grandes surpresas, num filme normal, se pode ter um bom filme, que diverte e põe algumas questões interessantes à plateia caso ela queira comprá-las ou discuti-las.
O que eu gostei em “Aconteceu em Woodstock” foi a simplicidade do enredo, como os personagens são exagerados e o roteiro simples, alguns aspectos que poderiam passar desapercebidos se mostram mais. Assim a questão do movimento hippie como uma conseqüência do capitalismo e não uma reação a ele surge muito claramente no filme, já que existe a procura pelo lucro, porque sabemos que dez anos depois todos eles votarão Reagan e que é possível combinar a felicidade com tudo isso, sem necessariamente refugiar-se numa fuga nas drogas ou numa comunidade hippie, como é o caso do protagonista. No entanto, mostra como certas experiências místicas podem realmente modificar a trajetória de uma pessoa, e acredito que Woodstoock foi pedra angular da vida de muita gente.
Fico tentando imaginar o que é a sociedade norte-americana na cabeça do Ang Lee, na verdade existe uma dualidade entre a repressão moral e a liberdade individual que não são conceitos orientais. Talvez por isso a questão do desejo sempre apareça nos filmes, e nesse, dentro de uma experiência mística coletiva permite também a discussão do desejo em suas diversas formas, do casamento-tipo à homossexualidade. Também é interessante algumas inversões de valores como a velhinhas progressistas e os jovens racistas. No fim eu sempre acho que existe um elogio da liberdade individual frente a repressão moral, neste filme isso é celebrado mais ainda!
Ah, não se pode esquecer que as imagens são maravilhosas, nunca fui muito de fixar-me nas imagens, mas elas são um elemento fundamental da narrativa. Se o filme tivesse meia-hora menos, seria um filme muito melhor, mas mesmo longo, ainda é uma ótima diversão.
Saí do cinema como quem viu uma sessão da tarde. Ri dos estereótipos, adorei as imagens, gostei dos conflitos e principalmente das suas soluções.
Hippies e Romantismo
Não consigo não pensar no movimento hippie como uma forma moderna de romantismo no contexto da fuga e da contestação dos tais valores burgueses. Assim como o Romantismo nos permitiu tornar heroicas as revoluções liberais, o movimento hippie legitimou o meu grande clichê de todos os textos, os interesses difusos coletivos, dali ganhou força o ambientalismo, permitiu uma radicalização do feminismo e do movimento gay.
Mas e Ronald Reagan?
E agora José? Pois é, todos os caminhos levaram a Ronald Reagan e enquanto este fenômeno não for explicado, mantém-se uma grande interrogação sobre o que foram os anos 70.
O que eu gostei em “Aconteceu em Woodstock” foi a simplicidade do enredo, como os personagens são exagerados e o roteiro simples, alguns aspectos que poderiam passar desapercebidos se mostram mais. Assim a questão do movimento hippie como uma conseqüência do capitalismo e não uma reação a ele surge muito claramente no filme, já que existe a procura pelo lucro, porque sabemos que dez anos depois todos eles votarão Reagan e que é possível combinar a felicidade com tudo isso, sem necessariamente refugiar-se numa fuga nas drogas ou numa comunidade hippie, como é o caso do protagonista. No entanto, mostra como certas experiências místicas podem realmente modificar a trajetória de uma pessoa, e acredito que Woodstoock foi pedra angular da vida de muita gente.
Fico tentando imaginar o que é a sociedade norte-americana na cabeça do Ang Lee, na verdade existe uma dualidade entre a repressão moral e a liberdade individual que não são conceitos orientais. Talvez por isso a questão do desejo sempre apareça nos filmes, e nesse, dentro de uma experiência mística coletiva permite também a discussão do desejo em suas diversas formas, do casamento-tipo à homossexualidade. Também é interessante algumas inversões de valores como a velhinhas progressistas e os jovens racistas. No fim eu sempre acho que existe um elogio da liberdade individual frente a repressão moral, neste filme isso é celebrado mais ainda!
Ah, não se pode esquecer que as imagens são maravilhosas, nunca fui muito de fixar-me nas imagens, mas elas são um elemento fundamental da narrativa. Se o filme tivesse meia-hora menos, seria um filme muito melhor, mas mesmo longo, ainda é uma ótima diversão.
Saí do cinema como quem viu uma sessão da tarde. Ri dos estereótipos, adorei as imagens, gostei dos conflitos e principalmente das suas soluções.
Hippies e Romantismo
Não consigo não pensar no movimento hippie como uma forma moderna de romantismo no contexto da fuga e da contestação dos tais valores burgueses. Assim como o Romantismo nos permitiu tornar heroicas as revoluções liberais, o movimento hippie legitimou o meu grande clichê de todos os textos, os interesses difusos coletivos, dali ganhou força o ambientalismo, permitiu uma radicalização do feminismo e do movimento gay.
Mas e Ronald Reagan?
E agora José? Pois é, todos os caminhos levaram a Ronald Reagan e enquanto este fenômeno não for explicado, mantém-se uma grande interrogação sobre o que foram os anos 70.
3 comentários:
Depois do seu post fiquei bem curioso pra ver o filme! Vou aproveitar as férias pra tentar assistir rs
fala, renato!
descobri teu blog com o texto do woody allen...(tb estive na mostra).
sobre woodstock, gostei do filme e concordo com vc: ele podia ser menor e terminar antes.
para mim, foi como ver uma sessão da tarde no domingo: divertido, mas também melancólico...
muito bom o texto!
Ei Alex, acho que você vai gostar do filme!
Rickson, obrigado!
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