Não há grandes pirotecnias lingüísticas, nem uma revolução na narrativa. No entanto a história sustenta o livro numa novela convencional, mas interessante. Talvez ser convencional não seja uma coisa tão problemática quando você consegue construir personagens verdadeiros em situações extremas.
O Americano Tranquilo é um livro fantástico sobre a guerra dos franceses na Indochina que nos deixa até uma pista sobre como será a guerra dos norte-americanos no mesmo lugar. Quando o mundo se volta num antiamericanismo infantil, ele nos mostra uma face diferente do neocolonialismo. Achei fantástico como o americano tranquilo do título se fundamenta numa visão de mundo, que é totalmente diferente da francesa/inglesa do século XIX e talvez é esta visão de mundo que precisa ser analisada e não palavras de ordem.
Embora essa questão do americano possa ser o mote principal, acho que o tema da inevitabilidade do engajamento é o melhor do livro. Estranho pensar de que a neutralidade não é um fato possível, ainda mais quando o mundo se divide cada vez mais (mais uma vez a questão dos interesses difusos coletivos...). E no fim, todo mundo se posiciona de alguma maneira, talvez nos anos 50 em situações extremas como a guerra e hoje em qualquer situação.
O livro dá uma descrição tão fantástica de Saigon que pela primeira vez fiquei com vontade de conhecer um lugar no Oriente. Fiquei morrendo de vontade de ler “Nosso Homem em Havana” do mesmo autor.
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