José Serra
O lado mais gaullista do meu ser se agita com o governador José Serra. Não votei nele, votei em Plínio de Arruda Sampaio para governador, no entanto, as suas ações após a eleição e principalmente seu discurso de posse, me fizeram ver um político diferente da imagem que eu tinha dele.
Por que gaullista? Eu realmente acho que o Serra é um tipo de político que pode seguir essa linha do General de Gaulle. É notório que ele varreu o Quercismo deste Estado, quercismo este que assombrou o governo Alckmin. Não é só um conservador, não é um político de direita no estilo do ex-governador Alckmin, dos seus aliados petebistas. Também não é, e nunca vai ser, uma peça chave que possa polarizar com o presidente Lula, mas é um político democrático e obediente a lei (ok, nunca procurei direito o que foi o tal do golpe da V República que de Gaulle produziu, mas a V República é bem mais República que a nossa República)
Há muito tempo atrás (nos tempos que eu lia a Barsa), li que o espectro político da direita se reúne em torno de quatro princípios: autoridade, propriedade, comunidade e hierarquia. Dependendo da ênfase em um destes quatro pilares, você teria uma corrente de pensamento.
Vejo no discurso do Serra os quatro pilares, mas esta autoridade e hierarquia estão de tal maneira inspirada numa ética pública que me causa uma certa comoção. Enquanto a nossa direita tradicional é de um discurso totalmente paternalista e patrimonialista. O discurso serrista atualiza certos valores comunitários, o que o faz um político sui generis. Dentro de um discurso da ordem (ordem não como suporte do status quo e sim como uma situação de não convulsão social); acredito que proponha uma construção democrática e plural do Estado, mantendo um Estado forte, com um papel ético definido.
Segue um trecho do discurso de posse:
“O que pretendo enfatizar aqui é a necessidade de uma prática transformadora na política brasileira, que vá além, muito além, de discursos. Não basta que se reconheça a necessidade do bem. É preciso praticá-lo. Não basta anunciar futuro glorioso para o povo brasileiro. É preciso construí-lo. Não basta que manifestemos reiteradamente nossos votos de uma vida melhor. É preciso mobilizar instrumentos e técnica para que ela seja realidade.
Por que gaullista? Eu realmente acho que o Serra é um tipo de político que pode seguir essa linha do General de Gaulle. É notório que ele varreu o Quercismo deste Estado, quercismo este que assombrou o governo Alckmin. Não é só um conservador, não é um político de direita no estilo do ex-governador Alckmin, dos seus aliados petebistas. Também não é, e nunca vai ser, uma peça chave que possa polarizar com o presidente Lula, mas é um político democrático e obediente a lei (ok, nunca procurei direito o que foi o tal do golpe da V República que de Gaulle produziu, mas a V República é bem mais República que a nossa República)
Há muito tempo atrás (nos tempos que eu lia a Barsa), li que o espectro político da direita se reúne em torno de quatro princípios: autoridade, propriedade, comunidade e hierarquia. Dependendo da ênfase em um destes quatro pilares, você teria uma corrente de pensamento.
Vejo no discurso do Serra os quatro pilares, mas esta autoridade e hierarquia estão de tal maneira inspirada numa ética pública que me causa uma certa comoção. Enquanto a nossa direita tradicional é de um discurso totalmente paternalista e patrimonialista. O discurso serrista atualiza certos valores comunitários, o que o faz um político sui generis. Dentro de um discurso da ordem (ordem não como suporte do status quo e sim como uma situação de não convulsão social); acredito que proponha uma construção democrática e plural do Estado, mantendo um Estado forte, com um papel ético definido.
Segue um trecho do discurso de posse:
“O que pretendo enfatizar aqui é a necessidade de uma prática transformadora na política brasileira, que vá além, muito além, de discursos. Não basta que se reconheça a necessidade do bem. É preciso praticá-lo. Não basta anunciar futuro glorioso para o povo brasileiro. É preciso construí-lo. Não basta que manifestemos reiteradamente nossos votos de uma vida melhor. É preciso mobilizar instrumentos e técnica para que ela seja realidade.
Em termos de poder público, aquela prática exige, antes de mais nada, que o Estado seja controlado por ele próprio, que o aparato governamental funcione como um todo coerente, do ponto de vista moral, da eficiência e dos objetivos perseguidos, que aja em em função do interesse público. Nada mais distante disso do que a banalização do mal na política brasileira, das vorazes tentativas neopatrimonialistas de privatização do Estado, que tanto tem prosperado em nosso país.
Em segundo lugar, é preciso que o Estado seja cada vez mais controlado pela sociedade, que esta possa se defender de seus abusos e nele possa influir alterando o rumos das ações públicas, na perspectiva da contínua democratização. E os governos, eu penso, têm de estar empenhados em contar uma parte da história do futuro, antecipando-se ao erro, cercando suas possibilidades, agindo com planejamento, abrindo o caminho e sinalizando a direção a seguir”.
É um discurso conservador, defendendo um Estado técnico, com a sociedade dando as direções a um Estado tecnicamente capaz de dar este rumo, que assume seu lado comunitário, baseado na hierarquia das instituições, na autoridade do Estado que é submisso a sociedade.
No entanto, se isso é desejável, se torna um convite a burocratização já que nem sempre o técnico (que por ser técnico se torna uma verdade quase absoluta, pelo menos como discurso) é o desejado pela população. Ainda mais um população conflitante, conflitante até na extensão da democracia. Neste instante, um modelo destes talvez seja presa fácil ao populismo-patrimonialismo-patriarcalismo seja ele da direita (focado na ordem), seja ele na esquerda (focado numa fraternidade e igualdade, pseuda ou não).
A sociedade civil não sendo um todo, pode não ser representada nesta democratização do Estado proposta, e o pior, com fraturas cada vez maior pode pôr em risco a governabilidade.
Destaco o texto abaixo, o trecho do discurso do governador a este respeito:
“Temos presente que a governabilidade é tarefa de quem obteve nas urnas o mandato para governar. Não me passa pela cabeça, por exemplo, transferir para a oposição o dever de assegurar a governabilidade do estado que me elegeu. Quem é altivo na derrota não se sujeita. Quem é humilde na vitória não exige sujeição. É assim que se faz uma República”.
Hoje eu vejo que o Estado de Serra está em um impasse que envolve estudantes atrás de uma barricada numa reitoria, que não reconhecem nas urnas uma derrota e são realmente altivos. A humildade das urnas não foi capaz de causar o respeito a todas as ações, e a sociedade reagiu de uma maneira não muito ordenada.
Não questiono a autoridade do governador. Eu até extrapolo e acho que o governador tocou num ponto interessante da autonomia universitária. É uma instituição que consome 10% dos impostos de todo Estado e se autogoverna, sem a interferência dos cidadãos que a bancam. É para o cidadão (não duvido do seu papel), mas não é submetida ao cidadão. A universidade e a população em geral andam em caminhos diferentes com alguns poucos pontos de contato, de tal forma que ninguém vai sair as ruas para defendê-la, nem tampouco para apoiar o governador.
E como se desata este nó? Talvez perdeu-se uma grande possibilidade de democratizar esta questão e envolver todos os cidadãos do Estado. Afinal, é louvável o nível e a autonomia das três universidades públicas paulistas, e a questão da transparência aumentaria ainda mais o seu lado público.
Estou achando interessantíssimo o desenrolar desta história, acho que ela pode abrir um bom debate.
A foto
Esta foto foi o maior erro político que um democrata poderia fazer. Está reproduzida em cartazes nas manifestações dos estudantes e servidores que o acusam de autoritário.
A imprensa
Como a imprensa é anti-greve!
Parágrafos
Os parágrafos desta merda se autogovernam! Não me obedecem!
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