sexta-feira, janeiro 22, 2010

O terçol e a modernidade

Estou terminando meu primeiro Giddens e fiquei admirado com a questão da confiança como um elemento chave da modernidade. Afinal, há tantos sistemas peritos cujo funcionamento não sabemos e que cremos como se fosse uma coisa divina, embora saibamos que seja ciência. Considerando ainda que sem esta crença ou confiança nestes sistemas não podemos viver a modernidade, afinal, ninguém quer saber como funciona toda a rede de instituições e pessoas que o simples uso do bilhete único, do cartão de crédito ou do celular envolve.

O único problema é que todos esses sistemas altamente especializados esbarram numa porta que, deveria segundo o Giddens, fazer com que nossa confiança nesses sistemas fosse construída. Assim a certeza de que o piloto de avião ou o corretor da bolsa sabem muito bem o que fazem nos daria confiança no avião e no mercado de ações.

Mas o que fazemos com um médico que ao ver um terçol simplesmente diz: isso é assim mesmo? Oras, ao fazer isso, esse médico insensato colocou em xeque toda a confiança que eu poderia ter na medicina. Pois bem, desde abril do ano passado já tive um bom número de terçois, sendo que alguns deixaram cicatrizes nas minhas pálpebras. Já fui algumas vezes ao pronto-socorro oftalmológico e já fui a um oftalmologista e a resposta foi sempre que isso é assim mesmo. Mas como pode ser assim mesmo??

Pois bem, tentando manter a confiança, saí da Vila Madalena e fui até a Mooca para ver um médico. Três linhas de metrô e uma de ônibus depois, com toda a confiança do mundo no funcionamento do bilhete único; cheguei ao especialista, minha porta de entrada num sistema perito e a resposta foi, tenta uma compressa, isso é assim mesmo...
É mais fácil confiar na previsão do tempo!

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