Esta semana realmente não foi uma boa semana para a oposição, foi a alegria para alguns grupos que viram no episódio do “mensalão” no Distrito Federal a prova irrefutável do que o próprio presidente Lula já havia dito: isso acontece com todos! Se acontece com todos, o PT foi perdoado a priori e se seguirmos a lógica de Lula os Democratas também o serão.
No entanto, ao contrário do que as capas das revistas governistas dizem, falando sobre a morte dos Democratas, acredito que isso não será o seu fim pelo simples fato de não haver oposição. A lógica pode parecer ilógica, mas alguém que não “comprou” esta tese do lulismo integrador de todas as tendências, que acalma os ricos liberais, afaga a classe média e dá a boquinha aos pobres, não tem a quem aderir a não ser aos Democratas! Quem se opõe ao governo Lula, mesmo se escandalizando com os atos do governador Arruda não vai passar a votar Dilma, uma vez que ela também está maculada pelo “mensalão” do PT. E existem outras coisas além do que o quem rouba mais que quem, ou quem faz mais que quem, que é a proposta do PT para 2010.
Lógico que a oposição não é só formada pelos Democratas, mas também pelo PSDB; mas o PSDB, em troca de conveniências de ser governo nos Estados, está cada dia mais no muro, não aderiu à tática dos Democratas de hostilizar o governo no Congresso, mas também não consegue dar propostas que consigam romper o plebiscito que está se formando para 2010. A estratégia pode funcionar na geração de uma imagem do pós-Lula (Aécio) ou de uma revisão dos dois projetos (Serra), mas também pode afastar quem quer uma oposição mais combativa ou quem está ressentido da falta de debate na política nacional.
Não acredito realmente que os Democratas vão sumir em 2010, mesmo porque algumas idéias que ele representa ainda têm corpo na sociedade e não há quem se disponha a defendê-las. A clareza oposicionista dos Democratas é sua maior força no cenário que se forma, embora a popularidade do governo seja altíssima, não existe uma unanimidade neste projeto e alguém tem que ser oposição.
Agora começa o verão e com eles os resultados econômicos do ano. Aumento da máquina, da dívida pública, diminuição dos repasses aos municípios e Estados, o sonho idílico da potência sempre acaba nos números. Não que o país não esteja bem, está, mas não tanto quanto a retórica de Lula diz. Assim, da mesma maneira que em um verão o Partido Republicano solapou a popularidade de Obama e se restabeleceu como partido. Começa agora o verão dos Democratas, é a hora do partido virar o jogo aproveitando a própria falta de oposição.
A ver.
A propósito
Tragamos a capital de volta para o Rio e esqueçamos esta ideia de uma capital no meio do nada, ou pelo menos tranformemos o Distrito Federal numa cidade autonôma ou coisa que o valha. É um despropósito dar 3 senadores, deputados federais e distritais e um governador com polícia e orçamento para uma ilha da fantasia que está totalmente alheia ao que se passa no país.
Brasília passa a ter um prefeito, e o que seria papel de Estado passa ser assumido pela União. Ser Distrito Federal é isso, não criar um Estado e chamá-lo de Distrito Federal como se fez. Para deputado federal e senador, os cidadãos de Brasília votam como se fossem de Goiás, como era antigamente.
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