terça-feira, maio 29, 2007

Música e Divã

Algumas músicas para mim são a própria representação de um estado de espírito. É incrível como eu me ligo em umas músicas que ninguém ouve!

Felizmente, como agora divido meu carro com outros seres não tão nostálgicos como eu, pus um ponto final na fase Charles Aznavour, pelo menos enquanto durar o projeto SAP. O primeiro sintoma deste acontecimento foi a repentina melhora no meu humor matinal. Já posso rir antes das 10 horas, momentos antes em que eu sempre me lembrava de Hier Encore, e ficava imaginando o tempo perdido que era estar sentado ali.

Na mesma linha foi-se Laura Pausini, que era o outro lado dos dias Charles Aznavour. Geralmente gostava de ouvir Laura Pausini na volta. E realmente as lamentações dela faziam com que eu esquecesse as poucas coisas boas do dia.

No entanto a vida passou, mudei de área, de ares, e realmente ainda não sei se gostar destas músicas era causa ou conseqüência da minha sabrinice (atitudes inspiradas em Sabrina, aquelas, da Júlia e da Bianca). Eu acho que é tanto causa como conseqüência. Afinal, um sofrimento à la Aznavour é revigorante; e uma paixonite à la Laura Pausini é um objetivo.

Ainda acho um mistério o que me atrai neste tipo de música!

Escuto agora somente rádio pela manhã, e à tarde, quase sempre, esqueço de ligar o rádio, somente músicas comerciais, poperô da rádio pop daqui. Não tenho tanta emoção quanto antes, mas acho que ando descomplicando um pouco minha vida.

A propósito, estou postando ao som de músicas italianas dos anos 60. Mais precisamente ao som de Sapore di Sale, que é uma música fantástica, bonitinha, de um mundinho perfeito. Sem pretensão alguma.

Uma vez me disseram que eu me preocupo demais, acho que agora tenho as condições materiais para me preocupar menos. Incrível, ta andando tudo certo. Até já posso até me imaginar numa lambreta ao som de Al di lá, ou numa praia ao som de Sapore di Sale!

10 musiquinhas italianas!

1. Il mondo – Jimmy Fontana
2. Sapore di Sale – Gino Paoli
3. Cuore Matto – Little Tony
4. Il Cuore – Rita Pavone
5. Quando m’innamoro – Gigliola Cinquetti
6. Guarda come dondolo – Edoardo Vianello
7. Al di la – Etta Scolo
8. Nel blu dipinto di blu – Domenico Mondugno
9. O Mio Signore – Edoardo Vianello
10. Datemi un martelo – Rita Pavone

Acho que estou num bom estado de espírito hoje!


segunda-feira, maio 28, 2007

Heart of Glass

Heart of Glass

Faz um frio absurdo em São José dos Campos. Tive a brilhante idéia de tomar um café com um amigo e perdi o sono! Para ajudar, por ser domingo, acordei tarde, não fiz nada o dia todo e só me resta escrever um pouco.

Maurice me mandou um vídeo do youtube com uma apresentação de Blondie por esses dias, com uma senhora cantando uma das músicas ícone de uma era. Esta senhora não parece nenhum pouco Debora Harry que cantava esta música no final dos anos 70.

É incrível, conheci esta música assistindo um GNT fashion. Na verdade reconheci a música, afinal ela estava na minha memória de infância. A música é fantástica, revigorante, forneceu a frase que mais uso no MSN e no orkut: “What I find is pleasing and I’m feeling fine”. Esta frase por si só é sinônimo de toda juventude da música.

Como o tempo é implacável! Eu realmente fiquei impressionado com isso. Buscando no youtube um vídeo da época desta música, pude ver um vídeo vibrante, fantástico que estava longe do vídeo enviado por Maurice.

Declarar que “what I find is pleasing and I’m feeling fine” não é tarefa para qualquer um. Embora eu utilize muito esta frase, somente depois de um tempo de terapia que ela passou a ser realidade para mim!

Volto novamente na ladainha que a modernidade foi deixada pra traz, que somos conservadores hoje, blá blá blá blá. Mas será que temos uma música simbólica assim?

Por sorte, o próprio Maurice me apresentou a resposta, e a partir daí eu até acho que a modernidade não está tão abandonada assim. A música é “Las de la intuición” com a Shakira.

Deixo os três vídeos!






quinta-feira, maio 24, 2007

Um tempo novo de mudança vem surgindo


José Serra



O lado mais gaullista do meu ser se agita com o governador José Serra. Não votei nele, votei em Plínio de Arruda Sampaio para governador, no entanto, as suas ações após a eleição e principalmente seu discurso de posse, me fizeram ver um político diferente da imagem que eu tinha dele.

Por que gaullista? Eu realmente acho que o Serra é um tipo de político que pode seguir essa linha do General de Gaulle. É notório que ele varreu o Quercismo deste Estado, quercismo este que assombrou o governo Alckmin. Não é só um conservador, não é um político de direita no estilo do ex-governador Alckmin, dos seus aliados petebistas. Também não é, e nunca vai ser, uma peça chave que possa polarizar com o presidente Lula, mas é um político democrático e obediente a lei (ok, nunca procurei direito o que foi o tal do golpe da V República que de Gaulle produziu, mas a V República é bem mais República que a nossa República)

Há muito tempo atrás (nos tempos que eu lia a Barsa), li que o espectro político da direita se reúne em torno de quatro princípios: autoridade, propriedade, comunidade e hierarquia. Dependendo da ênfase em um destes quatro pilares, você teria uma corrente de pensamento.

Vejo no discurso do Serra os quatro pilares, mas esta autoridade e hierarquia estão de tal maneira inspirada numa ética pública que me causa uma certa comoção. Enquanto a nossa direita tradicional é de um discurso totalmente paternalista e patrimonialista. O discurso serrista atualiza certos valores comunitários, o que o faz um político sui generis. Dentro de um discurso da ordem (ordem não como suporte do status quo e sim como uma situação de não convulsão social); acredito que proponha uma construção democrática e plural do Estado, mantendo um Estado forte, com um papel ético definido.

Segue um trecho do discurso de posse:

“O que pretendo enfatizar aqui é a necessidade de uma prática transformadora na política brasileira, que vá além, muito além, de discursos. Não basta que se reconheça a necessidade do bem. É preciso praticá-lo. Não basta anunciar futuro glorioso para o povo brasileiro. É preciso construí-lo. Não basta que manifestemos reiteradamente nossos votos de uma vida melhor. É preciso mobilizar instrumentos e técnica para que ela seja realidade.

Em termos de poder público, aquela prática exige, antes de mais nada, que o Estado seja controlado por ele próprio, que o aparato governamental funcione como um todo coerente, do ponto de vista moral, da eficiência e dos objetivos perseguidos, que aja em em função do interesse público. Nada mais distante disso do que a banalização do mal na política brasileira, das vorazes tentativas neopatrimonialistas de privatização do Estado, que tanto tem prosperado em nosso país.





Em segundo lugar, é preciso que o Estado seja cada vez mais controlado pela sociedade, que esta possa se defender de seus abusos e nele possa influir alterando o rumos das ações públicas, na perspectiva da contínua democratização. E os governos, eu penso, têm de estar empenhados em contar uma parte da história do futuro, antecipando-se ao erro, cercando suas possibilidades, agindo com planejamento, abrindo o caminho e sinalizando a direção a seguir”.

É um discurso conservador, defendendo um Estado técnico, com a sociedade dando as direções a um Estado tecnicamente capaz de dar este rumo, que assume seu lado comunitário, baseado na hierarquia das instituições, na autoridade do Estado que é submisso a sociedade.

No entanto, se isso é desejável, se torna um convite a burocratização já que nem sempre o técnico (que por ser técnico se torna uma verdade quase absoluta, pelo menos como discurso) é o desejado pela população. Ainda mais um população conflitante, conflitante até na extensão da democracia. Neste instante, um modelo destes talvez seja presa fácil ao populismo-patrimonialismo-patriarcalismo seja ele da direita (focado na ordem), seja ele na esquerda (focado numa fraternidade e igualdade, pseuda ou não).

A sociedade civil não sendo um todo, pode não ser representada nesta democratização do Estado proposta, e o pior, com fraturas cada vez maior pode pôr em risco a governabilidade.

Destaco o texto abaixo, o trecho do discurso do governador a este respeito:

“Temos presente que a governabilidade é tarefa de quem obteve nas urnas o mandato para governar. Não me passa pela cabeça, por exemplo, transferir para a oposição o dever de assegurar a governabilidade do estado que me elegeu. Quem é altivo na derrota não se sujeita. Quem é humilde na vitória não exige sujeição. É assim que se faz uma República”.

Hoje eu vejo que o Estado de Serra está em um impasse que envolve estudantes atrás de uma barricada numa reitoria, que não reconhecem nas urnas uma derrota e são realmente altivos. A humildade das urnas não foi capaz de causar o respeito a todas as ações, e a sociedade reagiu de uma maneira não muito ordenada.

Não questiono a autoridade do governador. Eu até extrapolo e acho que o governador tocou num ponto interessante da autonomia universitária. É uma instituição que consome 10% dos impostos de todo Estado e se autogoverna, sem a interferência dos cidadãos que a bancam. É para o cidadão (não duvido do seu papel), mas não é submetida ao cidadão. A universidade e a população em geral andam em caminhos diferentes com alguns poucos pontos de contato, de tal forma que ninguém vai sair as ruas para defendê-la, nem tampouco para apoiar o governador.

E como se desata este nó? Talvez perdeu-se uma grande possibilidade de democratizar esta questão e envolver todos os cidadãos do Estado. Afinal, é louvável o nível e a autonomia das três universidades públicas paulistas, e a questão da transparência aumentaria ainda mais o seu lado público.

Estou achando interessantíssimo o desenrolar desta história, acho que ela pode abrir um bom debate.

A foto

Esta foto foi o maior erro político que um democrata poderia fazer. Está reproduzida em cartazes nas manifestações dos estudantes e servidores que o acusam de autoritário.

A imprensa

Como a imprensa é anti-greve!


Parágrafos


Os parágrafos desta merda se autogovernam! Não me obedecem!

segunda-feira, maio 21, 2007

Crime de Mestre


Domingo no cinema. Fui assistir a Crime de Mestre. Gostei do filme. História de Tribunal, certo suspense.

No entanto a justiça ali caminha em uma tênue linha moral que é interessante observar. O filme mostra um assassino que conhecendo a lei, planeja o crime perfeito. Embora existisse a consciência do crime, e até a confissão do criminoso, não existiam provas para que fosse considerada a culpa.

Essa busca de uma prova incriminadora acaba se tornando urgente frente a possibilidade de liberação do criminoso pela falta de provas. Em um momento, a promotoria se vê envolvida a plantar uma prova de forma a conseguir a condenação do assassino. Devo lembrar que não existe dúvida que o acusado é o assassino, o que não existe é uma prova que permita sua condenação.

O jeito que a história é contada faz com que o público comece a desejar que o promotor ultrapasse a linha da justiça e realmente consiga sua condenação. Aí mora o perigo. É incrível como a platéia fica instigada a querer que a promotoria ultrapasse esta linha e é igualmente incrível como ela fica decepcionada quando o promotor se mantém nesta linha.

A lembrança neste caso é de Menina Má.com, onde uma menina resolve fazer justiça com suas próprias mãos e o filme, e a reação do público a absolve. Supera-se o justo na busca do certo, criando uma lógica muito mais simples que a lógica do direito.

Por sorte (na verdade esse por sorte é uma opinião minha, afinal estava realmente preocupado com o precedente que o filme poderia abrir), o promotor se volta novamente para a justiça como forma de incriminar o culpado. Da mesma forma que o acusado usou o direito para se safar num primeiro instante (e ao mesmo tempo causar uma afronta ao promotor), o promotor usou do direito para pô-lo no banco dos réus.

Maria Antonieta e a ética revolucionária.

Estou a umas 80 páginas da morte de Maria Antonieta, e o filme me fez rever uma posição interessante na biografia. Como a revolução altera alguns aspectos éticos importantes. O fim da deidade do rei que abre espaço a uma política de insultos e o regicídio que não fazia parte da ética anterior.

Será que a presença de tantos filmes onde a justiça é superada frente a uma noção de certo cada vez mais maniqueísta não é um sintoma de uma nova ética que está sendo criada? Afinal superou-se uma política de direitos e deveres para uma simplificação da discussão (vou pôr aqui um momento que talvez seja clave deste movimento, a eleição de Reagan e a queda do muro, que abriu caminho para uma globalização de idéias simplificadas como o mercado).

Depois destes dois filmes, e vendo o apoio cada vez maior da pena capital no país, começo a ficar preocupado com isso.

domingo, maio 20, 2007

O Bebê de Rosemary


O programa deste sábado à noite foi assistir um DVD em casa, e com meus pais! Na verdade meu pai abandonou o projeto antes dos 20 minutos, sobrando somente minha mãe e eu na sala. É engraçado, mas a única vez que fomos ao cinema os três (eu, meu pai e minha mãe) foi para assistir A Profecia, de tal forma que vamos nos especializando em filmes de terror.

Comprei O Bebê de Rosemary numa fúria consumista que tive no sábado passado enquanto passeava pelo centro de São José dos Campos. Lembrava que tinha assistido o filme, mas não lembrava do filme. E não é que eu gostei muito do filme?

Adorei as cenas, pausadas, de uma ambigüidade tremenda entre o sonho e a realidade, durante todo o filme dá pra desconfiar se Rosemary estava mesmo esperando um filho do diabo. As cores, os prédios, as seqüências sem efeitos especiais, tudo isso contribui para um filme interessante. Achei interessante também a posição de Rosemary, uma mulher em vias de emancipação, não é uma mulher moderna, mas também já não é mais uma mulher dos anos 50.

Lembrei-me muito de uma explicação que o Mauricio me deu a respeito de A Bela da Tarde, onde o fato das cenas de sonho estar encadeadas com as cenas de realidade, sem cortes, ou sem introdução a esse espírito, fazia com que a Realidade fosse a grande discussão daquele filme. Não seria o mesmo caso aqui? Embora os fatos do dia a dia vão levando a perceber que o sonho de Rosemary é sim a realidade!

E no entanto, no fim, a maternidade supera o nojo, eu achei fantástico o final. De uma realidade, e de uma fantasia. A maternidade e a vaidade superam o nojo. A maternidade e vaidade superam também um limite ético. Não caberia a mãe matar o diabo?


Gostei do filme, achei um filme bonito, intrigante. Procurando no google sobre o diretor, fiquei com vontade de assistir outros dois filmes dele: Repulsa ao Sexo e O Inquilino. A ver.

segunda-feira, maio 14, 2007

Paroles, paroles, paroles


Mas é só a Economia?

Tenho olhado com interesse o desenrolar do PAC, um olhar de uma perspectiva diferente do que tenho olhado política ultimamente; talvez, pela primeira vez sem resquícios de faculdade, com um olhar de quem trabalha.

Na minha visão de trabalhador, vejo a economia indo bem, obrigado. Nestes dois anos que trabalho, tive dissídios maiores que a inflação do período, que me converte em um trabalhador com aumento real de salário. Ao mesmo tempo, talvez por descuido, talvez por falta de atenção, não tenho visto carestia, aumento de preços, no máximo variações sazonais. Os altos juros me afetam, uma vez que estou numa fase de expansão de crédito, e de dívida. Pago um carro em n parcelas, e isso me custa caro.

Por outro lado, talvez viva na parcela brasileira que tem um crescimento francês, imagino eu que na França as pessoas também tenham reajustes iguais ao meu dissídio e pagam o mesmo nível de impostos como eu. Embora eu não usufrua nenhum serviço público. Sou petit-bourgeois, vou trabalhar de carro, utilizo serviço de saúde privado; contribuo para a previdência pública, mas apostei minhas fichas na previdência privada.

Quando soube que uma parcela da população brasileira vive um crescimento chinês, fiquei feliz em saber que pelo menos meu imposto de renda estava sendo utilizado para promover uma diminuição da desigualdade social. Fiquei mais feliz ainda quando soube que a diferença entre o salário das mulheres e dos homens caiu, assim como a dos negros e dos brancos. A diminuição da desigualdade foi um tema importante para que eu deixasse o homem trabalhar, superei grandes obstáculos ideológicos para votar no Lula nas últimas eleições.

No entanto, existem alguns problemas graves que venho observando. Até que ponto é só a economia que deve reger a política no Brasil.

Mesmo tendo uma “opção pelos pobres”, este governo é um governo de banqueiros e industriários. Governa com olhos para o mercado financeiro, faz agrados getulistas ao patronato, operários, servidores e uma grande classe amorfa de dependentes das bolsas que o Estado mãe oferece.

Ao mesmo tempo que possui um discurso progressista, estamos vendo uma asfixia da sociedade civil. Sindicatos, partidos de oposição, Igreja, igrejas, estão todos num balaio que sustentam o governo, seja por apoio direto ou chapa-branca.

Não sei qual é o caminho pelo qual seguiremos, mas acredito que muito do discurso progressista vai fazer com que a sociedade retome seu papel. Essa população chinesa precisará de serviços, sentirá o impacto e vai querer viver como a população francesa.

(A analogia está péssima, mas acho que é fato que uma parte da população brasileira está auferindo ganhos que nunca teve, enquanto uma outra parte vive estagnada)

Neste momento, acredito que caminharemos para um momento surpreendente da sociedade brasileira, que pode ser um momento de afirmação de valores democráticos. Não será possível abdicar de uma discussão profunda sobre a questão ambiental, sobre a afirmação de direitos humanos, sobre a expansão de direitos civis (aborto, casamento gay, estado laico) e aí sim sobre até onde a economia regulará o direcionamento da sociedade (que faremos com a aposentadoria? Que faremos com quem está na informalidade?).

Quando pensei no argumento deste texto, me pareceu claro, que poderia caber a classe média, a classe francesa, a vanguarda deste movimento, que poderia levar esta nova massa que está sendo beneficiada pela redução da desigualdade a uma experiência mais radical de liberdades. Talvez essa classe média espremida financeiramente, mas filha das experiências libertárias do início da nova república pudesse ser a guia de uma nova guinada de liberdades no Brasil.

Talvez a lembrança do Marx como esta classe média é a traidora da história me deixou um pouco pessimista, talvez por lembrar a comoção dos meus pares pela visita do Papa, ou pelos votos no Clodovil, pelo Alckmin, pelo discurso religioso-obscurantista cada vez mais presente na tevê.

Mas que seria interessante, seria.

Selvagem?

A polícia apresenta suas armas:
Escudos transparentes, cassetetes, capacetes reluzentes,
E a determinação e manter tudo em seu lugar.

O governo apresenta suas armas:
Discurso reticente, novidades inconsistentes
E a liberdade cai por terra aos pés de um filme de Godard.

A cidade apresenta suas armas:
Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos
E o espanto está nos olhos de quem vê o grande monstro se criar.

Os negros apresentam suas armas:
As costas marcadas, as mãos calejadas
E a esperteza que só tem quem ta cansado de apanhar.

Crepúsculo do Macho

Já até estou vendo a cara do Maurício quando ler o que eu vou escrever aqui. Mas acho que uma das experiências mais libertárias que tive foi ler “Crepúsculo do Macho” do Gabeira. Foi um pouco antes da descoberta dos interesses difusos!

domingo, maio 13, 2007

Tulipas


Tulipas

Hoje, dia das mães, presenteei a minha com uma flor tão linda, que resolvi que quando tiver uma casa mais estruturada, terei tulipas!

Encruzilhada

Meu trabalho está me encaminhando para uma encruzilhada. Ao mesmo tempo que eu vivo para o meu salário e dele tiro todas as coisas boas da vida (para as que não depende diretamente dele, preciso dele para me levar até elas). Não consigo me imaginar nesta função por muito tempo mais. O pior é que a hipótese de uma promoção me deixa mais angustiado. Acho que a função da minha chefe é mais estressante ainda!

Infelizmente, nenhum de meus hobbies ou interesses podem me levar a uma outra carreira, ando com uma sensação de tempo perdido.

Clodovil e a Homofobia

Era a coisa mais óbvia do mundo que o candidato a deputado Clodovil não seria um representante da comunidade gay no congresso, mais óbvio ainda que a sua visão de mundo era machista, homofóbica. A coisa se tornou histriônica uma vez que ele era candidato por um Partido Social Cristão (sic!)

Infelizmente, despejou-se um monte de votos nele e eu acho que a comunidade gay também ajudou. Talvez por troça, talvez por descrédito dos políticos, e ele se tornou um dos deputados mais votados do Estado.

Triste que o deputado mais assumidamente gay da história do parlamento esteja sendo acusado justamente de homofobia e machismo!

O Clodovil é a imagem do atraso, da caricatura, e principalmente da desmoralização do parlamento.

Outback

Rompendo um preconceito, fui tomar cerveja e comer a famosa cebola do outback. Juventude dourada campineira por todos os lados; eu acho que até posso ser um deles, se quiser (com um pouco de massa muscular, um carro melhor na garagem, uma garagem e alguns reais na conta).

Adorei o lugar! E a companhia!

Maria Antonieta

Vou voltar à biografia da Maria Antonieta! Caramba, estou viciado em biografias. Será um caminho natural para minha curiosidade alheia??

segunda-feira, maio 07, 2007

Viagens na minha terra

Viagens na minha terra
A minha casa está onde está o meu coração
Ele muda minha casa não

Era uma provocação. Pelo fato de ser do interior, todos na mesa disseram que eu tinha que mudar de cidade muitas vezes, enquanto eles da capital raramente saíam da sua cidade.

Pensando bem, acho que é verdade.

Minha casa está em São José dos Campos, trabalho em Jacareí, pelo meu sangue inglês estou ligado à Caçapava. Às vezes vou a Taubaté.

Quem amo está em Campinas, como eu amo a cidade também, vivo lá. Meus pais estão em Jundiaí, e quase sempre que vou à Campinas passo por lá. Em ocasiões especiais vou à Campo Limpo Paulista ver meus avós.

Neste verão a fuga preferida foi Ubatuba, no inverno com certeza não será Campos do Jordão.

Na capital tenho dois grandes amigos, mas acho que as minhas referências hoje estão mais no interior. No entanto, preciso de uma dose de capital para não me tornar um joseense, pelo menos no espírito.

Para ir a estas cidades eu posso escolher entre o esquecimento ou a descaso. Se escolho o esquecimento vou pela D. Pedro, e olho com curiosidade para Bom Jesus dos Perdões; se escolho o descaso, olho com tristeza para Guarulhos da Dutra.

Mesmo andando tudo isso, eu adoro estas viagens. Não me vejo, hoje, fazendo outra vida! Nem mudando de Estado!

Trilhas viajantes para viagens

R.E.M
Andrés Calamaro
Charles Aznavour
Beck
The Beatles

Sègoléne, les verts et les rouges

Pensei a viagem de volta inteira sobre este tema para um post...

Não estou com saco de desenvolver isso agora

sexta-feira, maio 04, 2007

Tender is the night

Ritz

Ontem a noite resolvi brincar de rico e fui visitar meu amigo internético orkutiano na capital. Acabei num bar (um restaurante?) que achei um charme. Bebidas bonitas, pratos maravilhosos, um ambiente fantástico. Quanta gente bonita!

Foi muito bom sair pra jantar longe daqui, quando a tensão ronda o meu trabalho, minha maior fuga é sair.

Minha vontade quando sentei aqui era fazer descrição realista do lugar, mas sou romântico, lembro sensações, distorço realidades; só consigo me lembrar de um ambiente com tons vermelhos (será a framboesa da caipirinha?), com espelhos, uma luz amarela envolvente, um burburinho, risadas, gente bonita, e eu fiquei realmente feliz ali. Fiquei imaginando que queria estar ali mais vezes, com mais pessoas, com todas as pessoas, com só uma, e muitas vezes.

A brincadeira saiu cara, mas acho que valeu a pena. Volto lá mais vezes

Livre Associação

Enquanto estive no bar, não consegui parar de lembrar de Suave é a noite de F.Scott Fitzgerald. Parecia que estava no livro, não na época, não com os personagens, mas no espírito do livro. As festas, uma gente despretensiosa (existe essa palavra), uma fluidez de conversas, de idéias. Sensação que o mundo está andando rápido (tudo que é sólido se desmancha no ar).

Que essa sensação não desague na segunda guerra como foi o fim da era do Jazz, mas sim numa serenidade, talvez nem tanto autista, como de Dick Diver, o personagem principal do livro.

Trilha sonora

Beck - lembrei muito das músicas que o Hugo gravou para mim.

quarta-feira, maio 02, 2007

Uma casa moderna

Residência Olívio Gomes - Parque da Cidade - São José dos Campos

Aproveitei o domingo de sol e fui levar a visita para conhecer o Parque da Cidade.

Acabei surpreendido. Já tinha visto a residência Olívio Gomes dentro do parque, mas desta vez, talvez por estar com alguém fissurado em design, me detive por mais tempo. Neste instante percebi que aquela residência não é uma residência qualquer. Planos, cores, murais, jardins, rampas, viveiros, venezianas, aberturas, elementos; uma casa conceitual! Impossível não imaginá-la habitada, com seus móveis modernistas, com pessoas modernas. Todo mundo numa varanda olhando um jardim exuberante.

O mais incrível é que quem a construiu, ou melhor, mandou construir, foi um gerente da Tecelagem Parahyba; um simples gerente. Para quem está acostumado com gerentes dentro de bay-windows e telhados recortados, encontrar esta residência foi um achado.

É uma pena que acasa está sendo destruída pelo tempo. Não consegui imaginar uma ocupação para ela sem ser casa (são fantásticos estes modernistas, estavam tão ligados na funcionalidade que a casa não pode ser outra coisa além de casa!). Acho que a cidade deveria restaurá-la, mobiliá-la e fazer dela uma casa-museu. Quem sabe o número de telhados recortados e prédios caixotes diminuem em São José dos Campos?


Residência Olívio Gomes
Parque da Cidade
Arquitetos: Primo Levi e Roberto Cerqueira César
Paisagismo e Murais: Roberto Burle Marx